nefilim

Quem eram os filhos de Deus e os nefilim em Gênesis 6

No capítulo 6 do livro de Gênesis, deparamo-nos com o seguinte relato, que fala sobre os filhos de Deus e os gigantes / nefilim:

E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas. Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.” Gênesis 6:1-4

Muitas pessoas ficam confusas com esse trecho, com os seguintes questionamentos:

  • quem eram os filhos de Deus? Anjos ou um grupo específico de homens?
  • quem eram as filhas dos homens? Mulheres comuns ou um grupo específico de mulheres?
  • o que significa, exatamente, a palavra ‘gigantes’ / nefilim?

1ª explicação: os filhos de Deus seriam anjos caídos e os nefilim seriam filhos híbridos

Há muitos teólogos que interpretam que os ‘filhos de Deus’, nessa passagem, seriam anjos caídos. Nessa interpretação, anjos leais a Satanás, que abandonaram o seu estado natural, no céu, resolveram habitar a Terra e terem relações sexuais com mulheres, para gerarem filhos e dominarem a Terra. É curioso que, no original, em hebraico, o adjetivo usado para as filhas dos homens (termo טֹבֹ֖תé , identificado pelo número 2896 na Bíblia interlinear em hebraico, com pronúncia ‘tobe’) significa simplesmente ‘bom/boa’, ou seja, possivelmente ‘boas para alguma função’, não necessariamente somente ‘formosas’, embora elas pudessem ser bonitas. É a mesma palavra hebraica usada em Gênesis 1:12, quando Deus viu a sua Criação e viu que ‘isso era bom’.

Os anjos caídos tinham a intenção de gerar descendentes. Esses filhos de fêmeas humanas fecundadas por anjos caídos foram os ‘gigantes’, tradução usada para ‘nephilim’ (ou ‘nefilim’, na grafia em português). Nefilim (נְפִילִים) é um substantivo plural derivado do hebraico ‘naphal’, que significa “ele caiu”, transmitindo a impressão de um ‘desertor’. Embora os nefilim tivessem estatura ‘gigantesca’ (3 a 5m de altura) para os padrões normais humanos, a tradução que foi adotada em vários idiomas (‘gigantes’) não corresponde ao termo hebraico que está na passagem. O nome que deveria constar é ‘nefilim’, não ‘gigantes’.

Os nefilim eram reconhecidos na Bíblia e, também, em histórias de várias culturas, como seres muito valentes e de estatura muito maior que um humano normal, os ‘semideuses’ da mitologia de vários povos. Esta foi a interpretação favorita do judaísmo antigo e na Igreja primitiva.

O termo hebraico ‘Bene HaElohim’ (בְנֵי־הָאֱלֹהִים) sempre significou os ‘filhos de Elohim’, ou ‘filhos de Deus’. No Antigo Testamento, vemos o termo em Jó 1:6 / 2:1 e 38:7 sendo sempre usado para se referir a anjos, por serem uma criação direta de Deus. Todos os seres humanos (com exceção do próprio Adão) são descendência de Adão e não foram criação direta de Deus.

O livro de Enoque, embora não faça parte do cânone bíblico, é útil como fonte de referência para entendermos um pouco sobre o vocabulário e a gramática dos tempos antigos. Nesse livro, os ‘filhos de Deus’ são sempre termos usados para se referir a anjos.

Na Septuagenita, versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego coiné, entre os séculos III a.C. e o século I d.C., em Alexandria, muito usada pelos israelitas nos tempos antigos, o significado do termo ‘Bene HaElohim’ era, também, claramente, o de ‘anjos’.

O termo ‘filhas dos homens’, na tradução literal, significa ‘filhas de Adão’ pois, em hebraico (אדם), a palavra ‘ādām’ significa homem / humanidade.

Esses ‘nefilim’ são descritos na Bíblia como guerreiros cruéis que agiam como inimigos da raça humana, cometendo muitas violências e assassinatos. Como a passagem diz que os ‘filhos de Deus’ (os anjos que abandonaram o céu) ‘tomaram para si mulheres de todas as que escolheram’, não sabemos se esses anjos eram muito belos ou se eles tomaram mulheres a força, com o objetivo de procriação.

Há quem até mesmo alegue que algumas tribos de nefilins teriam 6 dedos em cada mão, e não 5 como os humanos comuns. Não há base para confirmar essa suposição, mas é possível, ainda que nem todos os nefilim necessariamente tivessem 6 dedos na mão. Alguns comentaristas dizem que o hábito de saudar alguém erguendo uma das mãos, aberta, teria origem na demonstração de que a pessoa que está saudando: (i) está desarmada; e (ii) tem 5 dedos. Não sabemos se isso procede.

A razão do Dilúvio

Como podemos ler na própria continuação da passagem de Gênesis 6, a existência desses seres híbridos e transumanos, na Terra, cruéis e violentos, foi a razão de Deus ter enviado o Dilúvio. Veja:

Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama. E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração.
E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor. Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus. E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.

A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.
E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.
Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.
Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume
(…). Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. Gênesis 6:4-17

A maior parte dos teólogos antes do Século V entendia que os ‘filhos de Deus’ de Gênesis 6 se referia a anjos caídos. Vários autores cristãos de épocas recentes, como C. H. Mackintosh, W. Kelly, J. N. Darby, também entendem dessa forma.

O entendimento de Gênesis 3:15 também é importante (a passagem que fala sobre a descendência da serpente) para entender Gênesis 6, os filhos de Deus e os nefilim.

2ª explicação: os filhos de Deus seriam os descendentes de Sete

Outra corrente teológica, que atualmente é a majoritária — surpreendentemente, a ensinada em seminários de Teologia — , entende que a expressão ‘os filhos de Deus’ mencionados em Gênesis 6 significaria simplesmente ‘homens crentes da linhagem de Sete’, que era o terceiro filho de Adão. O primeiro filho havia sido Caim (que é descrito como sendo ímpio), o segundo havido sido Abel (assassinado por Caim e que não deixou descendência). Nessa interpretação, os homens justos, que seriam ‘filhos de Deus’ ‘por adoção’, teriam se casado com mulheres descrentes e ímpias, da linhagem de Caim, e teriam nascido homens de grande estatura.

Essa narrativa não faz sentido algum, e o que está escrito no texto bíblico não dá nenhum suporte a essa interpretação. Em nenhum local da Bíblia é sequer sugerido que os filhos de Sete seriam os ‘filhos de Deus’ e que as mulheres descendentes de Caim seriam as ‘mulheres’ de Gênesis 6. O texto poderia ter mencionado ‘filhos de Sete’ se essa fosse a intenção, e ‘filhas de Caim’ se um determinado subgrupo de mulheres estivesse sendo referenciado. Não foi o caso. Se usou a expressão ‘filhos de Deus’ e ‘filhas de Adão/homens’, é porque era exatamente isso que o texto bíblico significava.

No livro de Jó, fica evidente que a expressão ‘filhos de Deus’ se refere a anjos. Ademais, até hoje, homens crentes, justos e piedosos se casam e têm filhos com mulheres perversas e, nem por isso nascem seres gigantescos. Os antigos comentaristas judaico-cristãos, antes do Credo de Niceia, acreditavam que a expressão “filhos de Deus”, em Gênesis 6, referia-se a anjos caídos. Um ardente defensor da interpretação de que ‘filhos de Deus’ se referia à descendentes de Sete (e não anjos caídos) foi o teólogo Agostinho de Hipona, que alegorizou muitas passagens bíblicas e distorceu o que estava escrito. Seu método de interpretação da Bíblia teve um impacto profundo e seu legado permanece até hoje. Ocorre que essa interpretação não tem nenhum amparo no texto bíblico — é uma invenção.

Como se essa explicação não bastasse, o próprio Dilúvio ficaria sem justificativa. Se os ‘filhos de Deus’ em Gênesis 6 não fossem anjos caídos, leais a Satanás, que geraram seres híbridos (os ‘nefilim’), para corromper o DNA humano, por que razão um Deus justo e amoroso então mandaria uma sentença de morte para todo o planeta, e pouparia uma única família de seres humanos? Por que mandaria exterminar os tais ‘filhos de Deus’, que supostamente seriam a ‘santa linhagem de Sete’, que era considerada ‘justa’? Não, o que a Bíblia diz é que os tais ‘filhos de Deus’ não eram humanos, eram anjos caídos, que geraram descendência numerosa e extremamente violenta, a ponto de os únicos sobreviventes, no momento do término da construção da arca, ter sido Noé, a sua mulher e os seus filhos Sem, Cam e Jafé e as suas respectivas esposas — os únicos que não tinham contaminação genética de anjos caídos ou dos nefilim.

Note-se que no verso 9 de Gênesis 6, é dito que “Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.” Além de Noé ser alguém que honrava a Deus e buscava ser uma pessoa justa e fiel a Deus, observe essa expressão curiosa: Noé era “perfeito em suas gerações“. Isso significa que ele e toda a sua família tinham DNA não contaminado por anjos caídos.

A estratégia de Satanás

Se observarmos a estratégia de Satanás, que enviou anjos caídos para realizar o seu plano de dominar a Terra e impedir que o tal ‘descendente da mulher’ (que viria a ser o seu futuro inimigo) mencionado em Gênesis 3:15 viesse a nascer, então, por muito pouco, ele não atingiu os seus objetivos, já que, dentre milhões de habitantes da Terra àquela altura, sobraram menos de 10 pessoas com DNA 100% humano. É bastante possível que, além de haver imensa presença de ‘nefilim’ na Terra, os humanos estivessem sendo exterminados. Se todos os habitantes humanos do planeta tivessem sido exterminados ou tido a sua estrutura genética alterada, não seria possível que Jesus tivesse vindo ao mundo como ‘descendente da mulher’ e, por isso, não haver mais aquele descendente da mulher que viria cumprir a profecia de derrotar Satanás.

Com o Dilúvio, que é reconhecido por várias culturas, mesmo as não judaico-cristãs, os nefilim daquela época morreram, e os anjos caídos foram presos por Deus no Poço do Abismo (o “Tártaro” da mitologia), onde aguardam o dia em que serão soltos, conforme narrado em Judas 1:6 e 2 Pedro 2:4-6.

Como os nefilim não eram nem anjos caídos nem 100% humanos (e sim seres híbridos), eles não podiam ir nem para o Poço do Abismo (por não serem anjos caídos que estavam na Terra na época do dilúvio) nem para o Sheol (ou Hades), que é o lugar para onde iam as almas dos humanos mortos (e continuam indo, no caso das pessoas falecidas descrentes. O Hades tem um lugar de paz para os falecidos descrentes que buscaram viver uma vida de bondade e justiça, e um lugar não tão bom para os falecidos descrentes que agiram com crueldade e que não se arrependeram). Então, para onde foram as almas dos tais nefilim, que foram exterminados no dilúvio? Essas almas rondam, até hoje, por sobre toda a Terra. Esses são os demônios comumente mencionados na Bíblia, e que buscam corpos de pessoas, animais ou até objetos para habitarem. Eles não foram presos no Poço do Abismo. Na passagem de Lucas 8:26-39, vemos que os demônios expulsos do homem gadareno imploraram para que não fossem mandados para o Abismo. Eles foram expulsos do homem endemoniado e entraram em uma manada de milhares de porcos, que em seguida se jogou em um despenhadeiro no mar.

Sempre que alguém tenta fazer comunicação com seres falecidos, não estão falando com os tais falecidos, mas com demônios enganadores. É por isso que a necromancia (‘comunicação espírita’) é terminantemente proibida na Bíblia. Esses demônios existem desde tempos antigos e conhecem, em centenas de gerações inteiras de humanos que viveram sobre a Terra, e podem se passar por eles, impersonando-os, em sessões de comunicação com mortos que é proibida na Bíblia.

Em Gênesis 6:4, é dito que depois daquela época também houve presença de nefilim na Terra. Como o texto bíblico deixa bem claro que todos os nefilim que habitavam a Terra, na epoca do Dilúvio, morreram, a única explicação para outra incursões posteriores é a aparição de novos anjos caídos que desertaram o céu e fizeram o mesmo que os anjos caídos pré-diluvianos, gerando novos descendentes ‘nefilim’, em uma situação mais localizada do que a que existia antes do Dilúvio.

Os habitantes da Terra de Cannaã

A passagem de Números 13, sobre a chegada dos espias israelitas na Terra de Canaã, ilustra isso: “E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos.” Números 13:32,33

A reinfestação deve ter sido permitida por Deus por alguma razão, mas a incursão foi controlada. Há várias passagens no Antigo Testamento em que Deus ordena que os israelitas aniquilem povos inteiros.

Os capítulos 14 e 15 de Gênesis mencionam os ‘refaim’, os ‘emim’, os ‘horim’ e o ‘zamsummim’. Números 13:33 fala de Arba, Anaque e os seus 7 filhos (Anakim), encontrados em Canaã. Em Deuteronômio 3:11 e Josué 12, encontramos Ogue, o rei de Basã, que era o rei dos gigantes, os ‘refaim’. Em 2 Samuel 21:16-22 e 1 Crônicas 20:4-8 encontramos os nefilim Golias e seus quatro irmãos.

Anjos podem se reproduzir?

Uma objeção comum à interpretação de que os nefilim seriam filhos de anjos caídos com mulheres humanos é o fato de que, em Mateus 22:30, Jesus disse que “na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu”. Ocorre que a passagem fala de anjos em seu estado natural, no céu, e não anjos que abandonaram o seu estado natural e que saíram do céu. Não há nenhuma menção, na Bíblia, de que anjos não conseguiriam se reproduzir, fora de seu estado natural e fora do céu. O que é dito é que, no céu, eles não se casam.

Por que a correta compreensão de Gênesis 6 é essencial

Entender corretamente o relato de Gênesis 6 tem imensa importância, por várias razões:

  1. Se havia seres híbridos violentos e inimigos da humanidade, sobre a Terra, conseguimos compreender a providência divina do grande Dilúvio, que teve proporções globais. Se Deus não tivesse agido para preservar a raça humana, Jesus não teria nascido e nem haveria mais ninguém 100% humano para ser salvo. A história do Dilúvio é lida para crianças como um relato semelhante às fábulas infantis, com os bichinhos entrando na arca. Porém, se pararmos para pensar, foi um ato de proporções catastófricas. Havia bilhões de seres habitando a Terra, todos exterminados. Deus sabia o que estava fazendo e tinha uma justificativa para aquela providência: Ele destruiu os seres vivos que respiravam sobre a terra por causa dos ‘nefilim’ —- uma nova espécie forjada por Satanás. Somente Noé a sua família ainda eram ‘perfeitos’ em sua composição genética, ou seja, 100% humanos. Se os seres que morreram fossem humanos normais, incluindo boas pessoas, não conseguiríamos entender a razão de Deus ter determinado o extermínio. Já, tendo em mente que todos os supostos ‘humanos’ com exceção da família de Noé eram ‘nefilim’, houve uma razão fortíssima para isso.
  2. Se, na chegada à Terra de Canaã e em outras passagens da Bíblia, os povos que Deus mandou os israelitas exterminarem eram formados por ‘nefilim’, tudo passa a ter encaixe perfeito e fica mais fácil compreender. Muitas pessoas não entendem a diferença entre o caráter de Deus no Novo Testamento e o que é relatado no Antigo Testamento. Há quem não queira ouvir a mensagem do Evangelho porque não compreende certas passagens do Antigo Testamento. Já se esses povos a quem Deus mandou os israelitas aniquilarem por completo — incluindo mulheres e crianças — tiverem sido descendentes de nefilim, conseguimos entender, por ter sido uma providência necessária e urgente, para a preservação da própria raça humana. Deus sabia qual era o objetivo dos ‘nefilim’. Há estudiosos sobre arqueologia relacionada aos ‘nefilim’ que mencionam a existência de vários ossos humanos raspados, nos locais em que foram encontrados esqueletos de seres gigantescos. Isso, muito provavelmente, indica que ‘nefilim’ podem ter incluído carne humana em sua dieta alimentar.
  3. Se os ‘filhos de Deus’ de Gênesis 6 não fossem anjos caídos, não haveria como compreender as passagens de Judas 1:6, 2 Pedro 2:4-6, nem várias passagens de Apocalipse.

Judas 1:6-7: “E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.”

2 Pedro 2:4-6: “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno (“tartarus”), os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente“. 2 Pedro 2:4-6

Essas passagens claramente mencionam anjos que agiram de maneira gravíssima, a ponto de serem presos no Poço do Abismo.

  1. Se os ‘filhos de Deus’ de Gênesis 6 não fossem anjos caídos, como haveríamos de interpretar a passagem de Gênesis 3:15, em que Deus fala a Eva e à Serpente (Satanás) que um ‘descendente da mulher’ viria a ser inimigo do ‘descendente da Serpente’? Em que momento o descendente da Serpente apareceria? A explicação de que anjos caídos podem procriar com mulheres humanas, gerando seres híbridos, abre um precedente para a questão da ‘descendência da Serpente’, embora ela possa vir a ocorrer de outras formas, também.
  2. Se os ‘filhos de Deus’ de Gênesis 6 não fossem anjos caídos e os Nefilim não fossem a descendência desses anjos caídos com mulheres humanas, não haveria como compreender exatamente o que Jesus quis dizer quando mencionou que o fim dos tempos seria como ‘os dias de Noé’. Em que sentido seria igual aos dias de Noé? Todos vivendo normalmente e ignorando que algo grave estaria por acontecer, sendo pegos de surpresa? Sim, essa parte também é verdade, mas não é só isso: no fim dos tempos, haverá incursão de anjos caídos na Terra. Veja o artigo O Sinal da mulher e o sinal do Dragão.

Conclusão

A interpretação de que os ‘filhos de Deus’, em Gênesis 6, são anjos caídos, que geraram descendentes híbridos — os nefilim — é o que o texto bíblico efetivamente narra. Não há nenhum suporte bíblico para a tese de que os ‘filhos de Deus’ seriam os ‘descendentes setitas’, nem para que as ‘mulheres’ fossem ‘descendentes de Caim’. Isso foi uma especulação sem fundamento de alguns teólogos, sem amparo bíblico. Ao contrário, em outras passagens da Bíblia, como o livro de Jó, e no livro apócrifo de Enoque, bem como em toda a tradição judaica, ‘filhos de Deus’ é uma expressão que sempre se refere a anjos, que foram diretamente criados por Deus. Entre os humanos, somente Adão foi diretamente criado por Deus. Jesus também é chamado Filho de Deus (no sentido de ‘Deus Filho’), mas Ele não foi criado por Deus Pai, porque Jesus sempre existiu junto com o Pai e o Espírito Santo.

É verdade que, no Novo Testamento (Romanos 8:13-17), os crentes em Cristo são chamados de ‘filhos de Deus’ por adoção, a partir do momento que creem e passam a ser guiados pelo Espírito Santo. Contudo, essa noção não existia antes de Cristo. Quando Gênesis foi escrito, muitos séculos antes, os filhos de Deus eram amplamente conhecidos como os anjos, não fazendo sentido adotar outra interpretação como a de ‘filhos de Deus por adoção’ e atribuindo essa condição aos descendentes de Sete. Isso esgarça o texto bíblico, atribuindo-lhe uma interpretação sem nenhum cabimento. Ademais, a suposição de que os filhos de Deus seriam seres humanos normais (da linhagem de Sete) não apresenta nenhuma explicação para a razão do Grande Dilúvio, bem como, não há razão para supor que toda a descendência setita fosse, necessariamente, de homens crentes e santos. Há até autores que afirmam que Enos, filho de Sete (não de Caim), teria sido o primeiro a profanar o nome de Deus (devido a tradução supostamente incorreta de Gênesis:26, que daria margem a essa interpretação), dando início a práticas idólatras. Em Gênesis, os filhos de Deus são anjos que abandonaram o céu, e os gigantes ou nefilim são seres híbridos, descendentes desses anjos com mulheres humanas.

Compreender a passagem de Gênesis 6 corretamente é condição essencial para entender várias outras passagens da Bíblia, inclusive o livro de Apocalipse, e não correr o risco de distorcer a compreensão do próprio caráter de Deus, que teve fortíssimos motivos para controlar a invasão de ‘nefilim’ e agir de maneira decisiva para impedir o desaparecimento da humanidade da Terra.

O livro de Apocalipse também narra a presença de anjos caídos na Terra, e vários desdobramentos daí decorrentes, conforme abordado no artigo A Restauração do Domínio da Terra.

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Se entender a língua inglesa e tiver interesse em ler artigos sobre a ação de ‘nefilim’ e de seres extradimensionais na Terra, poderá encontrar vídeos do escritor cristão norte-americano L. A. Marzulli, que é um estudioso desse assunto. Ele tem diversos livros publicados e canal no YouTube.

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