A ressurreição dos mortos tem sido um princípio da fé desde antes dos dias de Jó. Várias passagens do Antigo Testamento falam desse assunto. Mesmo assim, nem todos os judeus da época de Jesus acreditavam na ressurreição: os fariseus tinham essa doutrina, mas os saduceus, não. Quando desafiado pelos saduceus com relação à ressurreição dos mortos, Jesus confirmou a eles que os mortos, um dia, seriam, de fato, ressuscitados:
“Naquele dia, aproximaram-se dele alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram: Mestre, Moisés disse: Se alguém morrer, não tendo filhos, seu irmão casará com a viúva e suscitará descendência ao falecido.
Ora, havia entre nós sete irmãos. O primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão; o mesmo sucedeu com o segundo, com o terceiro, até ao sétimo; depois de todos eles, morreu também a mulher.
Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? Porque todos a desposaram.
Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.
Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu. E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Ouvindo isto, as multidões se maravilhavam da sua doutrina.” Mateus 22:23-33
Os crentes do Antigo Testamento, antes da época de Cristo, também criam na ressurreição dos mortos. Até Jó confessou que depois que seus sofrimentos terminassem, ele veria a Deus, não através dos olhos de um espírito desencarnado, mas em seu corpo (ressuscitado):
“Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus.” Jó 19:25,26
A Transformação dos Vivos
Como vimos, a ressurreição dos mortos não era uma doutrina nova na época de Cristo e dos apóstolos. No entanto, a ideia de que os santos vivos seriam ‘transformados’ – de seus corpos mortais para novos corpos imortais e glorificados — sem passar pela morte, era algo totalmente novo. O apóstolo Paulo recebeu uma revelação do Senhor a respeito de uma geração de crentes cujos corpos seriam transformados de corpos mortais, humanos, em corpos imortais e glorificados, ‘em um abrir e fechar de olhos’. Além disso, essa transformação dos crentes vivos ocorreria ao mesmo tempo em que os mortos em Cristo fossem ressuscitados. Os mortos serão ressuscitados, seus corpos transformados de ‘corruptíveis’ para ‘incorruptíveis’ e os crentes vivos serão transformados de humanos mortais para homens e mulheres glorificados e imortais. O ‘mistério’ da glorificação sem passar pela morte foi uma revelação dada ao apóstolo Paulo por Cristo:
“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” 1 Coríntios 15:51,52
A ‘última trombeta’ a que Paulo se refere, nesta passagem em 1 Coríntios, é uma referência à ‘trombeta da vitória’ romana – a trombeta que anunciava que uma batalha militar havia acabado de ser vencida. A última trombeta para os crentes é também uma trombeta da vitória, anunciando a vitória que Cristo obteve para os crentes sobre a morte e a mortalidade:
“E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” 1 Coríntios 15:54,55?
Muitas pessoas assumem que a ‘última trombeta’ mencionada em 1 Coríntios 15:51 é a trombeta que anuncia o arrebatamento dos crentes; elas não entendem que o que Paulo está se referindo, nesta passagem, é a trombeta da vitória, o sinal de que a vitória de Cristo sobre a morte será completa no momento da glorificação dos vivos e dos mortos em Cristo. Paulo está comparando a trombeta soada pelos exércitos romanos quando vitoriosos em uma batalha, com o estampido da vitória que acompanhará os mortos ressuscitados e os vivos transformados. O som desta trombeta não tem nada a ver com o arrebatamento, nem com a sétima trombeta do Apocalipse, mas com a glorificação dos mortos em Cristo em sua ressurreição, e dos crentes vivos que serão transformados simultaneamente, quando os mortos forem ressuscitados.
Vários professores bíblicos bem-intencionados sobrepuseram o arrebatamento ao mistério da ‘glorificação sem passar pela morte’. Contudo, o conceito ao qual Paulo está realmente se referindo, nesta passagem, é a ideia de que haverá uma geração de crentes que entrará na eternidade em corpos glorificados, sem passarem pela morte. Paulo não menciona um arrebatamento nesses versículos; e, lendo a passagem em seu contexto, somos informados de que esse ‘mistério’ não é sobre o arrebatamento, mas sobre o fato da ressurreição, e que os crentes vivos serão glorificados sem terem que morrer primeiro, e que a transformação dos vivos ocorrerá ato contínuo da ressurreição dos mortos.
Será que podemos encontrar, no livro de Apocalipse, uma descrição desse evento monumental, o momento em que os mortos em Cristo são ressuscitados e os vivos são mudados? A resposta é um sonoro sim! A visão do “anjo forte” com o livrinho na mão, em Apocalipse 10, registra — de forma simbólica — a profecia da ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos. Este evento é representado para nós no típico estilo hebraico: indireto e simbólico.
“Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra, e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.
Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.
Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora, mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.” Apocalipse 10:1-7
Se fôssemos interpretar essa passagem usando o método interpretativo grego, que é lógico, racional e linear, seria bastante difícil conseguirmos ver a ressurreição dos mortos ou a glorificação dos vivos nessa passagem. Mas, ao lermos com as lentes hebraicas, interpretando Apocalipse por meio de seus símbolos e imagens, descobriremos que Deus nos deu todos os recursos necessários para decodificar essa visão. Como muitas passagens em Apocalipse, essa passagem depende muito de várias alusões ao Antigo Testamento, e essas alusões nos permitirão ‘decodificar’ o significado dos símbolos em Apocalipse 10.
O Anjo Forte
Apocalipse fala mais sobre anjos do que qualquer outro livro da Bíblia. Anjos atuam como ministros de Deus durante os últimos dias, transmitindo as Suas mensagens e realizando a Sua vontade. Os sete anjos das Trombetas anunciam as várias pragas e desgraças, e os sete anjos das Taças são responsáveis pelo derramamento da ira de Deus no mundo. Já vimos como o livro do Apocalipse foi comunicado de Cristo a João por meio de um anjo. Anjos são mediadores e portadores de mensagens, entregando várias coisas, seja esperança, seja ira, durante os últimos dias.
Nos idiomas originais da Bíblia em hebraico e grego, a palavra traduzida como ‘anjo’ em nossas Bíblias, geralmente descreve uma classe de seres espirituais ministradores. Deus tem Seus servos angélicos e Satanás também tem. Os anjos no céu louvam, cultuam e adoram a Deus, e Deus envia Seus anjos em missão à Terra para entregar mensagens, encorajar o Seu povo e executar os Seus julgamentos. Imitando os anjos de Deus, os anjos de Satanás também fazem várias coisas análogas.
Nas escrituras, a palavra ‘anjo’ também pode ser traduzida como ‘mensageiro’. Algumas passagens das escrituras, na realidade, traduzem a palavra grega ou hebraica para ‘anjo’ como ‘mensageiro’, quando fica claro que a passagem se refere a pessoas mortais que são portadoras de alguma mensagem.
Às vezes, a palavra ‘anjo’ não se refere a um mensageiro humano nem a uma determinada classe de seres espirituais. Nesses casos, a palavra ‘anjo’ refere-se às aparições de Cristo antes de ele nascer como um bebê, em Belém. Em Gênesis, o ‘Anjo do Senhor’ apareceu a Abraão e Hagar; em Êxodo, ele apareceu a Moisés. O Anjo do Senhor não era um anjo comum: ele era a segunda Pessoa do Trindade, Aquele que liderou os filhos de Israel por todo o deserto, manifestando a Sua glória na coluna de fogo e de nuvem. O Anjo do Senhor era uma teofania de Cristo – uma aparição pré-encarnada do Eterno Filho de Deus.
O Deus Todo-Poderoso governa a partir de Seu trono no céu e, apenas raramente, Ele interage com os humanos diretamente. Não é possível ao homem mortal ver a inefável glória e majestade do Todo-Poderoso e viver. Moisés viu a ‘parte de trás’ da glória de Deus quando Deus o colocou na fenda de uma rocha; e Isaías viu ‘o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono’ e declarou “Ai de mim! Estou perdido”! Por causa da natureza pecaminosa do homem, Deus envia um intermediário para realizar a Sua vontade e transmitir as Suas mensagens. Às vezes, Deus usa um anjo como intermediário e, às vezes, como nos dias do Antigo Testamento, envia o Seu Filho, que, neste caso, aparece como o Anjo do Senhor.
No último livro do Antigo Testamento, o livro de Malaquias, o Anjo do Senhor – Cristo – também é chamado de ‘o Anjo da Aliança’:
“Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos.” Malaquias 3:1
Essa profecia se refere a Cristo, que é o Mensageiro / Anjo da Aliança de Deus. Jesus foi o Anjo que veio ao povo de Deus, Israel, há 2000 anos, aparecendo repentinamente em Seu templo. A palavra hebraica para ‘mensageiro’ nesta passagem é a mesma palavra que geralmente é traduzida como ‘anjo’ em outras passagens.
vimos, então, que existem três significados possíveis para a palavra ‘anjo’ nas escrituras:
- uma classe de seres espirituais (os ‘anjos’, em sua acepção tradicional);
- um ser humano que desempenha uma função de ‘mensageiro’ ou intermediário; ou
- uma referência a Cristo, como o Anjo do Senhor – o Mensageiro de Deus.
Diferentemente da maioria dos anjos no livro de Apocalipse, o Anjo Forte de Apocalipse 10 é descrito em grande detalhe. Ele é diferente dos outros anjos que aparecem bastante nas páginas de Apocalipse. Ele é descrito como descendo do céu, vestido com uma nuvem, um arco-íris sobre a cabeça; o seu rosto é como o sol e as pernas como colunas de fogo.
A nuvem e o arco-íris, ‘rosto como o sol’ etc., são símbolos que devem ser ‘decodificados’. Uma vez que quebremos o código dos símbolos, podemos determinar a identidade desse ‘anjo’ em particular.
Primeiro, o anjo é descrito como sendo ‘forte’ e descendo do céu. Esse ‘anjo’, em particular, tem um poder extraordinário e sabemos que ele se origina do céu:
“Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo.” Apocalipse 10:1
O anjo forte não ‘cai do céu’ como Satanás, que é ‘expulso’, nem como o anjo encarregado da abertura do poço sem fundo:
“O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.” Apocalipse 9:1
A palavra ‘estrela’, como sabemos em Apocalipse 1: 20, é a ‘palavra-código’ para ‘anjo’. Em Apocalipse 12: 4, a palavra ‘estrela’ também se aplica aos anjos caídos:
“A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.” Apocalipse 12:4
A seguir, vemos que esse ‘anjo forte’ está vestido com uma nuvem. Em Apocalipse, as nuvens são frequentemente associadas a Cristo. Cristo ‘vem com as nuvens’ em Apocalipse 1: 7, e Ele é “um semelhante a filho do homem” que está sentado em uma nuvem, Em Apocalipse 14:14:
“Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” Ap. 1:7
“Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada.” Ap. 14:14
Há também uma passagem do Antigo Testamento, em Daniel, que diz: ‘eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem’. Cristo é claramente Aquele que vem com as nuvens nesta passagem:
“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.” Daniel 7:13,14
As nuvens estão associadas à glória e presença de Deus:
“E disse o Senhor a Moisés: Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam eternamente. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao Senhor.” Êxodo 19:9
“Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.” Mateus 17:5
Quando Deus falou com Moisés na montanha, Ele veio em uma nuvem espessa; e quando Deus pairou sobre o monte da transfiguração no Novo Testamento, Ele também foi envolvido em uma nuvem. Vemos, também, que o poderoso anjo de Apocalipse 10 está ‘vestido’ ou ‘envolto’ em uma nuvem:
“Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo.” Apocalipse 10:1
Este anjo também tem um arco-íris sobre a cabeça. O arco-íris foi mencionado pela primeira vez em Apocalipse em conjunto com o trono de Deus:
“E eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.” Apocalipse 4:2b,3
Quando o profeta Ezequiel recebeu uma visão do Senhor, tanto a nuvem como o arco-íris foram usados para representar a Sua glória:
“Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do Senhor; vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava.” Ezequiel 1:28
Esse anjo também tem um ‘rosto como o sol’. Quando Jesus apareceu pela primeira vez a João, em Apocalipse 1, Ele foi descrito como tendo um semblante glorioso:
“Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.” Apocalipse 1:16
Em Sua transfiguração, Jesus é descrito como tendo um rosto resplandecente como o sol:
“E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.” Mateus 17:2
Também é dito que este ser angélico tem pernas como colunas de fogo, semelhante à descrição de Cristo em Apocalipse 1:
“Os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas.” Apocalipse 1:15
O profeta Daniel também viu um ‘homem’ que se assemelha ao Cristo glorificado de Apocalipse 1:
“E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à borda do grande rio Hidequel; E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de uma multidão.” Daniel 10:4-6
Por meio de símbolos que nos apontam para passagens específicas da Bíblia, recebemos pistas suficientes para nos permitir identificar esse anjo em particular. A conclusão a que devemos chegar é que o ‘anjo forte’ de Apocalipse 10 é ninguém menos que o próprio Senhor Jesus, vindo como o Anjo do Senhor.
“E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo; E tinha na sua mão um livrinho aberto. E pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra; E clamou com grande voz, como quando ruge um leão.” Apocalipse 10:1-3a
Cristo é o Anjo Forte enviado por Deus para levar uma mensagem à Terra. Jesus está agindo como agente, intermediário e ‘mensageiro’ de Deus. Lemos que este anjo está carregando um pequeno pergaminho (um ‘livrinho’) na mão, enfatizando ainda mais o aspecto de mensageiro, do papel de Cristo nesta passagem. É importante que fique claro que Cristo não faz parte de uma classe de seres espirituais criados, conhecidos como ‘anjos’; ao contrário, ele é um ‘anjo’ no sentido de que é o Mensageiro e Intermediário de Deus — o Anjo do Senhor — e é nessa qualidade que Jesus é simbolizado pelo ‘Anjo Forte’ de Apocalipse 10.
Cristo, o Anjo Forte, coloca o Seu pé direito no mar e o Seu pé esquerdo na terra. Essa ação demonstra a Sua jurisdição sobre o mar e a terra. Ele está assumindo uma postura de força, autoridade e domínio.
O Mar e os Nefilins
Para a mente hebraica, o ‘mar’ e a ‘terra’ – além de serem características geográficas – carregam conotações específicas que lançam luz sobre a passagem referente ao Anjo Forte. Antes de continuarmos o estudo de Apocalipse 10, é necessário um pouco de contexto para podermos entender o significado dos símbolos, o ‘mar’ e a ‘terra’.
No Antigo Testamento, o ‘mar’ era sinônimo do lugar dos mortos; e a ‘terra’ era o lar dos viventes. O fato de o mar ser equiparado à morte não é surpreendente, pois o grande dilúvio dos dias de Noé provocou a morte de toda a vida na Terra — exceto oito pessoas — e fez com que a Terra se tornasse um vasto cemitério aquático de animais, homens e nefilins. O mar tornou-se sinônimo de morada de demônios, morte e destruição.
Os nefilins eram seres híbridos: parte humana e parte anjo. Gênesis nos diz que os ‘filhos de Deus’ viram as ‘filhas dos homens’, os tomaram como esposas e tiveram filhos com elas:
“E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes (‘nephilim‘) na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.” Gênesis 6:1-4
Os nefilins eram os ‘gigantes’ das histórias da Bíblia, seres aterrorizantes cuja existência foi confirmada pela arqueologia e pelas muitas lendas encontradas nas culturas de todo o mundo. A corrupção angélica da humanidade, que produziu os híbridos nefilins — os gigantes — foi, sem dúvida, um ato intencional por parte das forças sombrias, espirituais e satânicas para destruir a obra principal de criação de Deus: a humanidade. Nos processos de corrupção, profanação e desfiguração da humanidade, eles esperavam poder também impedir o nascimento do Messias, a prometida ‘semente da mulher’, Aquele que ‘esmagaria a cabeça da serpente’:
“Então o Senhor Deus disse à serpente: ‘Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.’ ” Gênesis 3:14,15
Os ‘filhos de Deus’, registrados em Gênesis 6, são identificados com os ‘Vigilantes’ ou ‘Guardiões’ — anjos que Deus pretendia que vigiassem e guardassem a humanidade. No entanto, em vez de cuidar, eles abandonaram o seu estado original e corromperam a raça humana. Através de relações sexuais com mulheres humanas, os ‘filhos de Deus’ fizeram com que a raça humana se tornasse cada vez mais violenta e menos humana. Deus sabia que — se esse tipo de procriação continuasse indefinidamente — a humanidade, como criada originalmente à imagem de Deus, deixaria de existir, e acabaria refletindo a natureza dos anjos caídos. A imagem de Deus seria completamente apagada, sendo substituída pela imagem dos Vigilantes. Essa corrupção genética, com grave alteração do DNA humano, levaria ao fim da raça humana conforme foi criada. A humanidade se tornaria algo diferente do homem, e passaria a ser irredimível e perdida para sempre.
Noé, porém, era ‘perfeito em suas gerações’, isto é, em sua genética (Gênesis 6:14). Noé não era sem pecado. Ele era completamente humano, sem ‘defeito’ genético. Ele não tinha genes dos ‘nefilins’ nem dos Vigilantes que pudessem ser transmitidos, corrompendo ainda mais a raça humana.
[Nota: há autores que explicam que os Vigilantes eram os anjos que tinham determinado papel na Terra e abandonaram o seu estado angelical; os nefilins (‘nephilim‘) – termo que, na Bíblia, recebeu a tradução de ‘gigantes’ – eram os seus enormes e poderosos descendentes híbridos com mulheres humanas; e os giborins (‘gibborim‘) seriam a terceira geração em diante, ou seja, os descendentes dos nefilins, com aspecto ainda bastante corpulento e genética alterada, porém de maneira mais diluída].
O código genético da massa da humanidade que vivia na época de Noé foi quase que totalmente corrompido pela ação dos Vigilantes. Somente Noé e sua família pareciam estar livres dessa adulteração genética.
“A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.” Gênesis 6:11,12
Deus enviou o dilúvio para acabar com os ‘gigantes’ – os nefilins e seus descendentes — a fim de impedir a corrupção contínua da raça humana e a completa adulteração do seu DNA. Os corpos dos ‘gigantes’ se transformaram em pó, e seus espíritos foram deixados a vagar pela terra em busca de um ‘lar’, ou seja, de um corpo para possuírem. Esses espíritos errantes são chamados de demônios.
O julgamento dos ‘filhos de Deus’ foi severo. Os filhos dos Vigilantes, os ‘nefilins’, e os seus descendentes, foram afogados no dilúvio, e os anjos que assumiram corpos humanos e acasalaram com mulheres humanas foram acorrentados e enviados para o Poço:
“E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” Judas 1:6,7
Judas nos diz que os anjos caídos ‘deixaram a sua própria habitação’; isto é, eles intencionalmente abandonaram os seus corpos espirituais e angelicais e os trocaram por corpos ‘humanos’ temporários. Eles deixaram o seu domínio celestial para desfrutar de relações sexuais com mulheres humanas na terra, um ato que lhes era proibido, e contaminaram a si próprios e às pessoas na Terra.
Esses anjos, atualmente, residem no Poço, estando presos até o tempo do fim, quando serão julgados:
“Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo.” 2 Pedro 2:4
Em Apocalipse, o ‘Poço’ é sinônimo de ‘Abismo’, e a palavra ‘abismo’ carrega a conotação das profundezas do mar (‘zona abissal’). Os seres angélicos que corromperam simultaneamente não apenas a si mesmos, mas também contribuíram para a corrupção da raça humana, estão atualmente presos em cadeias no Abismo, e serão soltos na 5ª Trombeta:
“E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do poço escureceu-se o sol e o ar.” Apocalipse 9:1,2
“E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego Apoliom.” Apocalipse 9:11
O fato de o Poço ser aberto durante os últimos dias é outro indicador de que as condições correspondentes aos ‘dias de Noé’, mais uma vez, infectarão a Terra. A frase ‘os dias de Noé’ não se refere simplesmente a um aumento da violência e da iniquidade, mas à interação ilegal dos ‘filhos de Deus’ com a humanidade. Aqueles que ‘não guardaram a sua habitação’ ou, em outras traduções, ‘o seu estado original’, serão soltos na Terra uma última vez, antes de serem remetidos para sempre ao Lago de Fogo.
Em outro artigo, falaremos mais detalhadamente sobre os ocupantes do Abismo / Poço, incluindo o rei deles, Apoliom, que também é conhecido como Abadom – o Destruidor.
O dilúvio destruiu os filhos dos Vigilantes (ou ‘Guardiões’) e, ao mesmo tempo, os próprios Vigilantes foram presos no Poço, também conhecido como Abismo. Para a mente hebraica, o dilúvio, o mar e o Abismo eram todos lugares de morte, do mal e das trevas. No livro de Jonas, no Antigo Testamento, o profeta fugitivo também comparou o mar ao Sheol, o lugar dos mortos:
“E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz. Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado por cima de mim.” Jonas 2:2b,3
No livro de Êxodo, o mar, que é um símbolo da morte, é mantido em contraste com a terra seca, o lugar dos vivos:
“E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o Senhor, na coluna do fogo e da nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios.
E tirou-lhes as rodas dos seus carros, e dificultosamente os governavam. Então disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja contra os egípcios.
E disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retornou a sua força ao amanhecer, e os egípcios, ao fugirem, foram de encontro a ele, e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar,
Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou.
Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda.” Êxodo 14:24-29
Os egípcios pereceram nas águas, e o Mar Vermelho se tornou a sua sepultura. Os filhos de Israel passaram em terra seca através do Mar Vermelho. Eles foram preservados do exército de Faraó e também preservados da morte no mar. Para aqueles que acreditam em Cristo, ‘atravessar em terra seca’ é simbólico de atravessar da morte para a vida:
“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou [‘atravessou‘, do grego ‘metabebehken‘] da morte para a vida.” João 5:24
Mais adiante, em Apocalipse, lemos que a Besta que foi mortalmente ferida será ressuscitada. Ele é retratado como subindo do mar ou do lugar dos mortos:
“E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta.” Apocalipse 13:1-3
Essa besta também é descrita como subindo do Abismo ou Poço sem fundo, após o que ele matará as Duas Testemunhas:
“E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará.” Apocalipse 11:7
Na ressurreição final dos mortos, no julgamento do Grande Trono Branco, ‘o mar entregará os mortos’ que estão dentro dele. O ‘mar’ é uma referência ao Sheol, o lugar dos mortos, que libertará as almas dos mortos que nele estavam:
“Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.” Apocalipse 20:13
Não haverá ‘nenhum mar’ quando Deus recriar os novos céus e a nova terra. A ausência do mar, descrita nas escrituras, não está se referindo à ausência de um corpo de água literal chamado ‘mar’, mas à ausência da morte e do local dos mortos. O ‘mar’, a Morte e o Sheol não existirão mais porque serão coisas do passado:
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” Apocalipse 21:1-4
A Terra dos Viventes
O Anjo Poderoso coloca um pé no mar e um pé na terra. Se o mar representa a morte e o lugar dos mortos, o que a ‘terra’ representa?
A ‘terra’ representa a morada dos vivos:
“Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.” Salmos 27:13
“Eu disse: já não verei o Senhor na terra dos viventes; jamais verei homem algum entre os moradores do mundo.” Isaías 38:11
Já vimos que os filhos de Israel foram preservados através do mar, atravessando a ‘terra seca’. A terra é o lugar onde os vivos habitam, em oposição ao mar, que representa o lugar dos mortos.
Se o Anjo Forte, em Apocalipse 10, é identificado como Cristo, que coloca um pé no ‘mar’/Sheol, indicando que Ele tem autoridade sobre aqueles que habitam no mar – local dos mortos, e depois coloca o outro pé na terra, sabemos que Ele também tem autoridade sobre aqueles que habitam a ‘terra dos viventes’.
O Anjo Forte – Cristo – é visto assumindo autoridade sobre as pessoas que pertencem a Ele, tanto os mortos, como representados pelo mar, como os vivos que estão na Terra.
O Rugido do Leão e os Sete Trovões
Na passagem do Anjo Forte, em seguida, lemos que o poderoso anjo – Cristo – “ruge como um leão”:
“Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,
e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.” Apocalipse 10:2b,3.”
Em Apocalipse 5, o Cordeiro – Cristo – já foi referido como o ‘Leão da tribo de Judá’:
“Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.” Apocalipse 5:5
Jesus é o Leão de Judá, e o Rei que governará e reinará na Terra. A razão pela qual o leão ‘ruge’ nos é dada no livro de Amós:
“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?
Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa?
Levantará o leãozinho no covil a sua voz, se nada tiver apanhado?
Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela?
Levantar-se-á o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa?
Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça?
Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?
Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma,
sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.
Rugiu o leão, quem não temerá?
Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Amós 3:3-8
Esta passagem mostra uma relação de ‘causa’ e ‘efeito’ entre duas ações: uma armadilha só arma quando algo cai dentro dela. Duas pessoas devem fazer planos de viagem primeiro, antes de poderem viajar juntos. O Senhor revela Seus planos ao Seu povo e, só então, Ele realiza o que Ele disse que faria. E um leão só ruge após ter a sua ‘presa’.
Cristo é retratado como um leão que ruge em Apocalipse 10, e Amós 3 nos diz que um leão não ruge a menos que tenha tomado a sua ‘presa’. Se Cristo é o ‘leão que ruge’, o que é a ‘presa’ que Ele pegou?
Como o Anjo Forte está assumindo a autoridade sobre o lugar dos mortos (o ‘mar’) e todos os que nele estão; e a terra dos viventes (a ‘terra’) e todos os que nela habitam, tudo indica que a ‘presa’ que Ele tomou é o Seu povo no ‘mar’ e o Seu povo na ‘terra’: tanto os mortos em Cristo como os crentes vivos que serão transformados. Esta passagem retrata a ressurreição dos mortos em Cristo e a transformação dos crentes vivos em seus corpos imortais e glorificados.
Imediatamente após o rugido do Leão, os ‘sete Trovões’ respondem ao Seu rugido. Quem ou o que são os ‘sete Trovões’?
“E bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.” Apocalipse 10:3,4
Depois que o Leão ‘ruge’, somos apresentados aos sete ‘Trovões’. Já observamos como o número ‘7’ representa divindade e conclusão. Também observamos que há sete Espíritos diante do trono de Deus, que representam a plenitude dos atributos divinos presentes no Espírito Santo. No caso dos sete Trovões, o número ‘7’ nos diz que os trovões são divinos, representando o Espírito. Também existem ‘trovões’ que emanam do trono de Deus, em conjunto com os sete Espíritos:
“Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.” Apocalipse 4:5
Em Apocalipse 22: 1, o Espírito diante do trono não é mais representado pelos trovões, relâmpagos e vozes que procedem do trono, mas pelo Rio da Vida que flui do trono de Deus. O Rio Espiritual da Vida flui do trono de Deus depois que todas as coisas foram renovadas, depois que a Terra foi julgada e o Milênio e o Julgamento do Grande Trono Branco forem coisas do passado. Até aquele momento, o Espírito é representado pelas sete tochas e pelos “relâmpagos, trovões e vozes” que procedem do trono de Deus.
Cristo terá autoridade sobre os vivos no mundo e sobre os mortos no lugar dos mortos. Ele ressuscitará os mortos e transformará os vivos. Ele rugirá como o leão ruge quando pega sua ‘presa’, e o Espírito de Deus, representado pelos 7 trovões, responderá ao rugido do Leão com uma mensagem Sua, própria. As palavras que João ouviu dos 7 Trovões foram seladas. Este é o único aspecto da revelação que João recebeu de Cristo que não lhe foi permitido compartilhar.
“Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas.” Apocalipse 10:4
Sabemos que Cristo e o Espírito Santo são os agentes ativos e os protagonistas na ressurreição dos mortos:
“Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.
E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.
Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.” João 5:25-29
“Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” Romanos 8:11
Os sete Trovões representam a voz dos Sete Espíritos de Deus. O Espírito acrescentará a Sua ‘Voz’ — o Seu poder e a Sua autoridade ao poder e autoridade de Cristo — e o Espírito ‘Sétuplo’ e o ‘Leão da Tribo de Judá’ darão imortalidade e glória àqueles que estão em Cristo: tanto os mortos como os vivos.
A Voz do Arcanjo
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” 1 Tessalonicenses 4:16
Quando Paulo descreveu a ressurreição dos mortos, ele disse que o Senhor desceria do céu com ‘alarido’ (outras traduções usam o termo ‘palavra de ordem’), e é exatamente isso que vemos o Anjo Forte fazendo em Apocalipse 10, descendo do céu para a terra. Mas, no caso de Apocalipse, o Seu ‘alarido’ ou ‘palavra de ordem’ é simbolizado por um ‘rugido’, para que saibamos que Ele pegou ‘presa’.
Paulo nos diz que a voz de Cristo é a ‘voz do arcanjo’. Esta descrição da voz do arcanjo tem sido uma fonte de confusão para muitas pessoas, e porque Cristo é descrito como tendo ‘a voz de um arcanjo’, algumas pessoas acreditam que Jesus deve SER um arcanjo! (Esta é a posição das Testemunhas de Jeová que acreditam que Jesus é o arcanjo Miguel – o que é claramente um grave erro)
Como já discutimos, sempre que Deus quer mostrar Seu Filho agindo como Seu intermediário, seja entregando uma mensagem ou agindo em Seu lugar, o Filho Eterno é frequentemente simbolizado por um ‘anjo’ ou ‘mensageiro’. O Anjo Forte, de Apocalipse 10, é um exemplo desse emprego da palavra ‘anjo’, e há mais dois exemplos disso incorporados nas páginas de Apocalipse.
O ‘rugido’ do Anjo Forte, em Apocalipse 10, é a voz do arcanjo que Paulo descreveu em 1 Tessalonicenses 4:16, e a ressurreição dos mortos em Cristo será precedida pela ‘voz do arcanjo’, que é Cristo. Em 1 Coríntios 15, aprendemos que a ‘transformação’ dos vivos e a ressurreição dos mortos acontecerão ao mesmo tempo!
“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.” 1 Coríntios 15:51-53
A ‘trombeta de Deus’ na passagem de Tessalonicenses pode estar conectada com a ‘trombeta da vitória’ de 1 Coríntios 15:51, bem como com a voz dos 7 Trovões que emanam do trono de Deus. A Festa das Trombetas, também conhecida como Dia de ‘Sonido’ ou de ‘Alarido’ de trombetas, é o dia mais provável para a aparição do ‘Anjo do Senhor’, que ressuscitará os mortos e glorificará os crentes vivos.
A Demora
Apocalipse 10 prossegue, dizendo:
“E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu,
E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora;
Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.” Apocalipse 10:5-7
O anjo — Cristo — levanta a mão para o céu e jura por Deus, o Criador de todas as coisas, que não haveria mais ‘demora’. Esta passagem em Apocalipse alude a Daniel 12, e a mais um ‘anjo’ que faz o mesmo gesto e jura por Deus. O anjo (chamado de “homem” em Daniel 12) também é uma teofania de Cristo:
“Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado.
Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?
Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.” Daniel 12:5-7
O anjo – referido como “o homem” — disse a Daniel quanto tempo duraria a ‘destruição do poder do povo santo’. O anjo estava se referindo à época da ‘grande tribulação’ para os judeus, a qual, segundo ele, duraria “tempo, dois tempos e metade de um tempo”, ou três anos e meio, equivalente a 1260 dias.
A ‘demora’ que o Anjo em Apocalipse estava se referindo era o atraso do início do juízo de Deus, que, até esse momento, havia sido adiado. Antes que os juízos possam começar, Cristo precisa pegar o pergaminho e, antes que ele possa fazê-lo, a próxima ‘rotação’ ou turno de sacerdotes precisa estar na sala do trono celestial. Os ‘mortos em Cristo’, ressuscitados, serão o primeiro grupo a aparecer no céu em seus corpos glorificados, como representado pelos 24 Anciãos em Apocalipse 4. Logo depois, os santos vivos recém-glorificados serão arrebatados e se unirão a seus irmãos ressuscitados, no céu também, como representado pelos 24 Anciãos em Apocalipse 5. Os juízos de Deus não podem ocorrer até que a ressurreição e o arrebatamento dessa divisão do sacerdócio dos crentes – simbolizada pelos 24 Anciãos – ocorram.
O Anjo Forte de Apocalipse 10 declara que, após a ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos para seus corpos imortais, a ‘demora’ terminou, e as profecias que foram reveladas aos servos de Deus — em particular, os detalhes proféticos e eventos revelados a Seus servos do tempo do fim, registrados no livro do Apocalipse — logo aconteceriam. Quando o 7º anjo tocar a sua trombeta, os julgamentos profetizados no livro de Apocalipse terminariam.
Uma vez que o Anjo Forte ressuscite os crentes mortos e transforme e arrebate os santos vivos, os eventos associados aos Selos, Trombetas e Taças — assim como o restante dos eventos que ocorrem no livro de Apocalipse — podem começar. A ‘demora’ terminará.
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