Vamos discutir, nesta série de artigos, intitulados “As Festas do Senhor e as colheitas de almas”, as principais colheitas agrícolas narradas no Antigo Testamento, relacionadas às Festas do Senhor, e a correlação desses dois temas com o plano de “colheita de almas” que Deus fará. O plano d’Ele não é colher produtos agrícolas, mas trazer pessoas para a Sua presença. As colheitas são tipos e figuras de mensagens que estão simbolizadas na Bíblia. O entendimento dessa correlação e das regras das colheitas agrícolas em Israel, no Antigo Testamento, são fundamentais para a compreensão de assuntos proféticos. Sem esse conhecimento, fica bastante difícil colocar em perspectiva toda a série de eventos que acontecerão antes da volta de Cristo, momento em que Ele terá reunido todos os Seus salvos.
O conhecimento sobre esse assunto também ajudará muito para que você consiga visualizar os diversos grupos com os quais Deus tratará. Normalmente, pensamos em nós mesmos, em situações como: “quando será o arrebatamento?”, pensando na própria situação. Isto é compreensível, porém é bem mais interessante vermos um quadro muito maior.
As principais colheitas em Israel, narradas no Antigo Testamento (e que estão relacionadas a metáforas da colheita de almas a ser feita por Deus), eram as seguintes:
- a cevada (grão)
- o trigo (grão)
- as azeitonas e outras frutas (frutos)
- as uvas (frutos)
No início da primavera (no hemisfério norte), a semeadura do campo era feita e, por volta da época da Páscoa, uma parte da plantação de cevada já apresentava os primeiros grãos já maduros, chamados de “primícias”. Essas primícias eram oferecidas, pelo sacerdote, a Deus, no dia 16 do primeiro mês hebreu (Nisan ou Abib), que foi o mesmo dia em que Jesus ressuscitou. A dedicação das primícias ao Senhor era a garantia de que toda a colheita principal, em fase de amadurecimento, seria abençoada. Algumas semanas depois, o restante da plantação da cevada amadurecia e, então, a sega, ou “colheita principal” era realizada.
Note que, de acordo com a Lei mosaica, no Antigo Testamento, além de dedicar as primícias a Deus logo que os primeiros grãos amadurecessem, não era permitido que o dono da plantação (ou os segadores / ceifadores que trabalhassem para ele) coletassem nada que fosse colhido mas que viesse a, eventualmente, cair no chão. Se isso acontecesse, o segador não deveria se abaixar para coletar o que caiu, mas deixar no campo (ou nas árvores, no caso das frutas), pois serviria para a alimentação dos pobres e destituídos (Deuteronômio 24:10-21, Levítico 19:9-10). O dono do campo não poderia coletar essas sobras, somente terceiros poderiam fazê-lo (pobres, viúvas, estrangeiros e necessitados em geral).
Vemos, então, que a colheita tinha três fases:
- a primeira parte que amadurecia e era dedicada a Deus (as primícias, ou os primeiros frutos) e a Ele pertencia;
- a parte principal da colheita, que viria a amadurecer pouco tempo depois;
- a sobra da colheita, que estaria disponível para ser coletada, no campo (após a colheita principal), pelos pobres e estrangeiros em necessidade.
Essa regra não se aplicava apenas à colheita da cevada. Era, também, aplicada a todas as outras plantações: trigo, azeitonas e outras frutas.
Portanto, se no Antigo Testamento há um destaque às colheitas da cevada, do trigo, das azeitonas e outras frutas (e, posteriormente, também das uvas), vemos três colheitas e, cada uma, com três etapas, o que totaliza 9 (nove) diferentes momentos, a saber:
- as primícias da cevada,
- a colheita principal da cevada,
- a coleta das sobras da cevada,
- as primícias do trigo,
- a colheita principal do trigo,
- a coleta das sobras do trigo,
- as primícias das azeitonas,
- a colheita principal das azeitonas,
- a coleta das sobras das azeitonas.

Nas Festas do Senhor, que são sete, vemos que os homens de Israel deveriam “aparecer diante do Senhor” em três delas, a saber: a Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos. Essas são as chamadas Festas de Peregrinação, pois os judeus deveriam comparecer ao Templo, Jerusalém, nessas três ocasiões (“aparecer diante do Senhor”). As outras Festas não exigiam a presença em Jerusalém e não eram relacionadas às colheitas.
Embora cada uma dessas festas também tenha outros significados a elas associados, que não cabe nesta postagem detalhar, era na semana da Páscoa (na primavera), que as primícias da cevada eram dedicadas a Deus. Em Pentecostes (ou Shavuot, em hebraico) era o momento da dedicação das primícias do trigo (no verão). E Tabernáculos, ou Festa das Cabanas (“Sucot”) era o momento da dedicação da término de todas as colheitas, incluindo as frutas, o que acontecia no outono (obs.: todas as estações do ano aqui apontadas referem-se ao hemisfério norte).
As Festas do Senhor (que muitos chamam, indevidamente, de “Festas judaicas”) são sombras e figuras do plano de Deus sobre a “colheita” de pessoas, assim como as diferentes colheitas agrícolas na Bíblia também são sombras e figuras dos diferentes grupos de crentes redimidos que Deus trará à Sua presença, ou seja, que aparecerão diante d’Ele.
O que pretendemos, nesta postagem, é mostrar como cada uma dessas festas se relaciona aos momentos em que aconteceram / acontecerão ‘aparições’ de determinados grupos de pessoas, diante de Deus, no Céu, mediante dedicações, ressurreições ou “transferências” (arrebatamentos ou outro tipo de transferência). Isso é essencial para o entendimento do plano de Deus, e de possíveis datas proféticas.
As pessoas que fazem parte do grupo chamado “primícias”, seja de que colheita for (cevada, trigo, azeitona ou outras frutas) pertencem a Deus de uma maneira única e especial. Ele pode usá-las da maneira que melhor Lhe aprouver. Elas também são a garantia de uma colheita muito maior futura. As pessoas ofereciam as primícias a Deus, na fé de que toda a colheita seria grande e abençoada. Não significa que os que pertencem ao grupo de primícias necessariamente chegarão ao céu por meio de um arrebatamento. O que os caracteriza é que são cerimonialmente dedicados a Deus no dia das Primícias referentes ao seu grupo. Em todos os casos (dos grupos identificados como as primícias), percebemos um denominador comum:
- Há uma ação muito forte e perceptível do Espírito Santo em todos desse grupo;
- Todos são descendentes de israelitas;
- Essas pessoas são enviadas por Deus para um ministério muito especial, um grandioso desafio missionário.
As pessoas que fazem parte do grupo chamado as “Sobras” não podem ser colhidas pelo dono do “campo”, mas por terceiros. Então, se há um arrebatamento do grupo chamado “colheita principal” em determinado momento, as sobras precisam ser deixadas no campo (a Terra). Elas chegarão ao Céu posteriormente através da morte, seja natural, acidental ou porque foram martirizadas (porque outros terão que fazer a coleta das sobras, não o dono do campo).
Vejamos, então, nas postagens a seguir, cada uma das colheitas, e cada uma das três partes que as compõem.
Próxima postagem na sequência: Parte 2 – a colheita da Cevada.
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