Introdução
A Salvação é composta por três partes:
- a Justificação: um ato do passado, para quem já creu em Cristo e está salvo, pois nasceu de novo, do alto;
- a Santificação: um processo contínuo, que diz respeito ao tempo presente, e é consequência da justificação; e
- a Glorificação: uma promessa a ser cumprida no futuro, que diz respeito aos nossos corpos.
A seguir, explicamos um pouco mais sobre cada um desses termos, sendo que o foco de nosso texto é a explicação sobre a glorificação.
Justificação
A primeira parte da nossa salvação é o que chamamos de Justificação. A partir do momento em que cremos verdadeiramente em Cristo, a morte d’Ele na cruz é computada, na perspectiva de Deus, como o pagamento pela penalidade do nosso pecado, pelo fato de Jesus ter morrido em nosso lugar. A justificação é um ato, não um processo. Não acontece em nós, mas no tribunal de Deus. É um ato legal, quando Deus, em virtude da justiça de Cristo imputada a nós, nos declara justos. A justificação não tem ‘níveis’. Todos os salvos estão justificados de igual forma e não há mais condenação para aqueles que estão salvos em Cristo. A morte do Filho perfeito e sem pecado de Deus, Jesus, foi vista por Deus como a morte de todos os que creem em Jesus. A pena, portanto, está paga. Assim, diante de Deus Pai, somos considerados justos, ou justificados. Ao sermos justificados, passamos a ser considerados filhos de Deus por adoção.
A adoção, por sinal, é um excelente exemplo para ilustrar a justificação, em seu aspecto legal. Quando alguém é adotado, ele passa a ser, legalmente, considerado filho daqueles que o adotaram, podendo usar os sobrenomes dos pais, viveram em sua casa e terem os mesmos direitos dos filhos naturais. Não se trata somente do direito de guarda, mas da plenitude do status de ser filho ou filha, com direito a herança. O ato de adoção é um ato legal, que produz todos os efeitos perante a sociedade. O ato da justificação também é um ato legal, no qual Deus passa a nos considerar justos porque Cristo pagou por todo o nosso pecado, e quem crê n’Ele se apropria dessa morte substitutiva e de tão grande salvação.
Santificação
A segunda parte é a Santificação, que é um processo, que depende da nossa cooperação. Somos nós que temos que resistir às concupiscências e desejos da carne quando eles surgem, somos nós que temos que permanecer firmes no tempo da tentação, somos nós que temos que vencer o pecado. Não em nossa própria força, mas através do poder que o Espírito Santo dá àqueles que são nascidos do Espírito. Durante toda a vida, após o momento em que alguém creu, enquanto está em seu corpo natural e mortal, o cristão sofre inúmeras tentações, dos mais variados tipos. Ele nasceu do alto, já está salvo, porém ainda está em um corpo suscetível ao pecado, pelo fato de o corpo ainda ter que ter a antiga natureza. Por uma fé ativa e obediente, o cristão pode se despir das obras da carne e vestir o fruto do Espírito (Colossenses 3:8-14).
No processo da santificação, dizemos ‘sim’ para o Espírito Santo quando opera em nossa vida, e buscamos cuidar das nossas atitudes e da nossa caminhada. Não para sermos salvos (a salvação é somente pela graça de Deus, através da fé em Jesus, e não pelas nossas próprias obras ou méritos), mas porque já estamos salvos e queremos ter uma atitude e uma caminhada que agrade a Deus, e sermos, a cada dia mais, como o Seu Filho.
No livro de Esther, no Antigo Testamento, temos uma boa figura sobre isso. Quanto Esther foi escolhida para se casar com o rei Assuero, antes de ela ser apresentada a ele, passou um ano inteiro por um processo de ‘tratamento de beleza’, de refinamento de suas maneiras e de orientação para o papel que ela iria assumir, como futura esposa do rei, após o falecimento da rainha Vasti. O eunuco que estava a cargo da tarefa foi responsável por orientá-la e aprontá-la para ela se apresentar ao futuro marido. Ele sabia o que era do agrado do rei e Esther se submeteu a tal preparação. Analogamente, quando somos salvos, o Espírito Santo faz um processo de embelezamento em nós, ao qual cabe a nós querer nos submeter e cooperar, ou não. Quanto aceitamos e cooperamos, a beleza de Cristo passar a brilhar em nós. A santificação então, é se livrar do que é velho, feio e detestável em nós mesmos, e passarmos a ter uma vida com as qualidades e a beleza de Cristo, dentro de nós, bem como, sermos capazes de nos afastar do pecado. A santificação é um processo contínuo e pode envolver inúmeros tropeços. Se falhamos, devemos nos arrepender e continuar pedindo força a Deus, para sermos corrigidos e nos tornar melhores em nossa caminhada, e termos o nosso caráter continuamente transformado, tendo os atributos descritos como sendo o fruto do Espírito.
Sobre as obras da carne e o fruto do Espírito, Paulo nos diz, em sua carta aos cristãos da Galácia:
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,
invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.” Gálatas 5:16-26
Glorificação
A terceira parte da salvação concerne os nossos corpos, e se chama a Glorificação. O nosso corpo será transformado e glorificado. Quando o cristão morrer, no dia da ressurreição, ele não será ressuscitado para o mesmo tipo de corpo que tinha antes. O nosso corpo hoje, é terrestre e perecível, e apodrece após a morte. O corpo ressuscitado será um corpo que, aparentemente, guardará algumas características visuais do nosso corpo hoje (no sentido de podermos ser identificados), porém será um corpo celestial, com propriedades que vão muito além das que o nosso corpo tem hoje. Será um corpo semelhante ao que Cristo tem hoje, que é diferente do corpo humano natural.
Hoje, somente Cristo tem o corpo glorificado. Nenhum outro crente que faleceu tem o corpo igual ao de Cristo, ainda. Os mortos em Cristo estão em espírito, no céu. Els têm identidade, consciência e são capazes de se comunicar, no céu. No dia em que a última trombeta for tocada, haverá a ressurreição dos mortos em Cristo e, simultaneamente, a transformação dos que estiverem vivos. Todos se apresentarão em algum momento diante do trono de Deus e Ele concederá a glorificação, no céu.
Tomando Cristo como exemplo, Ele ressuscitou e, aparentemente, não foi imediatamente glorificado. Ele ganhou um corpo imortal mas só foi glorificado quando se apresentou ao Pai, no céu (João 20:15-17).
Na carta de Paulo aos cristãos de Corinto, no capítulo 15, ele fala sobre a ressurreição dos mortos e a transformação, que imediatamente precedem a terceira parte da nossa salvação, que completará todo o processo. Quando somos salvos e recebemos o Espírito Santo, o Espírito Santo é o penhor (garantia) da nossa salvação e da nossa futura glorificação, assegurando que a ressurreição e a glorificação aconteça com todos os crentes: os que serão ressuscitados e os que estão vivos.
Os crentes falecidos que estão no céu não ganharam, ainda, um corpo ressuscitado. O único ser humano que já possui um corpo ressuscitado e glorificado no céu, atualmente, é o Senhor Jesus Cristo. Nenhum outro ser humano falecido já ganhou o corpo ressusctado e glorificado como Jesus tem hoje.
A seguinte passagem mostra que os crentes mortos não ganham seus novos corpos antes dos que estão vivos:
“Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.” [Hebreus 11:39,40]
A concessão de corpos imortais acontecerá após a última trombeta, para os mortos ressuscitados e para os crentes vivos transformados, de uma maneira conjunta. É altamente provável que os crentes falecidos recebam os seus corpos ressuscitados no céu, onde eles já estão — e não na Terra.
Vejamos a passagem de 1 Coríntios 15, a partir do verso 35, que é um texto magnífico, que sugerimos ser lido atentamente:
“Mas alguém dirá: “Como é que os mortos ressuscitam? E com que corpo virão?”
Insensato! O que você semeia não nasce, se primeiro não morrer.
E, quando semeia, você não semeia o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente.
Mas Deus lhe dá corpo como ele quer dar e a cada uma das sementes dá o seu corpo apropriado.
Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos seres humanos; outra, a dos animais; outra, a das aves; e outra, a dos peixes.
Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres.
Uma é a glória do sol; outra, a glória da lua; e outra, a das estrelas. Porque até entre estrela e estrela há diferenças de glória.
Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.
Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder.
Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.
Pois assim está escrito: “O primeiro homem, Adão, se tornou um ser vivente.” Mas o último Adão é espírito vivificante.
O que vem primeiro não é o espiritual, e sim o natural; depois vem o espiritual.
O primeiro homem, formado do pó da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
Como foi o homem terreno, assim também são os demais que são feitos do pó da terra; e, como é o homem celestial, assim também são os celestiais.
E, assim como trouxemos a imagem do homem terreno, traremos também a imagem do homem celestial.
Com isto quero dizer, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
Eis que vou lhes revelar um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados
num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “Tragada foi a morte pela vitória.”
“Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?”
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o trabalho de vocês não é vão.” 1 Coríntios 15:35-58
Esta é a passagem maravilhosa em que Paulo fala da ressurreição dos mortos e do corpo incorruptível / imortal, que será posteriormente glorificado. Vemos que o primeiro homem (Adão), foi um ser vivente, com um corpo terreno, perecível, como é o nosso corpo hoje. O ‘último Adão’ (Cristo) tem um corpo celestial, glorioso, e se tornou um espírito vivificante. Por isso, haverá uma nova raça de pessoas, com o corpo semelhante ao d’Ele, após sermos glorificados. Se morrermos, ressuscitaremos e seremos glorificados tal como Jesus foi, em Seu próprio corpo, mas com uma natureza diferente. Nosso corpo foi semeado em desonra e será ressuscitado em honra. Haverá, também, aqueles que estarão vivos no dia da ressurreição dos mortos, que serão transformados e, depois (após o arrebatamento), glorificados. O momento da glorificação será a etapa final do que foi prometido aos salvos, pelo fato de também abranger a situação do corpo.
No verso 40, vemos que há corpos celestiais e corpos terrestres, e que a glória dos corpos terrestres é diferente da glória dos corpos celestiais, e que eles são diferentes em esplendor. O corpo terrestre, como o do primeiro Adão, é frágil e perecível. O corpo celestial, como o do último Adão (Jesus), é espetacular, incorruptível e extraordinário, como o corpo que Cristo tem no céu hoje.
O corpo terreno foi feito para habitar a Terra e não é adequado para estar no céu, exceto se porventura houver algum ‘compartimento’ diferenciado no céu, ou outra proteção, em que o corpo humano natural e terreno consiga sobreviver e não se ‘desintegrar’ na presença de Deus. Já o corpo glorificado, celeste, como o que Cristo tem hoje, tem características muito especiais, e é apto para habitar e transitar tanto no céu como em qualquer outro lugar, inclusive a Terra. Além disso, tudo indica que haverá diferentes tipos de glória.
O que acontece ‘em um abrir e fechar de olhos’ é o arrebatamento?
Muitos estudiosos de escatologia bíblica bem intencionados confundem a passagem acima, dos versos 50 a 54, com a descrição do arrebatamento. Se a passagem for lida atentamente, você verá que o arrebatamento não é mencionado! Leiamos mais uma vez:
“Com isto quero dizer, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.
Eis que vou lhes revelar um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados
num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: ‘Tragada foi a morte pela vitória.’ “ 1 Coríntios 15:50-54
No verso 51, Paulo revela um mistério. No Novo Testamento, um “mistério” é uma revelação inédita, ou seja, algo antes totalmente desconhecido, resultado de revelação profética dada a Paulo. O mistério, nesse caso, não pode ser o evento da ressurreição dos mortos, porque a ressurreição já era um assunto plenamente conhecido pelos judeus da época, que conheciam as escrituras hebraicas, que chamamos hoje de ‘Antigo Testamento’. Veja algumas passagens do Antigo Testamento que falam da promessa da ressurreição:
“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim”. Jó 19.25-27;
“Os teus mortos viverão, os teus mortos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos”. Isaías 26.19;
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno. Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente”. Daniel 12.2,3.
Fica claro que a ideia da ressurreição dos mortos não era desconhecida, para os judeus.
Então, se o mistério a que Paulo se refere não é a ressurreição dos mortos, qual seria? O mistério é que os crentes que estiverem vivos (no momento em que a última trombeta for tocada e os mortos forem ressuscitados) terão os seus corpos transformados (e em seguida glorificados), em um abrir e fechar de olhos, sem passarem pela morte! Esta é a revelação inédita! Esta passagem não está falando de um arrebatamento, mas da transformação dos corpos dos crentes que estiverem vivos, sem que vejam a morte! No momento da transformação, o corpo do crente que está vivo passará a ser imortal. Será um corpo com as mesma características de um corpo ressuscitado e incorruptível, porém a pessoa não precisará morrer e ressuscitar.
Supor que o que acontece ‘em um abrir e fechar de olhos’ seria o arrebatamento é uma extrapolação dessa passagem bíblica, que não afirma, em momento algum, que o arrebatamento acontecerá instantes depois da transformação dos crentes que estiverem vivos. Acontecerá um arrebatamento depois desse evento? É claro que sim, por coerência com outras passagens bíblicas. Mas se Cristo tiver uma missão para os crentes transformados (com corpos incorruptíveis e imortais) desempenharem na Terra antes do arrebatamento, certamente poderá haver um intervalo de tempo entre esses dois eventos.
Alguma outra passagem bíblica dá sustentação à tese de que o momento da transformação não é o mesmo do arrebatamento?
Em outras postagens, já explicamos que os crentes vivos que vierem a ser transformados (antes do primeiro arrebatamento) equivalem ao ‘filho’ de Apocalipse 12, que é arrebatado ao céu logo após a ‘Mulher’ (Israel) ter as dores de parto (uma guerra ou invasão) e dar esse filho à luz. No capítulo 5, os 24 Anciãos aparecem na ‘sala do Trono’ de Deus, o mesmo local em que o ‘filho’ é levado. É nossa compreensão que o ‘filho’ é exatamente o mesmo grupo de crentes representado pelos ’24 Anciãos’, que é um número simbólico.
Quantos dias transcorrem entre a transformação dos crentes vivos e o arrebatamento?
Embora não devamos ir além do que está escrito, de maneira explícita, no texto bíblico, podemos e devemos fazer inferências, a partir de diversos padrões que a Bíblia apresenta, em forma de tipos e figuras.
Em Israel, quando um bebê do sexo masculino nascia, a Lei de Moisés (Levítico 12:2-3) ordenava que o filho deveria ficar aos cuidados de sua mãe por 7 dias e que, no 8° dia de vida, o menino deveria receber o seu nome e ser apresentado no Templo, onde seria submetido ao ritual da circuncisão. No Novo Testamento, além de Jesus, o apóstolo Paulo também foi circuncidado ao 8° dia (ver Filipenses 3:4,5), porque era o requisito e costume do povo israelita.
Esse já é um padrão fortíssimo para dar uma pista para a duração do intervalo entre o momento do ‘nascimento’ do ‘filho’ (a transformação dos corpos dos crentes fiéis que estiverem vivos naquela data) e o dia da apresentação do ‘filho’ à sala do Trono de Deus (o arrebatamento): 8 dias a partir (e contando com) o primeiro dia. A título de curiosidade, mesmo se o 8° dia caísse no Sabbath, a apresentação no Templo e a circuncisão do bebê não era dispensada nem adiada.
Como se não bastasse a figura do mandamento acima, há também o mandamento de o leproso, quando fosse curado, se apresentasse ao sumo sacerdote do Templo, no 8° dia. Na história da redenção, a lepra é uma figura do pecado, que desfigura o ser humano. Não é de se estranhar que o leproso, após a sua cura, devesse se apresentar ao Templo no 8° dia, como será o caso dos crentes redimidos e transformados, que um dia, antes de terem sido ‘curados’ da ferida do pecado, já foram como ‘leprosos’.
Arrebatamento repentino?
Há filmes e vídeos mostrando cenas de como seria o arrebatamento (como o filme ‘Deixados para trás’ e algumas novelas da TV). Mostram pessoas caminhando na rua normalmente, ou dirigindo carros ou aviões e, repentinamente, a pessoa desaparece do nada e as suas roupas caem no chão, os carros ficam desgovernados e aviões ficam sem piloto. Essa representação não faz sentido algum, por vários motivos:
O primeiro motivo é que, alguns dias antes do arrebatamento (provavelmente, uma semana antes, como explicamos acima), essa pessoa que é um crente fiel (não no sentido de ser alguém perfeito, mas simplesmente de perseverar na fé e não viver em pecado deliberado e sem arrependimento), terá o seu corpo transformado.
O segundo motivo é que a própria transformação não acontecerá em um dia qualquer. Em Apocalipse 12, é claramente mostrado que o ‘filho’ só ‘nasce’ após as ‘dores de parto’ da ‘mulher’. Portanto, a simbologia nos mostra que antes do evento da transformação, haverá uma guerra ou invasão em Israel (haverá também a queda de estrelas do céu, o que pode sugerir uma aparição de anjos leais a Satanás (demônios) que talvez se manifestem como ‘alienígenas’). Confira em Apocalipse 12.
Finalmente, o terceiro motivo é que, se o arrebatamento só acontece alguns dias após a transformação do crente, com certeza essa pessoa, já em seu corpo transformado, não voltará à sua rotina como se nada tivesse acontecido (exemplo: indo ao trabalho, dirigindo carro ou pilotando avião), muito menos será pega de surpresa no dia do próprio arrebatamento. O dia do arrebatamento, após a transformação dos crentes vivos, será conhecido por quem vier a ser transformado. Portanto, a tese de um arrebatamento ‘repentino’ para os cristãos de hoje (que serão o ‘filho’ de Apocalipse 12, que equivalem aos 24 Anciãos de Apocalipse 5) é desprovida de sustentação.
Também não devemos esperar que o Anticristo assine um ‘Acordo de Paz’ com Israel para sabermos que os ‘sete anos de tribulação’ começaram ou estão prestes a começar, porque essa interpretação é equivocada, como explicamos em outro artigo postado neste blog.
Conclusão
A glorificação é a última etapa da salvação eterna oferecida por Cristo, e diz respeito ao que acontecerá com o corpo do crente, que será como o magnífico e glorioso corpo que Jesus tem hoje, apto para transitar no céu e na Terra, e com muito mais poderes, imortal e incorruptível, correspondendo a uma nova ‘raça’ de humanos, não à semelhança do ‘primeiro Adão’, mas do ‘último Adão’ (Cristo). Não temos a menor noção da maravilha e da beleza que será o nosso corpo, na nova condição. Quem for idoso aparecerá como jovem, quem for deficiente físico terá um corpo perfeito, quem tiver doenças, isso não mais existirá. A glorificação só acontecerá no céu, após o crente ser apresentado diante do trono de Deus Pai.
Com o novo corpo transformado e glorificado, terá sido completada a promessa da salvação integral do crente, que inclui o corpo. O crente glorificado não estará mais sujeito a doença alguma, nem ao envelhecimento, nem à morte, nem a tentação alguma, e será dotado de muitos poderes, que Cristo concederá, para que possamos ser Seus assistentes durante o Reino Milenar. Tanto no céu como na Terra, o crente glorificado não terá como rotina ficar ‘flutuando em uma nuvem e tocando harpa’ mas, sim, muito trabalho. Além da oportunidade de adorar a Deus, nosso Pai, vendo-O face a face, em Sua beleza, glória e majestade, teremos a oportunidade de realizar muitas tarefas para Cristo, na Terra, como Seus ajudadores.
Entre o momento da transformação e o momento do arrebatamento, haverá um intervalo de uma semana (tal como no tipo e figura da apresentação no templo, dos meninos recém nascidos sob a lei judaica). O arrebatamento de quem foi transformado não será repentino, nem surpreenderá crente algum. No céu, os crentes arrebatados intercederão por pessoas que ficaram na Terra. Com a presença dos ’24 Anciãos’ diante do Trono de Deus (o ‘filho’ arrebatado, que se revezará em turnos, ou divisões), para realizarem as tarefas de intercessão, Cristo (que terá passado essa tarefa para os ’24 Anciãos’) estará livre para tomar o pergaminho da mão do Pai e abrir o primeiro Selo de Apocalipse, e assumir novas funções e providências. A abertura dos sete selos levará à Sua Segunda Vinda visível e gloriosa à Terra, bem como à derrota do Anticristo, do Falso Profeta e a prisão de Satanás, e assim iniciar o reino milenar de Cristo, na Terra.
Se tiver interesse em ler outro artigo sobre o momento da ressurreição dos que morreram em Cristo e da transformação dos crentes vivos, poderá encontrar uma postagem sobre esse tema neste link.
◊◊◊
Se você ainda não crê em Jesus, ou não se sente seguro sobre o seu destino eterno, conheça a nossa página da Salvação.