As Festas do Senhor e as colheitas de almas, parte 6: conclusão

As Festas do Senhor (em hebraico, algo pronunciado “moedim”, que, literalmente, significa encontros marcados de Deus com o Seu povo) são descritas no Antigo Testamento (em Levítico 23: 2; 4, Números 15: 3 e outras passagens). Expressam um dia ou um período de alegria religiosa em que Deus convoca o Seu povo. Algumas destas festas estão relacionadas a colheitas, sendo que três delas são consideradas “festas de peregrinação”, uma vez que Deus determinava que o povo de Israel “aparecesse diante d’Ele”, indo ao Templo, em Jerusalém. Estas três festas de peregrinação são a Páscoa (Pessach), Pentecostes (Shavuot) e Tabernáculos (Sucot). A primeira e a última desta série de festas (Páscoa e Tabernáculos) têm duração de uma semana (Páscoa: 15 a 22 de Nisan; Tabernáculos: 15 a 22 de Tishri). Na semana da Páscoa, a festa das Primícias da colheita da cevada é comemorada no 16º dia do 1º mês do calendário hebreu (‘Nisan’ ou ‘Abib’), mesmo dia em que Cristo ressuscitou.

Nas partes 1 a 4 desta série de artigos, falamos, particularmente, da correlação entre as colheitas da cevada, do trigo e das azeitonas e outras frutas, com as três festas de peregrinação, a saber:

  • os primeiros frutos (ou primícias) da cevada durante a semana da Páscoa, na Festa das Primícias;
  • os primeiros frutos do trigo na Festa de Pentecostes (Shavuot); e
  • a celebração do término da colheita do ano inteiro, incluindo as azeitonas e outras frutas, na Festa de Tabernáculos (Sucot).
As-Festas-Judaicas-no-Tempo-de-Jesus

Todas essas festas também têm outros significados literais e metafóricos, que não se limitam à associação com as colheitas.  Nesta série de artigos, porém, a nossa intenção foi focar na comparação com as colheitas que Deus trará para a Sua presença. Com exceção do caso das uvas, que se trata de um caso particular, todas as demais colheitas podem ser associadas aos seres humanos crentes e justificados, que Deus colherá para o Seu celeiro e para Si.

Vimos, ainda, que todas as colheitas possuem três fases:

  • a dedicação a Deus dos primeiros frutos (ou primícias) que já haviam amadurecido naquela respectiva plantação, a saber: as primícias da plantação da cevada exatamente no dia das Primícias durante a Páscoa, as primícias da plantação do trigo exatamente na festa de Pentecostes (na forma da oferta de dois pães levedados, processados e assados). No caso da azeitona e outras frutas, a Bíblia não especifica quando as primícias são ofertadas;
  • a colheita principal, que corresponde à ceifa da vasta maioria da respectiva plantação;
  • a coleta das sobras que caíam no chão no momento da colheita principal, que corresponde a uma parte bem menor da colheita. Os segadores que trabalhavam para o dono do campo não podiam coletar essas sobras, que deveriam ser deixadas no solo para que fossem coletadas pelos pobres, viúvas e estrangeiros, como uma forma de socorro aos desfavorecidos.

Em nossos estudos, fizemos associação de cada uma das três etapas, em cada uma das principais colheitas mencionadas (cevada, trigo, azeitonas e outros frutos) aos grupos de crentes em Cristo, desde o Antigo Testamento (cujo sangue de animais por eles sacrificados e oferecidos a Deus representava a fé em um salvador que expiaria os seus pecados), até a data da 2ª Vinda visível e gloriosa de Cristo. É a colheita de almas que Deus faz, em Seu plano que precede o início do Reino Milenar de Cristo, na Terra.

eira araúna

Como curiosidade, você sabia que o primeiro e o segundo Templo, em Israel, foram construídos, segundo as instruções de Deus, justamente em uma eira, ou seja, um local em que cereais eram debulhados? Isto mostra, de uma maneira alegórica e profética, a importância das colheitas dos santos para Deus. As passagens falando da compra desse local (a eira de Araúna, o jebuseu) por Davi estão em 2 Samuel 24:15-16 e 18-25.

Retomando o que falávamos sobre as colheitas que simbolizam os grupos de crentes, desde o Antigo Testamento até a data 2ª Vinda, essas correspondências são:

  • os crentes falecidos do Antigo Testamento, até a data em que Jesus foi crucificado e em seguida vivificado no espírito e ressuscitado fisicamente, correspondem à colheita da cevada. Essas pessoas foram transferidas do Hades/Sheol para o céu, levadas pelo próprio Cristo. Como véu do templo havia sido rasgado pela morte sacrificial de Cristo, os crentes passaram a ter acesso ao céu, ao morrerem. Por isso, os crentes que estavam no Hades já poderiam ser levadas para o céu, para aguardarem o dia da ressurreição de seus corpos;
  • os crentes que estavam vivos desde o dia da ressurreição de Jesus, até antes do momento em que os 144.000 (“144k”) de Israel são selados (o que ocorre pouco antes da abertura do 1º Selo de Apocalipse), correspondem à colheita do trigo (sendo óbvio que imensa parte dessas pessoas já faleceu e já foram diretamente para o céu, ao longo dos últimos 2.000 anos);
  • os 144k de Israel e todas as pessoas que vierem a crer a partir do momento em que eles são selados, correspondem à colheita das frutas, sendo que os 144k correspondem, especificamente, às primícias da colheita das azeitonas, e todos os demais gentios que vierem a crer e que não aceitarem a marca da Besta, às demais frutas (que representam os gentios recém convertidos, presentes na época da tribulação).

Falamos, também, do significado alegórico, em particular, da colheita das uvas, que é metaforicamente referenciada, no livro de Apocalipse, como a ‘colheita’ dos seres perversos que estiverem vivos, à época da 2ª Vinda de Cristo, na batalha do Armageddon: a Besta/Anticristo, o Falso Profeta, o numeroso exército que os apoia e todos os que aceitarem a marca da Besta, e Satanás.

A reunião de pessoas nessas datas específicas são sombras e figuras de eventos proféticos que iriam acontecer no futuro. Por exemplo, a ressurreição de Jesus exatamente na Festa das Primícias (em que as primícias da cevada plantada no início da primavera eram dedicados a Deus, como garantia de toda a colheita), a descida do Espírito Santo sobre os 120 discípulos na Festa de Pentecostes (em que as primícias do trigo eram dedicadas a Deus), e a Festa de Tabernáculos (em que as azeitonas e outras frutas eram dedicadas a Deus), em que, muito provavelmente, serão selados os 144.000 israelitas, de todas as tribos de Israel, espalhados pelo mundo, passando a ter um ministério semelhante ao que os apóstolos do primeiro século tiveram.

Nessas festas (especialmente nas Primícias durante a semana da Páscoa e em Pentecostes)  eram dedicados / consagrados a Deus somente os primeiros frutos, ou seja, as primícias, da respectiva colheita. Não era, ainda, o momento da colheita principal, que aconteceria alguns dias ou semanas depois, conforme o tipo de cultivo. Portanto, o grupo de pessoas que corresponde à etapa das primícias, em cada uma das plantações, é simplesmente dedicado naquele momento, e Deus autentica a Sua aceitação dessa oferta, enviando sinais grandiosos e sobrenaturais. Cristo é as primícias da colheita metafórica da “cevada” (colheita geral esta composta somente por Jesus e pelos crentes que já haviam falecido até o dia da ressurreição) e Ele (as primícias dos que dormem) ressuscitou, primeiro em espírito, depois fisicamente, justamente na Festa das Primícias. Os 120 discípulos foram preparados por Jesus durante o Seu ministério na Terra, e dedicados / consagrados a Deus na Festa de Pentecostes, e Deus autenticou a Sua aceitação desta oferta enviando o Espírito Santo, com línguas de fogo sobre a cabeça dos discípulos, um vento muito forte e a habilidade de eles sobrenaturalmente falarem em línguas estrangeiras, de forma que todos os estrangeiros que estavam presentes ali entendessem tudo o que estava sendo dito.  Portanto, os 120 discípulos que estavam na sala do Cenáculo em Pentecostes, foram as primícias da colheita do “trigo”, e estavam sendo apresentados diante de Deus, muito embora ainda estivessem na Terra, pois eram enviados para uma missão. O “bastão” do ministério de Cristo passou a ficar por conta deles.

Vimos, ainda, que o que caracteriza o grupo das Primícias, é que todos são dedicados e consagrados a Deus em um evento que tem sinais sobrenaturais e que, logo em seguida, os integrantes desse grupo são enviados para um trabalho missionário de grande envergadura, empoderados pelo Espírito Santo de uma maneira distinta. Nas outras etapas das colheitas, evidentemente, pode haver pessoas que fazem respeitáveis trabalhos missionários, mas isso não significa que elas sejam do grupo das “primícias”, que só acontece no início da formação do próprio grupo. É Cristo que apresenta o respectivo grupo ao Pai, e o Espírito Santo empodera esse grupo inicial, que é enviado para uma missão. Quanto à forma de chegar ao céu, não há uma forma específica (não é necessariamente um arrebatamento e pode até ser um martírio).

A colheita principal é um grupo de pessoas que será colhida por Deus, e apresentada no céu a Ele, da seguinte maneira:

  • no caso dos integrantes do grupo da “cevada“, cuja totalidade era de crentes falecidos: mediante a transferência deles, do “lugar dos mortos” (conhecida como Sheól ou Hades) em que os crentes do Antigo Testamento ficavam, em um compartimento separado dos ímpios, onde Cristo foi resgatá-los após ser vivificado no espírito, para o céu. Esses santos ainda não receberam os seus corpos ressuscitados. Isso acontecerá no mesmo dia da ressurreição do grupo dos crentes falecidos da colheita do “trigo”. Cabe observar que, a partir da remoção das almas dos crentes falecidos do compartimento ‘bom’ do Sheól/Hades, este compartimento ‘bom’ só passou a receber as almas das pessoas descrentes falecidas que tinham bom coração, enquanto os iníquios vão para o compartimento ‘ruim’ do Hades. Após a ressurreição de Cristo, os crentes que vieram a falecer passaram a ir diretamente para o céu, aguardando apenas o dia da ressurreição de seus corpos.
  • no caso dos integrantes que estiverem vivos dos grupos do “trigo” e das “azeitonas e outras frutas“: mediante arrebatamento (sendo que aqueles que já morreram já se encontram no céu), faltando apenas a ressurreição e glorificação dos seus corpos.

O grupo das pessoas vivas conhecido como as sobras, em cada uma das colheitas, não é levado no mesmo grupo dos crentes vivos que serão colhidos por Deus mediante arrebatamento de seu respectivo grupo. Esses são “deixados no campo” e coletados por terceiros, ou seja, muitos morrerão de maneira natural, acidental, ou, em grande parte dos casos, no caso da tribulação, por martírio. Após morrerem, essas pessoas também ganharão corpos ressuscitados, mediante outros momentos de ressurreição que Deus realizará depois da primeira “leva” de ressurreição que acontecerá antes da abertura do 1º Selo.

A última ressurreição de crentes acontecerá na altura da 7ª Trombeta, logo depois da 2ª Vinda visível e gloriosa de Cristo. Cristo voltará em um Dia da Expiação e 7ª Trombeta será na Festa dos Tabernáculos, que acontece 5 dias depois do Dia da Expiação. A “colheita” dos crentes terá sido encerrada, tendo incluído diferentes tipos de “plantas” (cevada, trigo, azeitonas, outras frutas) e, em cada um desses cultivos, diferentes etapas (primícias, colheita principal e coleta das sobras).

Apresentamos, a seguir, um resumo das diferentes colheitas e de suas fases:

ColheitaPrimíciasColheita PrincipalSobras
CevadaJesus Cristo, ‘as primícias dos que dormem’. Ele foi vivificado no Espírito antes da ressurreição do Seu corpo. Jesus é o único, no céu, que tem um corpo ressuscitado e glorificado.As almas das pessoas de fé, falecidas, desde o Antigo Testamento até o dia da ressurreição de Cristo, que estavam no Sheol (ou Hades, o lugar dos mortos), que Cristo buscou e levou para o céu. Dali em diante, somente descrentes estão no Sheol (seja no ‘bom’ ou no ‘mau’ compartimento). Ao falecerem, os crentes não vão mais para o Sheol, mas diretamente para o céu.Alguns crentes falecidos que foram ressuscitados para os seus corpos naturais (como Lázaro), conforme relatado em Mateus 27:52,53. Eles provavelmente foram pessoas de fé que tinham recentemente morrido, na época da crucificação de Jesus. Depois, eles morreram e foram para o céu após suas mortes, não para o Sheol.
TrigoOs 120 discípulos que receberam o Espírito Santo no dia de Pentecostes, no ano em que Cristo ressuscitou. Dentre eles estavam os apóstolos.Crentes judeus e gentios desde o dia que Cristo ressuscitou. Os que faleceram serão ressuscitados (no céu) no mesmo dia que os crentes do tempo de hoje terão os seus corpos transformados (na Terra), de mortal para imortal. Alguns dias depois, os crentes transformados serão arrebatados. Esse evento será logo antes da abertura do 1º Selo de Apocalipse.Os mártires da Prostituta (‘mártires do 5º Selo’), conforme descrito em Ap. 6:11 e 7:9-14 (‘santos da tribulação’). Esse grupo parece ser composto, em sua maior parte, por crentes gentios. Eles receberão corpos ressuscitados assim que chegarem ao céu, após morrerem por martírio. Isso será poucos antes do início do reino do Anticristo.
Azeitonas e outras frutasOs ‘144.000 de Israel’ que serão selados com o Espírito Santo. O ‘bastão’ do ministério cristão será passado dos crentes do tempo de hoje para eles, logo antes da abertura do 1º Selo de Apocalipse, quando a ‘colheita principal’ do grupo do ‘trigo’ vai para o céu no 1º arrebatamento. Aqueles que permanecerem fiéis serão levados para o céu no 2º arrebatamento, que ocorrerá logo antes do início do reino da Besta. Os ‘144k’ serão os ‘novos apóstolos’ na Terra. O ministério deles será relativamente curto, porém em um período altamente desafiante.Crentes judeus e gentios que se passam a crer depois que os cristãos do tempo presente são levados ao céu no 1º arrebatamento. A ‘colheita principal’ das ‘azeitonas e outras frutas’ estará na Terra durante a Grande Tribulação e não deverá aceitar a marca da Besta nem adorar a Besta nem a sua imagem. Aqueles que conseguirem sobreviver durante a Grande Tribulação, como crentes fiéis, serão removidos da Terra em um último arrebatamento (o 3º), instantes antes do início do ‘Dia do Senhor’, que é o dia que a ira de Deus começará a ser derramada na Terra. Este será o arrebatamento ‘como um ladrão na noite’, sobre qual ‘ninguém sabe o dia e a hora’. Os mártires que serão decapitados pela Besta, conforme Apocalipse 20. Eles serão ressuscitados na altura da 7ª Trombeta, que será alguns dias após a 2ª Vinda de Cristo.
UvasA Besta (Anticristo) e o Falso Profeta, que serão lançados vivos no Lago de Fogo, no dia da Batalha do Armagedom.O exército que se alinhará com a Besta e o Falso Profeta na Batalha do Armagedom, no dia da 2ª Vinda de Cristo.Satanás, o qual, durante o reino Milenar de Cristo, será preso no Poço do Abismo e não conseguirá exercer nenhuma influência. No fim do Reino Milenar, Satanás será solto do Poço por um curto período. Ele arrimentará pessoas que o apoiarão e, logo após isso, será derrotado e lançado no Lago de Fogo.

Ao fim do Reino Milenar de Cristo, quando Satanás for solto por um breve período e for derrotado e lançado no Lago de Fogo, haverá a ressurreição geral dos mortos (a “2ª ressurreição”) e todos os descrentes ressuscitados, juntamente com todas as pessoas que habitaram o Reino Milenar, serão julgados no julgamento do Grande Trono Branco, conforme as suas obras. Aqueles cujos nomes for encontrado no Livro da Vida viverão na Nova terra. Aqueles cujos nomes não for encontrado no Livro da Vida serão lançados no Lago de Fogo.

Esperamos que tenha gostado desse estudo bíblico sobre a correlação entre as três Festas de peregrinação do Senhor, e as colheitas, com analogia às colheitas de pessoas, que Deus fez e fará. Deus é o Senhor das colheitas, e colhe pessoas para Si, e não vegetais. A compreensão das metáforas relacionadas às colheitas e das Festas foi o nosso objetivo.

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