ira de deus

Tribulação, ira de Deus e Dia do Senhor são a mesma coisa?

Muitos professores de escatologia bíblica, ao explicaram os eventos do fim dos tempos, mencionam os termos ‘Tribulação de Sete anos’, ‘Dia do Senhor’ e ‘Ira de Deus’, ’70ª Semana de Daniel’, como se referissem ao mesmo período, e fossem diferentes nomes para a mesma coisa. Essa compreensão acaba levando a conclusões equivocadas, infelizmente, amplamente difundidas.

O que originou a visão escatológica de que toda a Igreja seria arrebatada antes do período de “sete anos de tribulação” foram as seguintes suposições:

  • que a tribulação duraria 7 anos porque equivaleria à ’70ª Semana de Daniel’;
  • que Cristo teria sido crucificado ao término da 69ª Semana de Daniel e que, portanto, faltariam 7 anos para o cumprimento do restante da profecia de Daniel sobre o Messias (Cristo) e a destruição do Anticristo;
  • que a tribulação é a mesma coisa que ira de Deus;
  • que existe um único arrebatamento;
  • que toda a igreja seria levada de uma vez só no arrebatamento único, como a ‘noiva’ de Cristo;
  • que, se o crente não é destinado à ira de Deus, então todos os crentes que estiverem vivos logo antes do início dos sete anos que antecederiam a 2ª Vinda de Cristo, seriam arrebatados, de uma única vez, antes do início dos 7 anos.

Neste artigo, a partir do texto bíblico, pretendemos mostrar que as premissas acima, bem como a conclusão, são erradas. Não, não somos, de maneira nenhuma, pós-tribulacionistas. Cremos em mais de um arrebatamento, sendo o primeiro deles antes da abertura do 1º Selo, e que a abertura do 1º Selo será o momento do início do período conhecido como ‘a tribulação’.

Não há nenhum local na Bíblia que diga que o 1º Selo será aberto exatamente sete anos antes da 2ª Vinda de Cristo, nem que a ira de Deus tenha a duração de sete anos, nem que o Anticristo assinará um “acordo de paz” que marcará o início dos tais sete anos. Sobre esse assunto do “acordo” firmado, já tratamos em outro artigo deste blog. Recomendamos que o leia, porque há muitos cristãos sinceros aguardando a assinatura de algum “acordo de paz” para acharem que este será o evento que marcará o início da tal “tribulação de sete anos” e revelará Anticristo. Entendemos que o próximo evento profético narrado em Apocalipse 12, “próximo na fila”, por acontecer, é uma guerra ou sério conflito em Israel, que precederá a transformação dos crentes vivos (do grupo dos ’24 anciãos’) e o seu arrebatamento, uma semana depois da transformação. Logo depois desse 1º arrebatamento, quando todos os 24 anciãos já estiverem no céu, Cristo abrirá o 1º Selo narrado em Apocalipse 5. Cristo precisa transferir as Suas funções sacerdotais para o grupo de 24 anciãos, para realizarem tarefas de intercessão junto a Deus, porque Ele vai começar a Se ocupar com outras coisas relacionadas à Sua Vinda e ao Milênio. Quando o 1º Selo for aberto, o período conhecido como a ‘tribulação’, começará. Entre o início da tribulação e a data da ‘Abominação Desoladora’, não haverá, necessariamente, três anos e meio. Pode haver um intervalo de menos de 9 meses entre os dois eventos.

Ao entendermos a definição das expressões ‘tribulação’, ‘Dia do Senhor’ e ‘ira de Deus’, conseguiremos colocar certos eventos do fim dos tempos em perspectiva e a compreender bem melhor a cronologia. Para nós, cristãos, que estamos vivos nessa época próxima do fim dos tempos, é uma explicação que faz diferença. Todos nós, cristãos sinceros, deveríamos ter o interesse em entender melhor a cronologia.

A compreensão do significado desses termos, e as suas diferenças, é muito importante, porque se a compreensão for equivocada, o erro acaba se propagando para toda a sua interpretação escatológica, tal como acontece quando você abotoa errado o primeiro botão de uma blusa: todos os outros serão abotoados errado, e você só irá se dar conta do problema ao chegar no último botão, quando precisará descartar a sua teoria e rever toda a sua escatologia. Veremos que não é possível construir uma escatologia em que o período da tribulação seja confundido com a ‘ira de Deus’ e com a ’70ª Semana de Daniel’, como se fossem termos equivalentes, para a mesma coisa. Esse erro foi perpetuado porque alguém interpretou dessa maneira, o ensino acabou sendo propagado e incluído como doutrina em muitos seminários teológicos. Mas as escrituras dizem que, no fim dos tempos, as pessoas iriam entender.

Nosso intuito aqui é ajudar a esclarecer esse ponto, que pode afetar totalmente a sua posição e compreensão sobre a ordem dos eventos dos últimos anos que precedem a 2ª Vinda de Cristo.

Ira de Deus

Quando é que a Bíblia diz que a Ira de Deus começa a ser derramada?

Uma das passagens mais importantes que fala da Ira de Deus é Apocalipse 6:12-17, que diz:

“Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” Apocalipse 6:12-17

Note as passagens em negrito: que o sol se escurece a lua fica avermelhada. Isto é o 6º Selo, que precede o derramamento da ira de Deus (que está sentado no trono) e a ira do Cordeiro.

Então, constatamos que os distúrbios cósmicos que precederão a Ira de Deus / Ira do Cordeiro virão em algum momento depois da abertura do 6º Selo, não antes.

Dia do Senhor

Agora, vejamos a passagem de Joel 2:30-31:

“Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor.” Joel 2:30,31

A passagem acima, em Joel, é a descrição dos mesmos eventos, associados ao Dia do Senhor: o sol e a lua se tornando escuros e outros prodígios no céu.

Assim, tudo indica que o Dia do Senhor é precedido por eventos que indicam a iminente chegada da ira de Deus. O início do período conhecido como “o Dia do Senhor” equivale ao derramamento da ira de Deus, e esses dois termos podem ser usados como sinônimos (apenas no que se refere ao início do Dia do Senhor). O Dia do Senhor tem uma extensão maior que o período do derramamento da ira de Deus, e pode, também, abranger todo o período do reino milenar de Cristo, até o dia do Juízo Final. Qual é a duração exata do Dia do Senhor, nós não sabemos identificar. Contudo, é incontroverso que ponto inicial do período conhecido como Dia do Senhor é o evento do derramamento da ira de Deus sobre o reino da Besta (Anticristo) e de seus seguidores, na Terra. O derramamento da ira de Deus será um evento com duração relativamente rápida (possivelmente, poucos dias ou até mesmo um único dia), com efeitos devastadores, que afetarão um bom número de semanas ou até meses. Segundo a Bíblia, não haverá um único cristão verdadeiro na Terra, nessa época, porque o crente não é destinado à ira.

“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele. Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.” 1 Tessalonicenses 5:8-11

Examinemos agora o que Jesus disse, conforme Mateus 24:29-30:

Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.” Mateus 24:29,30

Observação: a expressão “e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu” também pode ser traduzida como “e verão aparecer o Filho do homem sobre as nuvens do céu”, porque o verbo grego transliterado como erchomai pode ser traduzido como “vir” ou “aparecer”. Não sabemos exatamente se este verso está descrevendo a 2ª Vinda, ou a aparição de um sinal bastante claro nos céus, ligado a Jesus, logo antes do Dia do Senhor.

O verso 29 dessa passagem de Mateus 24 contém um relato idêntico ao de Joel. Nessa passagem, Jesus nos diz quando o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz e as estrelas cairão do céu, eventos que indicam que a ira de Deus está se aproximando. Será “logo depois da tribulação daqueles dias”. Em outras palavras, Jesus deixa claro que, o que acontece logo depois da ‘tribulação daqueles dias’, é algo diferente. Portanto, a “tribulação daqueles dias” e a “ira de Deus” são coisas distintas”! O início do Dia do Senhor / derramamento da Ira de Deus só acontece depois da tribulação daqueles dias.

Tribulação

Vamos examinar, então, o que é a tribulação à qual Jesus está se referindo. São os versos 15 a 22, que precedem a passagem acima:

Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado; porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados.” Mateus 24:15-22

Vemos então que, quando Jesus fala da ‘tribulação daqueles dias’, Ele está se referindo à ordem de eventos que ele já descreveu, começando com o Abominável da Desolação (ou Abominação da Desolação, ou Abominação Desoladora, termo que depende da tradução bíblica usada).

Eis, então, a ordem dos eventos, a partir da Abominação da Desolação, de acordo com as palavras do próprio Senhor Jesus:

  1. Abominação da Desolação, que sabemos ser o momento que a o Anticristo (a Besta) é coroado no Templo em Israel, querendo ser tratado como deus, e que inicia um período de 42 meses ou três anos e meio do reino da Besta, que o profeta Daniel menciona como “tempo, tempos e metade de um tempo”;
  2. Um período de grande tribulação (após o início da 2ª metade da 70ª Semana da profecia de Daniel) e, após essas duas coisas:
  3. Distúrbios cósmicos, que estão associados ao que vem logo em seguida, que é:
  4. O derramamento da ira de Deus, que sinaliza o início do Dia do Senhor.

Jesus, então, deixa muito claro que o derramamento da Ira de Deus não acontece antes da Abominação da Desolação. Quando a data da Abominação da Desolação vier a ser conhecida, a data da 2ª Vinda de Cristo poderá ser facilmente identificada, porque a Bíblia diz que a 2ª Vinda visível e gloriosa de Cristo acontecerá três anos e meio (42 meses) após Abominação da Desolação (que equivale ao início do governo mundial do Anticristo). Já quanto à data do derramamento da ira de Deus (que será em algum momento depois da Abominação Desoladora e antes da 2ª Vinda de Cristo), a Bíblia não fornece nenhuma informação adicional sobre quando será. Ao contrário, a Bíblia diz que esse dia (o início do Dia do Senhor, ou o dia do derramamento da ira de Deus) será em um dia desconhecido, que surpreenderá os que seguem o Anticristo. Imediatamente antes do início do derramamento da ira, haverá um último resgate, antes da 2ª Vinda, dos crentes que tiverem sobrevivido durante o reino da Besta, e que tiverem perseverado, sem aceitar a marca da Besta nem lhe prestar adoração. Será o terceiro e último arrebatamento, um evento em que o próprio Jesus virá buscar o grupo conhecido como os “vencedores sobre a Besta” (Apocalipse 15:2) como um “ladrão na noite”. Jesus virá secretamente “roubar” os crentes que sobreviveram, da Besta, e levá-los para o céu, através de um arrebatamento. Somente depois da operação de extração do último grupo de crentes vivos da Terra, a ira de Deus poderá ser derramada, caso contrário Deus estaria contrariando a Sua palavra. Nenhum país ataca outro país sem antes evacuar os ocupantes da própria embaixada. Deus também não nos destinou à ira, e por isso não a derramará enquanto não retirar os que são Seus, em um terceiro e último arrebatamento.

Em Mateus 24, o que Jesus, indiretamente, revela, é a cronologia do 6º Selo, que acontece algum tempo depois da Abominação Desoladora, e antes do Dia do Senhor/ira de Deus e, naturalmente, antes da 2ª Vinda.

Sabemos que o 7º Selo acontece depois do 6º Selo, e podemos ler sobre o 7º Selo em Apocalipse 8:1: “Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora.”

No contexto do Dia do Senhor, Sofonias 1:7, 14-16 diz:

Cala-te diante do Senhor Deus, porque o Dia do Senhor está perto (…) Está perto o grande Dia do Senhor; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia do Senhor é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas.” Sofonias 1:7,14-15

Como essas duas passagens fazem alusão ao mesmo evento, observamos, então, que o 7º Selo é um momento de silêncio, que imediatamente precede o derramamento da ira de Deus / Dia do Senhor.

O que aprendemos até agora

  • que o derramamento da ira de Deus coincide com o momento do início do Dia do Senhor;
  • que o Dia do Senhor não tem a duração de sete anos, porque Jesus o posiciona depois da Abominação da Desolação, que acontece três anos e meio antes da 2ª Vinda;
  • que o Dia do Senhor / ira de Deus não equivalem à Tribulação, pois acontecem depois ‘da tribulação daqueles dias’. Portanto, Tribulação e ira de Deus não são sinônimos, e não deveriam ser mencionadas de modo intercambiável, como muitos fazem;
  • que a Ira de Deus é derramada em algum momento próximo do fim o reino da Besta e algum tempo antes da 2ª Vinda de Cristo. Quanto tempo antes, nós não sabemos: pode ser alguns meses ou semanas, antes da 2ª Vinda.

O Dia do Senhor nos escritos de Paulo

Examinemos, agora, algumas passagens de cartas de Paulo, no Novo Testamento:

Em 1 Tessalonicenses 5:1-3,8-9, lemos:

“Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva;
pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão.” 1 Tessalonicenses 5:1-3

“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Tessalonicenses 5:8,9

Perceba que, quando Paulo fala do Dia do Senhor, ele não está se referindo à ‘Tribulação’. O Dia do Senhor é algo distinto, que virá como um ladrão da noite. O período conhecido como ‘a Grande Tribulação’ para os judeus não virá como um ladrão da noite, porque a Bíblia diz que ele claramente começará no dia do início do reinado do Anticristo. Já sobre o Dia do Senhor, a Bíblia não especifica nenhuma data; só sabemos que será depois da Abominação da Desolação e antes da 2ª Vinda. Será um dia que virá como uma surpresa para os descrentes. O próprio Senhor Jesus, hoje, não sabe o dia em que isso acontecerá: só Deus Pai sabe. Em Apocalipse 14:14-16, vemos que, no momento em que Jesus vier fazer o último resgate da Terra, Deus Pai dará o aviso através de um anjo, que informará a Jesus que chegou a hora dessa última colheita de salvos na Terra, que imediatamente precederá o derramamento da ira de Deus. Este é o dia “que ninguém sabe o dia e a hora”. É lícito especular sobre as possíveis datas de todos os outros eventos proféticos, mas não sobre quando será o início do Dia do Senhor / derramamento da ira de Deus. Esse evento será em uma data desconhecida, por razões estratégicas que o Pai guardou para a Sua exclusiva autoridade e para o bem daqueles crentes que estarão na Terra logo antes desse último resgate.

Paz e Segurança

Antes do Dia do Senhor, quem estará dizendo “Paz e segurança” será o Anticristo e aqueles que o seguem porque, àquela altura, Deus não estará intervindo sobre o reino do Anticristo. Os seus seguidores acharão que está tudo maravilhoso com o governo de seu novo líder.

Apocalipse 15:2 diz:

“Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus.” Apocalipse 15:2

Os que venceram a Besta (Anticristo) serão os que se estiverem vivos durante o seu reino e se mantiveram fiéis a Deus até o fim, não aceitando adorar a Besta, nem a sua imagem, nem o número do seu nome. Esses vencedores serão arrebatados por Jesus, na última ‘colheita’ dos crentes que estiverem vivos, por meio de um arrebatamento. A propósito, esses crentes também farão parte do corpo de Cristo / Noiva de Cristo, da mesma forma que todos os crentes que tiverem sido ressuscitados ou arrebatados antes. Somente depois que o último crente tiver sido ressuscitado e/ou arrebatado, a Noiva de Cristo estará totalmente formada. Dizer que o primeiro arrebatamento seria o arrebatamento da Noiva de Cristo, sete anos antes da 2ª Vinda, é um grande equívoco, porque exclui todos os que serão resgatados depois. Todos os santos ressuscitados e arrebatados comporão a Noiva de Cristo.

Como essas suposições decorrem de uma interpretação incorreta do que significa a ira de Deus (como se todos os 7 anos fossem o Dia do Senhor e ira de Deus), a conclusão de que toda a igreja seria arrebatada antes do início do “período de sete anos de tribulação” está errada.

O Dia do Senhor não pode acontecer no início dos sete anos porque, nesse caso, o 6º Selo teria que acontecer logo no início, o que é impossível. O 6º Selo acontece depois de todos os 5 primeiros selos. O 5º Selo e a 5ª Trombeta, por sua vez, são abertos antes do evento conhecido como Abominação da Desolação. Isto porque, antes desse evento, o anjo do abismo, Apoliom, precisa ser solto do Poço do Abismo (o que é feito por um anjo caído, em Apocalipse 9) para que ele possua o corpo do 7º Rei, que sofrerá uma ferida mortal, tornando-se o 8º Rei ou Anticristo em todo o seu poder — um ser híbrido. Como Satanás e todos os seus anjos são expulsos pelo Arcanjo Miguel na guerra que haverá no céu, logo antes do início da 2ª metade da 70ª Semana de Daniel, e isto equivale ao 5º Selo, vemos que o 5º Selo não pode acontecer depois da Abominação da Desolação, caso contrário Apoliom não conseguiria possuir o corpo do 7º Rei para se tornar o 8º Rei / Anticristo. E sem Anticristo “ressuscitado”, não haveria a quem coroar no evento conhecido como ‘Abominação da Desolação’ (descrito nos capítulos 9 e 12 de Daniel e em Mateus 24 e em Lucas 21, não em Apocalipse).

Se o 6º Selo não acontece no início dos 7 anos que precedem a 2ª Vinda, não tem fundamento afirmar que “a ira de Deus tem a duração de 7 anos”.

Vejamos agora o que Paulo diz, em 2 Tessalonicenses 2:1-4,8:

“Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.” (…) “então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.” 2 Tessalonicenses 2:1-4, 8

No verso 1, a vinda que Paulo está falando é a ‘parousia‘, ou seja, a 2ª Vinda, e não um arrebatamento. Paulo está esclarecendo uma dúvida que eles tinham sobre o Dia do Senhor. Eles estava confusos, achando que o Dia do Senhor poderia estar prestes a começar, e Paulo lhes explica que o Dia do Senhor / ira de Deus não pode acontecer antes que o Anticristo seja revelado, o que não era o caso, ainda.

Vejamos agora 2 Tessalonicenses capítulo 1, que nos dá o contexto do que é descrito no capítulo 2:

“Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando, a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais, sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do Reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo; se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).” 2 Tessalonicenses 1:3-10

Cristo voltará, e será glorificado com os Seus santos naquele dia: o dia em que Ele aparecerá: a 2ª Vinda de Cristo, a reunião d’Ele com os Seus santos. Isto não é um arrebatamento pós-tribulacional.

Conclusão

Esperamos que, com as explicações acima, tenhamos demonstrado que a ‘tribulação’ e ‘ira de Deus’ não podem ser considerados termos intercambiáveis ou equivalentes. A ira de Deus será derramada após ‘a tribulação daqueles dias’, portanto não é correto dizer que todo o período de tribulação será o derramamento da ira de Deus.

A “tribulação” não pode ser considerada como um período de sete anos inteiros, nem deve ser confundida com a 70ª Semana de Daniel. A primeira metade da 70ª Semana já transcorreu: ela começou no início do ministério público de Jesus e foi interrompida três anos e meio depois, no momento da Sua crucificação. Para os judeus, falta a segunda metade da 70ª Semana, cujo momento de retomada acontecerá no momento da Abominação da Desolação. Três anos e meio depois, acontecerá a 2ª Vinda visível e gloriosa de Jesus.

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