As Festas do Senhor e as colheitas de almas, parte 2: a cevada

Na postagem anterior, fizemos uma introdução sobre o assunto das Festas do Senhor, as colheitas agrícolas em Israel, no Antigo Testamento, e a correlação com a colheita de almas que Deus pretende trazer à Sua presença, para cumprir os Seus propósitos. A leitura da parte anterior é de grande importância para a adequada compreensão deste artigo e dos seguintes.

Vamos, então, examinar a colheita da cevada.

Cevada

A colheita do grupo metaforicamente conhecido como “cevada”, refere-se ao passado e não há mais ninguém vivo na Terra, no presente momento, que pertença a esse grupo. Jesus foi crucificado no dia 14 de Nisan e ressuscitou (dentro da semana da Páscoa) no dia das Primícias (da cevada). No dia em que Ele ressuscitou, o sacerdote, no Templo, elevava as mãos ao céu, movendo um feixe de cevada, e dedicava esse feixe ao Senhor.

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O interessante sobre a cevada é que este cereal tem uma casca mais macia, de remoção relativamente fácil, bastando expor ao vento, que separa a casca do grão, de forma que a casca é levada com o vento e o grão cai no chão, com a gravidade. É praticamente um grão que não tem uma casca dura e presa como é o caso do trigo, que requer um esforço bem maior para a sua retirada.

O ponto, aqui, é que a casca, no caso da cevada, representaria, metaforicamente, o corpo. Como a cevada nem sempre tem casca, e se a tem, é muito fácil de ser separada do núcleo do grão, a colheita da cevada simboliza o resgate das almas das pessoas crentes falecidas até aquele momento, no dia em que Jesus ressuscitou. Portanto a cevada representa os crentes que não tinham mais um corpo, que estavam no Hades/Sheól.

Jesus foi as primícias da cevada. Ele morreu na Páscoa, e o verso de 1 Pedro 3:18 diz que Cristo “foi morto,  na carne, mas vivificado no espírito”.

“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água, a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades, e poderes.” 1 Pedro 3:18-22

Ele é as primícias dos que dormem.

Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. “ 1 Coríntios 15:20-22

Antes de ter a sua ressurreição corporal, física, Cristo foi vivificado no espírito, e foi no espírito que Ele desceu ao Sheól (ou Hades), para buscar as almas de todos os crentes falecidos que lá estavam. Até então, esses crentes não podiam ir para o céu, porque Cristo ainda não havia morrido e ressuscitado e, por isso, o acesso ainda não era possível. A partir de então, esses crentes foram transferidos para o céu (uma espécie de “arrebatamento” de almas sem corpos). Todo salvo, a partir de então, passou a ter acesso direto ao céu, no momento em que vem a falecer. O Sheól então ficou vazio? Não. As almas dos descrentes ficam no Hades/Sheól e continuam indo para lá, quando morrem. Se vão para a parte ‘boa’ ou para a parte ‘ruim’, depende das obras da pessoa. As almas dos descrentes falecidos continuarão no Sheól/Hades (tanto na parte ‘boa’ quanto na parte ‘ruim’, conforme o caso) até o fim do Milênio (reino milenar de Cristo), quando haverá a ressurreição geral dos mortos (os que não foram ressuscitados até a data da 2ª Vinda de Cristo) e todos eles serão julgados no evento conhecido como o Julgamento do Grande Trono Branco (o Juízo Final), com toda a justiça, cada um conforme as suas obras. Esse julgamento também incluirá os seres humanos que morrerem durante o Milênio. No dia do Juízo Final, o destino dessas pessoas dependerá se nome delas está no Livro da Vida ou não. O descrente cujo nome estiver no Livro da  Vida, habitará na Nova Terra. Já o que não tiver o nome no Livro da Vida, será lançado no Lago de Fogo, para sempre.

Você pode estar perguntando: mas como os santos do Antigo Testamento podiam ser “crentes”, se Jesus nem havia nascido? A resposta é: eles confiavam no Messias que viria para Israel (traduzido como ‘o Cristo’), os seus sacrifícios de um cordeiro imaculado, todas as Páscoas, representavam um tipo e figura do Cordeiro de Deus que viria depois: Jesus. Eles estavam no lado “anterior” à Cruz e eram pessoas de fé. Nós estamos no lado “posterior” à Cruz. Todos os crentes dirigem o seu foco, através da fé, para o mesmo ponto no tempo: o sacrifício de Cristo. Eles não viram; eles creram por fé, e essa confiança no Cordeiro que Deus proveria, lhes foi imputada como justiça. Nós também não vimos, e cremos por fé. Sendo que temos os relatos das escrituras, narrando todos os fatos que aconteceram no passado. Eles tinham as profecias e creram. Portanto, eles eram crentes como nós.

Na passagem do Novo Testamento, em Hebreus 11, narrada como o “hall da fama das pessoas de fé” — um trecho lindíssimo da Bíblia —, veja como Moisés (um crente do Antigo Testamento) é retratado:

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.
Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.
Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.
Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala.
Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus.
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé.
Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia.
Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. [Hebreus 11:1-10]
(…)
“Pela fé, Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, porque viram que a criança era formosa; também não ficaram amedrontados pelo decreto do rei.
Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.
Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.
Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas.
Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o os egípcios, foram tragados de todo.
Pela fé, ruíram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias (…)“. Hebreus 11:23-30

Veja que a parte que fala de Moisés (um santo do Antigo Testamento, muito tempo antes de Jesus nascer), menciona que Moisés fez coisas pela fé em Cristo, que ele nem viu. Então, sim: os santos do Antigo Testamento que criam na Palavra de Deus e na redenção de um futuro Messias (o Cristo), eram crentes, eles morreram em Cristo.

Então, a “colheita principal” da “cevada” foi formada por todas as almas dos santos que Cristo foi buscar no Hades (Sheól), sobre os quais lemos em Efésios 4:8, que diz:

“Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.
Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?
Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas.” Efésios 4:8-10

É importante observar, ainda, que somente Cristo ganhou o Seu corpo ressuscitado, glorificado, e assim será até o dia da ressurreição conjunta dos grupos da “cevada” e do “trigo”, e o subsequente arrebatamento dos crentes vivos do grupo do “trigo”. Nenhum humano no Céu, além de Cristo, até o momento (antes da ressurreição dos mortos em Cristo e do dia do arrebatamento), tem um corpo ressuscitado e glorificado. São almas com identidade, mas ainda sem os corpos ressuscitados, pois isto só acontecerá quando os crentes do grupo que veio após a ressurreição de Cristo também for ressuscitado. A passagem que fundamenta isso é:

“Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.” Hebreus 11:39,40

E as sobras da colheita da cevada, quem seriam? Cristo iria deixar no Sheól as almas que precisassem ser deixadas “no campo”? Não! Ele as ressuscitou nos corpos naturais que elas tiveram, e as deixou na Terra. Em Mateus 27:52-53, vemos uma passagem muito interessante, relatando que “abriam-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos”. Tudo leva a crer que esse grupo equivaleu ao grupo das “sobras” da colheita da cevada. Cristo os ressuscitou em corpos naturais, mortais, e deixou-os na Terra, e eles deram o seu testemunho e vieram a morrer mais tarde (como aconteceu com Lázaro). Muito provavelmente, eram pessoas que eram conhecidas na cidade e que haviam morrido muito recentemente. Devem ter impressionado a todos com os seus testemunhos sobre o que acontecem no Sheól.

Sim, a Bíblia diz que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hebreus 9:27), mas esta é a regra geral. Contudo, Deus permitiu determinadas exceções, como os casos descritos nesta passagem, o caso de Lázaro e da filha de Jairo. Eles morreram na primeira vez, foram ressuscitados pelo poder de Cristo para uma determinada finalidade, voltaram a viver com a mesma identidade que tinham antes, em seus mesmos corpos humanos regenerados, e depois, mais tarde, em algum momento, morreram de novo e aguardam a ressurreição dos santos e a glorificação dos seus corpos para uma natureza nova, imortal, prometida aos crentes em Cristo. Esses casos foram exceções à regra.

O Sheol (ou Hades), a partir do resgate que Cristo fez, passou a ser somente o lugar dos mortos descrentes, onde eles ficarão até o final do Milênio em que Cristo vai reinar na Terra. As almas dos crentes que vieram a falecer, a partir da ressurreição de Cristo, passaram a ir diretamente para o céu, não ficam mais temporariamente no Sheol. Antes da morte e ressurreição de Cristo, ainda não havia paz entre Deus e os homens. Somente depois, é que o véu do Templo foi sobrenaturalmente rasgado do alto a baixo, significando que o acesso à presença de Deus havia se tornado possível com o sacrifício de Cristo. Mais sobre isso, neste artigo.

véu rasgado

Em síntese, o cumprimento profético das três partes da colheita da cevada, que é equivalente aos crentes falecidos até a data em que Cristo ressuscitou, são:

  1. as primícias: Jesus Cristo;
  2. a colheita principal: as almas do imenso número de crentes falecidos, do Antigo Testamento até o dia da ressurreição de Cristo, que estavam temporariamente no Sheol (ou Hades, o lugar dos mortos), e que Cristo levou com Ele para o céu;
  3. as sobras: os mortos que ressuscitaram em seus corpos naturais, descritos em Mateus 27:52-53, e que vieram a morrer depois, chegando ao céu após as suas mortes. O dono do campo não pode coletar as sobras. Somente outros podiam coletar.

Examinada a colheita da cevada, vemos que não há mais, como pessoa viva na Terra, nenhum remanescente do grupo representado por esse grão (a cevada). A colheita da cevada já foi totalmente concluída (a totalidade deste grupo já está no céu), faltando apenas a ressurreição e glorificação dos corpos dos santos do grupo da ‘cevada’ (com exceção de Cristo, o único que já tem o Seu corpo ressuscitado e glorificado) e do grupo do ‘trigo’.

Próxima postagem na sequência: Parte 3 – a colheita do trigo e a festa de Pentecostes.

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One Comment

  1. Esta Festa aponta para o reinado milenar de Jesus. E a mais importante Festa profetica para a Igreja. Assim como a Festa dos Paes Azimos, esta festa dura toda uma semana, que significa um periodo de tempo completo – um periodo milenar. O governo do Messias sobre as nacoes da Terra.

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