70 semanas

A profecia das 70 Semanas de Daniel

Você já ouviu falar da profecia das 70 Semanas registrada no livro do profeta Daniel, no Antigo Testamento da Bíblia? Com toda certeza, os que frequentaram a escola bíblica ou pesquisaram sobre esse assunto, já conhecem! Se, no Novo Testamento, o livro de Apocalipse é o mais importante sobre as profecias do fim dos tempos, o seu equivalente, no Antigo Testamento, é o livro de Daniel. Para aqueles que não conhecem, ou que querem fazer uma revisão sobre o tema, preparamos o presente artigo.

A profecia das 70 Semanas pode ser encontrada no capítulo 9 do livro de Daniel, sendo uma das mais significativas e detalhadas profecias messiânicas do Antigo Testamento. O capítulo começa com Daniel orando por Israel, reconhecendo os pecados da nação contra Deus e pedindo a Deus por misericórdia. Enquanto Daniel orava, o anjo Gabriel apareceu a ele e lhe deu uma visão do futuro de Israel.

Antes de iniciar uma visão geral sobre a citada profecia, entendemos ser necessário explicar o significado da palavra ‘shabua‘ (ou ‘shavua‘) no hebraico, língua em que a maior parte do livro de Daniel foi escrito. Na língua portuguesa, utilizamos frequentemente a palavra ‘dezena’, que significa um conjunto de 10 unidades de algo, tal como uma dezena de dedos, uma dezena de dias ou uma dezena de canetas, apenas como exemplos. Outro termo comum é ‘dúzia’, que significa uma conjunto formado por 12 unidades de algo, tal como em ‘uma dúzia de bananas’ ou ‘uma dúzia de ciclos lunares’ no ano. Da mesma maneira, a palavra ‘shabua’, do hebraico שְׁבוּעַ, significa um ‘hepta’, ou conjunto de 7 unidades de algo, que pode ser um conjunto de dias, ou de anos ou de qualquer outra coisa. Como uma semana do calendário hebreu contêm 7 dias, o termo ‘shabua’ também é traduzido como ‘uma semana’ de alguma coisa, ou seja, um conjunto de 7 itens de alguma coisa. Esta é a origem do nome “70 Semanas”, que também poderia ser entendido como os 70 ‘heptas’. Portanto, ao ler a palavra ‘semanas’ na profecia no capítulo 9 de Daniel, não se deve tomar o termo ‘semanas’ como se fossem ‘semanas de dias’, mas como um conjunto de 7 anos, o qual, multiplicado pela quantidade de 70, perfaz um total de 490 anos. Em Daniel, esta é a duração dos eventos proféticos relatados.

Vejamos a passagem em Daniel, versos de 24 a 27: “Setenta ‘semanas’ estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete ‘semanas’ e sessenta e duas ‘semanas’; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas ‘semanas’ será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma ‘semana’; e na metade da ‘semana’ fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” Daniel 9:24-27

Explicação da Profecia das Setenta Semanas

No versículo 24, o anjo Gabriel diz: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade.” Como vimos, no livro de Daniel, esse período corresponde a um total de 490 anos, e esses versículos fornecem uma espécie de “relógio”, que dá uma ideia de quando o Messias viria e alguns dos eventos que acompanhariam o Seu aparecimento.

A profecia faz uma subdivisão dos 490 anos em três unidades menores: uma de 49 anos, uma de 434 anos e outra de 7 anos. A ‘semana’ final de 7 anos é dividida em duas partes. O verso 25 diz: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas.” Sete “semanas” são 49 anos, enquanto que sessenta e duas “semanas” são outros 434 anos: 49 anos + 434 anos = 483 anos.

Na profecia, é mencionado que ela se destina ao povo judeu, e que o propósito de Deus para os eventos ali contidos é de:

1) “cessar a transgressão”;

2) “dar fim aos pecados”;

3) “expiar a iniquidade”;

4) “trazer a justiça eterna”;

5) “selar a visão e profecia”; e

6) “ungir o Santo dos Santos”.

Observe que esses resultados dizem respeito à erradicação total do problema do pecado e ao estabelecimento da justiça. A profecia das 70 Semanas resume o que acontece antes que Jesus estabeleça o Seu reino milenar. De especial nota é o terceiro na lista de objetivos: “expiar a iniquidade”. Jesus realizou a expiação pelo pecado por Sua morte na cruz (Romanos 3:25 e Hebreus 2:17).

O Cumprimento das 70 Semanas

O anjo Gabriel disse que o decreto para reconstruir Jerusalém precederia o início das 70 Semanas. Em Israel, todos os conjuntos de 7 anos sempre se iniciam na Festa de Trombetas (o 1º dia do mês de Tishri, no calendário hebreu, o ‘Yom Teruah’). A cada 7 conjuntos de 7 anos (totalizando 49 anos), há um Ano do Jubileu, que é comemorado no 50º ano da contagem, e que já é o 1º ano da contagem seguinte.

No caso do Ano do Jubileu, diferentemente de todos os outros anos ‘normais’, o Jubileu é declarado somente no Dia da Expiação (no 10º dia do mês de Tishri, no calendário hebreu, o ‘Yom Kippur’), não na Festa de Trombetas. Portanto, era de conhecimento corriqueiro dos judeus que, a partir da data do decreto de Artexerxes para reconstruir Jerusalém, a data de origem das 70 Semanas de anos da profecia de Daniel teria início no ‘ano novo’ hebreu, que sempre começa no outuno do hemisfério norte. Se fosse um ano ‘normal’, seria em uma Festa de Trombetas; se fosse um ano do Jubileu, seria no Dia da Expiação. Nenhum conjunto de 7 anos é contado a partir de alguma data aleatória. Portanto, a contagem foi a partir da Festa de Trombetas (ou do Dia da Expiação) imediatamente subsequente ao decreto que mandasse restaurar e reconstruir Jerusalém.

A história nos diz que a ordem para “restaurar e reconstruir Jerusalém” foi dada pelo rei Artaxerxes, da Pérsia. Muitos historiadores indicam os anos de 457 a.C e 458 a.C. como sendo o ano do decreto para reconstruir Jerusalém.

Existem muitas dificuldades em determinar exatamente as datas envolvidas. Primeiramente, tanto judeus quanto os babilônios e persas usavam diferentes calendários com meses diferentes. O calendário juliano, ou romano, de que fazemos uso atualmente (tendo sido alterado e ajustado para o gregoriano), possui também suas diferenças. Este é o motivo da dificuldade em saber exatamente qual foi o ano de nascimento e morte de Cristo em nosso calendário. Em segundo lugar, os calendários hebreu e persa têm 360 dias, ao invés de 365 dias do nosso calendário de origem romana. Isto significa que os 483 anos (69 x 7) de Daniel 9 representam 483 x 360 = 173.880 dias, ou ainda 476,067663 de nossos anos de 365,242199 dias [476 anos, 24 dias e 17 horas]. O calendário hebreu é lunissolar.

A primeira unidade de 49 anos (= 7 “semanas”) cobre o tempo que levou para reconstruir Jerusalém, “praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos” (Daniel 9:25). Essa reconstrução é narrada no livro de Neemias.

A profecia em Daniel 9 especifica que, após a conclusão dos 483 anos (após o término de 62 semanas, que sabemos terem sucedido as primeiras 7 semanas, o que, na prática, significa “após o término de 69 semanas”), “será morto o Ungido” (vs. 26).

Jesus só passou a ter a condição de “Ungido” no dia so Seu batismo, quando Deus Pai declarou: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Muitos acreditam que o batismo de Jesus tenha ocorrido no início do Ano Novo do calendário hebreu do ano 27 d.C.

Daniel 9:26 diz que, depois que o Messias fosse morto, o povo de um príncipe, que haveria de vir, destruiria a cidade e o santuário. Isto foi cumprido com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. A tradução literal do verso 26 não é com os artigos definidos (“o povo do príncipe, que há de vir”), mas com artigos indefinidos (“um povo de um príncipe, que há de vir”).

Assim como Jerusalém foi tomada por Nabucodonosor, que conquistou Israel, destruiu o Templo e levou os judeus como cativos para a Babilônia (incluindo Daniel), no Século VI A.C., tudo isso aconteceria de novo, em outra circunstância posterior ao momento em que Daniel recebeu essa profecia (muitos séculos depois). Daniel soube que o seu povo voltaria para Israel, que o Templo seria reconstruído, mas algo bem semelhante ao que havia acontecido antes (a invasão dos babilônicos, por Nabucodonosor) aconteceria de novo, por um outro povo, por um outro líder.

De fato, em 70 d.C, durante o reinado do imperador romano Vespasiano, o general Tito (que alguns anos depois se tornaria imperador) sitiou Jerusalém e cortou a entrada de alimentos e de água. Depois, as tropas romanas entraram na cidade, destruíram o Templo com um incêndio e saquearem a cidade. Dezenas de milhares de pessoas, a maioria judeus, foram assassinadas durante o sítio. Outras foram capturadas e escravizadas. A expressão “um povo de um príncipe que há de vir” se refere aos romanos, povo que destruiu o Templo em Jerusalém no ano 70 d.C, sob o comando de Tito. Sobre o termo “inundação”, é uma linguagem metafórica que se refere ao numeroso exército que assolou Jerusalém. Tito utilizou quatro legiões de soldados romanos que, figurativamente, ‘inundaram’ a cidade.

Sobre quem confirmaria o acordo, vamos examinar novamente os versos 26 e 27:

“…será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e um povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário.” E no verso 27, diz: “E ele firmará aliança com muitos por uma semana…”.

O “ele” do verso 27 se refere ao Messias (o último mencionado com artigo definido), e não a “um príncipe que haveria de vir” (artigo indefinido) nem a “um povo do príncipe” (ambos têm artigo indefinido). É o Messias que confirma a aliança, não Tito, nem Vespasiano, nem os romanos, muito menos o Anticristo, que sequer é mencionado neste trecho. Para ler mais sobre essa explicação, confira o nosso artigo neste link.

Como já mencionado, a 70ª Semana de anos começou exatamente no início do ministério público de Jesus, no dia do Seu batismo. A Sua crucificação aconteceu precisamente 3 ½ anos depois do início da 70ª semana de anos, quando o Messias foi “cortado” (morto). Ao morrer sacrificialmente, o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo. O véu representava o próprio corpo de Jesus, cuja morte permitiu o acesso direto de todos os crentes a Deus. Com isso, não havia mais a necessidade de nenhum sacrifício de animais, já que sacrifício mais importante de todos foi oferecido por Cristo, em Sua própria morte como ‘o Cordeiro de Deus’. O autor de Hebreus diz: “Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne” Hebreus 10:19,20.

Durante quase 40 anos, o Templo em Israel continuou a funcionar, com sacrifícios ainda sendo oferecidos pelos judeus daquela época que rejeitaram a Cristo. Para Deus, contudo, nenhum daqueles sacrifícios fazia mais sentido. Portanto, quando o verso 27 de Daniel 9 diz que “na metade da ‘semana’ fará cessar o sacrifício e a oblação”, significa que, exatamente no fim da 1ª metade da 70ª Semana, nenhum novo sacrifício passou a ser necessário ou aceito por Deus Pai, já que a morte de Jesus aboliu todo o sistema sacrificial, do ponto de vista d’Ele, não dos sacerdotes da época, que rejeitaram a Jesus e continuaram a oferecer sacrifícios no Templo, que ficou em operação até o ano 70 d.C.

Se a ‘entrada triunfal’ ou mesmo a crucificação de Jesus tiver ocorrido ‘no fim da 69ª Semana’ (de tal forma que ainda reste a 70ª Semana inteira ser cumprida no futuro, como afirmam os aderentes de uma ‘tribulação de 7 anos’ futura, que seria equivalente à 70ª Semana de Daniel), isso significaria que todas as ‘semanas’ de anos anteriores da profecia (já que elas foram uma contínua sucessão) precisariam ter começado no mês de Nisan do calendário hebreu (primavera do hemisfério norte), o que não faz sentido algum, e seria um verdadeiro absurdo para qualquer israelita.

Um ano sabático sempre começa nas festas de outono, no mês de Tishri (ano novo do calendário hebreu), nunca em Nisan. Só esse argumento já deveria ser suficiente para colocar por terra qualquer suposição de que a 70º Semana inteira da profecia de Daniel ainda estaria pendente de cumprimento profético. Não está: só falta a 2ª metade da 70ª semana da profecia, que começará na primavera do hemisfério norte, em uma semana da Páscoa, no ponto exato onde a 1ª metade terminou, e terminará no Dia da Expiação, 3 ½ anos depois, durante uma festas de outono, na 2ª Vinda de Cristo, que fecha com ‘chave de ouro’ a Profecia das 70 Semanas, na data correta.

A parte remanescente das 70 Semanas

Uma expressiva quantidade de comentaristas acredita que Jesus teria morrido ao término da 69ª semana, e que a 70ª semana ainda estaria por se cumprir. Essa interpretação é totalmente equivocada, porque o verso 27 diz que o Messias seria cortado depois da 69ª semana. Não é preciso um curso avançado de línguas nem de matemática para compreender que “depois da 69ª semana” significa, no contexto, o mesmo que durante a 70ª semana. Esses comentaristas dizem, após uma pausa profética (ou adiamento) no momento da morte de Jesus, ainda faltaria que a 70ª Semana inteira se cumpra, no futuro.

Da Profecia das 70 Semanas dada a Daniel, 69 semanas e a 1ª metade da 70ª semana já foram historicamente cumpridas, faltando que se cumpra, no futuro, somente a 2ª e última metade da 70ª semana na profecia de Daniel, que foi dada ao povo de Israel. Jesus realizou a expiação pelo pecado por Sua morte na cruz em plena vigência da 1ª metade da 70ª semana, não durante um ‘hiato’ profético situado entre o término da 69ª semana e um suposto início da 70ª semana quase dois milênios depois. O cerne do que estava sendo profetizado no livro de Daniel (“dar fim aos pecados e expiar a iniquidade”) foram os 1260 dias do ministério de Cristo e a Sua morte sacrificial, que confirmou a aliança com muitos. Não há nenhum outro evento que cumpra essa parte da profecia.

A morte de Cristo não poderia acontecer durante uma “pausa profética”, e sim durante a 70ª Semana. Cristo iniciou o Seu ministério exatamente no início da 70ª Semana. O batismo de Jesus foi nos primeiros dias do Ano Novo do calendário hebreu. Jesus cumpriu tudo o que estava profetizado para a Sua 1ª Vinda (expiação da iniquidade/pecado) e foi “cortado” (palavra inclusive usada quando um sacrifício era feito, que selava uma aliança) exatamente 1260 dias após o início da 70ª Semana, no dia 14 de Nisan, na véspera da semana da Páscoa, que sabemos ser na primavera do hemisfério norte. O Messias, Jesus, foi “cortado”, no sentido de que morreu, e também no sentido de que Ele era O próprio sacrifício, que era ‘cortado’, para confirmar uma aliança, conforme era prática no Antigo Testamento. A aliança de Deus com os patriarcas de Israel foi confirmada por Cristo, em Sua morte sacrificial, e essa parte da profecia já foi cumprida. Em Sua morte, Jesus também estava ratificando a Nova Aliança. Não devemos interpretar que ainda haja uma 70ª Semana inteira pela frente.

A profecia das 70 Semanas, para os judeus, será retomada na 2ª metade da 70ª semana, quando Deus voltará a lidar com Israel. O Anticristo será morto, ressuscitará e iniciará uma severa perseguição ao povo judeu. Cristo, incógnito, abrirá uma brecha no Monte das Oliveiras e levará o ‘remanescente de Israel’ para o deserto, onde esse remanescente será preservado e alimentado. Assim como a 1ª metade da 70ª Semana (com a crucificação no 14º dia do mês de Nisan, primeiro mês do calendário litúrgico hebreu) aconteceu na semana da Páscoa judaica, a 2ª metade será retomada nessa mesma época (semana da Páscoa judaica) muitos séculos mais tarde, a partir do mesmo ponto em que houve a “pausa” ou adiamento profético. O 7º Rei será morto (na semana da Páscoa), em seguida, o Anticristo ‘ressuscitará’ como o 8º Rei /Besta que sobre do Abismo, e será coroado governante, no evento conhecido como ‘Abominação Desoladora’, que marca o início de um período de 42 meses ou 1260 dias até a 2ª Vinda visível e gloriosa de Cristo.

A 2ª parte da semana final, ou os últimos 3 ½ anos da 70ª semana, ainda não se cumpriram (Daniel 9:27), e é este o período descrito por Jesus em Mateus 24. O período compreendido entre a morte de Cristo e o início da 2ª metade da 70ª semana é um período conhecido como “a era da Igreja”, chamada de “mistério” por não ter sido revelada aos profetas no Antigo Testamento (Efésios 3:3-6). A “era da Igreja” é como um vale que os profetas do Antigo Testamento não enxergaram entre os cumes da 1ª e 2ª vindas de Cristo. Paulo descreve a era da igreja como o “tempo da cegueira de Israel”, em Romanos 11:25-27: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados.” Romanos 11:25-27

Três anos e meio antes do início do reinado do Anticristo (ou seja, 7 anos antes da 2ª Vinda), as Duas Testemunhas de Apocalipse 11 iniciarão o ministério delas, na Terra, que terá duração de 1260 dias, ou 3 ½ anos (Apocalipse 11:3). O ministério delas não será, necessariamente, público, até que um novo Templo em Israel seja reconstruído e elas serão vistas e identificadas. As Duas Testemunhas poderão atuar nos bastidores, sem que o mundo em geral tenha conhecimento. O início do ministério das Duas Testemunhas não deflagra o início de nenhuma ‘tribulação’. Além disso, o fato de ser dito, em Apocalipse, que elas têm o poder de fazer “sair fogo de sua boca” se alguém as ameaçar, bem como o poder de “fechar o céu”/impedir a chuva não significa que elas iniciarão o seu ministério fazendo sair fogo da boca, nem que farão isso a todo momento.

Os poderes das Duas Testemunhas são mencionados, em Apocalipse, como uma pista para facilitar a identificação desses dois personagens. Moisés e Elias foram os únicos que receberam esses poderes, no Antigo Testamento. Pode ser que eles, de fato, usem o poder de ferir o Anticristo de morte com o fogo da boca, quando estiver bem próximo dos seus últimos dias, mas não que eles aparecerão nos jornais do mundo como gritando nas praças ou cuspindo fogo a todo momento. É bastante possível que, até a data do arrebatamento, o ministério das Duas Testemunhas seja discreto e privado, e que o mundo nem tenha conhecimento delas (na qualidade de “as Duas Testemunhas de Apocalipse”), da mesma forma que João Batista teve um ministério privado por anos, antes de ser publicamente conhecido, a partir do momento do batismo de Jesus.

Não podemos inferir que as Duas Testemunhas irão aparecer publicamente no início do ministério de 1260 dias que precederá o início do reinado do Anticristo, e que essa aparição pública seria o sinal que nos permitiria saber que faltam 7 anos para a 2ª Vinda visível e gloriosa de Cristo. Provavelmente, isso não acontecerá. No livro de Apocalipse, não é dito que a aparição das Duas Testemunhas será pública desde o início, nem que a presença delas servirá como um sinal para nós.

O evento conhecido como a ‘Abominação Desoladora’ (quando o Anticristo se assenta no Templo, dizendo ser ‘deus’, este sim um evento que Jesus disse que servirá como um sinal) será o ponto de partida para o início da 2ª metade da 70ª semana. O Anticristo governará por 1260 dias. O livro de Apocalipse diz que um remanescente judeu será milagrosamente salvo por Cristo, conduzido por Ele e preservado e alimentado em um ‘deserto’. Em seguida, 1260 dias depois, haverá a 2ª Vinda visível e gloriosa de Cristo, o verdadeiro e único Messias de Israel, que reinará sobre o mundo, na Terra, a partir de Jerusalém.

O livro de Daniel fala, acima de tudo, com o povo judeu muito tempo antes da 1ª Vinda, para que eles compreendessem quando o Messias viria e conseguissem identificá-lO. Para contagens de dias sobre o fim dos tempos, é o livro de Apocalipse que devemos adotar como fonte principal. O livro de Apocalipse foi escrito para os crentes que estariam vivendo no tempo do fim.

Conclusão

A profecia das 70 semanas do livro de Daniel é detalhada e foi dirigida ao povo judeu e à Cidade Santa (Jerusalém). Não é uma profecia para outro povo nem para outro local. Refere-se aos objetivos de cessar a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia e ungir o Santíssimo. Todos esses objetivos viriam a ser cumpridos por Jesus.

Em Seu batismo, Jesus iniciou o Seu ministério público de 3 ½ anos após o término da 69ª semana (ou seja, no início da 70ª semana, na vigência da 70ª Semana), e foi crucificado no fim da 1ª metade da 70ª semana. A partir desse momento, o entendimento da vasta maioria dos teólogos e comentaristas é de que, como decorrência da rejeição de Jesus como Messias de Israel e Seu rei, o relógio profético foi pausado/adiado, para ser retomado somente em um momento futuro, em prazo indeterminado. Já transcorreram cerca de 2000 anos depois da crucificação de Cristo, e os acontecimentos descritos em Apocalipse ainda não se manifestaram. Portanto, a retomada da 70ª semana, a partir de onde ela foi interrompida (no fim da 1ª metade da 70ª Semana, na Páscoa), ainda não aconteceu.

Algo que não podemos deixar de comentar, com muita reverência e admiração, é a precisão da profecia, que só pode ter origem divina. A veracidade e precisão da profecia autentica a Bíblia como a Palavra de Deus. A profecia das 70 Semanas foi dada a Daniel vários séculos antes do nascimento de Jesus, de Seu batismo e da Sua morte. Só este fato já nos deveria deixar admirados!

Em razão dessa importante profecia, seria de se esperar que os líderes religiosos e o povo judeu do primeiro século tivessem reconhecido o Senhor Jesus como o Messias e futuro rei de Israel, já que Ele veio exatamente no tempo profetizado. Ao contrário, Jesus se entristeceu porque isso não aconteceu:

“E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.
Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.”
Lucas 19:41-44

Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém

Além do reconhecimento do caráter sobrenatural e verdadeiro que é a Palavra de Deus, que deveria aumentar muito o nosso interesse, o nosso fervor e o nosso respeito e confiança por todo o relato, os ensinamentos e as profecias que estão registradas na Bíblia, concluímos este artigo com uma indagação para a sua / nossa reflexão:

Estamos valorizando as escrituras e buscando nos alimentar da Palavra de Deus, para a nossa edificação, fortalecimento espiritual, e para estarmos preparados e com a atitude correta para as coisas que estão por acontecer, e que Deus já revelou, que deveriam ser do nosso pleno conhecimento, para o nosso próprio benefício? Quando os acontecimentos proféticos do fim dos tempos acontecerem, será que estaremos na mesma situação das autoridades religiosas judaicas do primeiro século, que “não reconheceram o tempo da Sua visitação” e desprezaram Jesus, por terem ignorado as profecias, especialmente a cronologia que já havia sido detalhadamente informada no livro do profeta Daniel? Você é daqueles que, cada vez que alguém fala sobre profecias sobre o fim dos tempos, repete “ninguém sabe o dia e a hora” e se afasta do assunto, ou que não tem o mínimo interesse nesse tema? Deus tem promessas para nós, e quer que tenhamos interesse em conhecê-las e aguardá-las com expectativa e alegria, confiando n’Ele. As profecias foram dadas para o nosso conhecimento e preparação.

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