Tradução adaptada de estudo bíblico da autora Brenda Weltner
Introdução
É de amplo conhecimento que, nos anos que precederão a 2ª Vinda de Cristo, haverá um período de ‘tribulação’, ou aflição, na Terra. Em quase todas as menções da palavra ´tribulação’, ela vem expressa como uma ‘tribulação de 7 anos’, como se a palavra ‘tribulação’ já fosse sinônimo de ‘7 anos’. Essa compreensão é tão difundida que há, até mesmo, diferentes posições para o momento do arrebatamento, todos baseadas em uma premissa de tribulação de 7 anos:
- Pré-tribulacionistas: acreditam que os crentes serão arrebatados imediatamente antes do início da tribulação;
- Mesotribulacionistas: acreditam que os crentes serão arrebatados 3 ½ anos da 2ª vinda de Cristo, e que estarão na Terra durante a primeira metade (os primeiros 3 ½ anos) da tribulação de 7 anos;
- Pré-ira: acreditam que os crentes serão arrebatados antes do dia do derramamento da ira de Deus;
- Pós-tribulacionistas: acreditam que os crentes estarão na Terra durante todo o período da tribulação de 7 anos, e que o arrebatamento somente aconteceria na altura da 2ª Vinda, ou seja, pouquíssimo tempo depois do arrebatamento, os crentes fariam um retorno em forma de ‘U’ e voltariam à Terra, com Cristo.
Em todas as posições escatológicas acima, os seus aderentes partem da premissa de que a tribulação durará 7 anos inteiros, e que o evento que marcará o início da tribulação será a assinatura de um ‘acordo de paz pelo Anticristo’, com Israel.
Outros pontos em comum entre a maior parte as posições escatológicas acima são:
- que a tribulação de 7 anos equivaleria ao derramamento da ira de Deus;
- que a 69ª Semana de Daniel (da profecia das 70 Semanas de Daniel) teria terminado no ‘Domingo de Ramos’, quando Jesus entrou em Jerusalém e foi recepcionado e aclamado como rei pelos judeus;
- que toda a 70ª Semana de Daniel (com duração de 7 anos) será em um momento futuro;
- que todos os crentes serão levados no arrebatamento e a era da graça / era da Igreja terá terminado no dia do tal arrebatamento, e que, durante a tão chamada tribulação de 7 anos, Deus estaria lidando exclusivamente com Israel;
- que há um único arrebatamento, que eles chamam de ‘arrebatamento da Igreja’, como se toda a Igreja fosse partir da Terra de uma só vez.
Neste artigo, vamos discutir por que a tribulação não terá duração de 7 anos inteiros, bem como, por que várias dessas premissas não têm fundamento e levam a conclusões equivocadas.
Por que é importante entender isso? Porque toda a montagem de uma linha do tempo / cronologia para os eventos do tempo do fim dependem da correta compreensão dos eventos narrados nas profecias bíblicas. Se certas premissas básicas estiverem erradas, todo o restante da interpretação será prejudicado, da mesma maneira que, quando vamos abotoar uma camisa, se o primeiro botão é encaixado na casa errada, não há nenhuma chance de os demais botões terem encaixe correto. Se você abotoar o primeiro botão na 2ª casa e não na primeira, você já sabe qual será o resultado: tudo dará errado.
Imagine haver um arrebatamento e, quem vier a crer em Cristo, depois, achar que ainda haverá 3 ½ anos até o início do governo do Anticristo, e 7 anos inteiros até a 2ª Vinda de Jesus. Imagine as pessoas não entenderem que a ‘era da Igreja’ não terá acabado, e não saberem que, até a 2ª Vinda da Cristo ainda haverá chance para a salvação pela graça, por meio da fé em Cristo. Isto porque, enquanto Cristo não voltar, a salvação pela fé ainda será possível!
A propagação de explicações equivocadas sobre certos aspectos do período da tribulação — incluindo os relacionados à sua duração — afetará a compreensão de muitas pessoas que vierem a crer depois do arrebatamento e o seu ânimo para perseverar e ter esperança. De fato, não haverá novos crentes após a ‘operação do erro’ narrada em 2 Tessalonicenses 2:11 (exceto se a pessoa nunca tiver ouvido o Evangelho), a qual provavelmente acontecerá no dia da ressurreição do Anticristo, que enganará a todos os que tiverem, até então, rejeitaram a mensagem do Evangelho. No entanto, entre a data do arrebatamento e a data da “operação do erro”, haverá muitas pessoas (inclusive gentios, que já ouviram o Evangelho) que crerão em Cristo e serão salvas. A correta compreensão da Palavra profética tem e terá grande importância.
Como surgiu o entendimento de que a tribulação dura 7 anos
A interpretação de uma tribulação que dure 7 anos inteiros tem origem em uma compreensão equivocada da ‘Profecia das 70 Semanas’, encontrada no capítulo 9 do livro de Daniel. Se essa profecia for entendida de maneira incorreta, todo o restante da sua interpretação escatológica será afetado por isso. Não existe, em Daniel 9, nenhuma indicação de uma tribulação que dure 7 anos.
Vejamos a profecia das 70 Semanas. Diz a passagem de Daniel capítulo 9:
Tradução Almeida Revista e Atualizada (‘ARA’):
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
27 Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele. Daniel 9:24-27
Tradução Almeida Corrigida Fiel (‘ACF’):
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
26 E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.
27 E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador. Daniel 9:24-27
Essa profecia foi dada para o povo judeu, por meio do profeta Daniel, mais de 4 séculos antes da 1ª Vinda de Cristo, durante o cativeiro babilônico. A profecia foi dada para que os judeus soubessem quando o Messias viria, e o que aconteceria com a cidade de Jerusalém que, na ocasião da profecia, estava destruída. Durante o curso de 70 ‘semanas’ (semana = conjunto de 7) de anos, Deus iria acabar com o problema do pecado e a iniquidade seria expiada.
Nessa profecia, é mencionado que haveria um decreto futuro para restaurar e reconstruir Jerusalém; então, após o decreto, os sucessivos conjuntos de sete anos, também conhecidos como ‘ciclo sabáticos’ deveriam ser contados.
Importante lembrar que ciclos sabáticos sempre se iniciam no Ano Novo do calendário hebreu, que é a Festa de Trombetas, 1º dia do mês ‘Tishri’. Quando se trata de um ‘Ano do Jubileu’, ele é declarado no Dia da Expiação (‘Yom Kippur’).
As 70 semanas de anos começariam depois de um decreto para reconstruir Jerusalém. Sete semanas de anos seriam contadas (equivalendo a 49 anos). Em seguida, mais 62 semanas de anos seriam contadas (equivalendo a 434 anos). Após as 62 semanas (que vêm depois das primeiras 7 semanas), ou seja, “após 69 semanas” (um total de 483 anos), o ungido (o Messias, o Príncipe), seria ‘cortado’ (este é o termo que aparece no original: כָּרַת ou ‘kârath’, em hebraico, que significa ‘cortar’, ‘ser cortado’ ou ‘selar uma aliança’). Esse verbo aparece na tradução ACF.
Essa profecia foi feita para ser entendida pelo povo judeu, para que eles pudessem identificar o ponto de partida e conseguir identificar quando o Messias viria. Em outras palavras, o Messias viria 69 semanas de anos (483 anos) a contar do início de um ciclo sabático (iniciando com um Ano Novo do calendário hebreu) que imediatamente sucedesse o decreto para reconstruir Jerusalém. Nenhum judeu contaria ‘shabuas’ (conjuntos de 7 anos) a partir de uma data aleatória.
A maioria das pessoas que acreditam em uma ‘tribulação de 7 anos’ supõem que a 69ª Semana teria terminado quando da ‘entrada triunfal’ de Jesus em Jerusalém, no ‘domingo de Ramos’. Essa interpretação, proposta por um autor britânico chamado Sir Robert Anderson, há mais de um século, em seu livro ‘The Coming Prince’ (título em português: ‘O Príncipe que Há de Vir’), não é correta. Devido à difusão dessa hipótese, ela acabou sendo aceita por muitos estudiosos de escatologia, que passaram a entender que a 69ª Semana de anos teria terminado no dia em que Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, sendo aclamado como rei de Israel, e que toda a 70ª Semana de Daniel ainda seria um período futuro de 7 anos, que viria depois de uma ‘pausa’ ou adiamento profético de muitos séculos, causado(a) pela incredulidade e pela rejeição dos judeus.
O que significa ‘o Messias vir’? Significa o Seu nascimento? Significa a Sua entrada triunfal em Jerusalém? Não! O que marca a Sua vinda para o povo judeu é o início do Seu ministério público na condição de o ‘Ungido’/o ‘Messias’, o que ocorreu na data do Seu batismo, no Rio Jordão, conforme narrado em Mateus 3:16-17:
“13 Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. 14 Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? 15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. 16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. 17 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3:16,17
Deus Pai apresentou Jesus publicamente a todos, no dia do batismo de Jesus. Este foi o momento que Jesus começou o Seu ministério na condição de ‘o Ungido’ / o ‘Messias’. Este foi o início da 70ª Semana de Daniel, em alguma data bem próxima do Ano Novo do calendário hebreu, durante o outono (do hemisfério norte), possivelmente no Dia da Expiação ou até mesmo próximo ao início da Festa de Tabernáculos. A partir daí, Jesus ministrou durante 3 ½ anos, até morrer, sacrificialmente, na cruz do Calvário, no 14º dia do mês de Nisan, que é o 1º mês do ano litúrgico hebreu, que acontece na primavera do hemisfério norte.
A crucificação de Jesus ocorreu exatamente no dia que o cordeiro pascal deveria ser sacrificado, conforme Êxodo 12:6. Jesus é o Cordeiro de Deus e a Sua morte, exatamente nesse dia, não foi mera coincidência. Quando Jesus morreu, ele foi ‘cortado’. Além da compreensão de que Ele foi morto, também está embutida, nesse verbo, a ideia que o Ungido seria sacrificado, como o selamento de uma aliança. Hoje, no mundo ocidental, quando duas pessoas fecham um negócio, elas assinam um contrato com cláusulas bem definidas, com testemunhas e, ao final, apertam as mãos. No Antigo Testamento, não era assim.
Segundo a Wikipedia, “as alianças, no Antigo Testamento, eram muitas vezes seladas cortando um animal, com a implicação de que a parte que quebrasse a aliança sofreria um destino semelhante. Em hebraico, o verbo que significa ‘selar uma aliança’ (כָּרַת ou ‘kârath’) é traduzido literalmente como “cortar” ou “ser cortado”. É presumido pelos estudiosos judeus que a remoção do prepúcio representa, simbolicamente, um selamento da aliança.”
Vemos, portanto, que a expressão “ser cortado” significa, tanto, “morrer”, quanto “servir como sacrifício no selamento de um acordo ou aliança entre duas ou mais partes“. Jesus foi crucificado e foi o “sacrifício cortado”.
A morte de Jesus foi o sacrifício ‘cortado’ para selar uma aliança. Embora a passagem de Daniel 9 não deixe claro exatamente qual foi a aliança que Jesus ‘tornou firme’ (o original dá margem a ambas as interpretações a seguir), o sacrifício de Jesus tanto serviu para confirmar a aliança feita por Deus junto a Abraão, que continha várias promessas relacionadas ao povo de Israel e aos que viriam a crer pela fé, como também serviu para selar a Nova Aliança, firmada por Jesus, que substituía a cancelava aliança mosaica e se estendia a todos os que viessem a crer pela fé n’Ele.
Versos sobre a Nova Aliança:
“Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior.” Hebreus 7:22
“Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: “Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados.” Mateus 26:27-28
“A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a sua realidade. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? Pois os adoradores, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais se sentiriam culpados de seus pecados. Contudo, esses sacrifícios são uma recordação anual dos pecados, pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados.” Hebreus 10:1-4
“No caso de um testamento, é necessário que se comprove a morte daquele que o fez; pois um testamento só é validado no caso de morte, uma vez que nunca vigora enquanto está vivo quem o fez. Por isso, nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue. Quando Moisés terminou de proclamar todos os mandamentos da Lei a todo o povo, levou sangue de novilhos e de bodes, e também água, lã vermelha e ramos de hissopo, e aspergiu o próprio livro e todo o povo, dizendo: “Este é o sangue da aliança que Deus ordenou que vocês obedeçam”.” Hebreus 9:16-20
“Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.” Jeremias 31:31-34
“Chamando “nova” essa aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido está a ponto de desaparecer.” Hebreus 8:13
“Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores. Pois, se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra.” Hebreus 8:6-7
“quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo! Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira aliança.” Hebreus 9:14-15
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo suplicamos: Reconciliem-se com Deus. Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus.” 2 Coríntios 5:17-21
“Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que, naquela época, vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo.” Efésios 2:11-13
A Profecia das 70 Semanas
Vamos, então, reler a Profecia das 70 Semanas e comentar, em mais detalhes, cada verso do texto de Daniel 9:
24 “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.”
A profecia é para a cidade de Jerusalém e para o povo de Israel. Inclui algo que daria fim aos pecados e à iniquidade. Sabemos que esse ‘algo’ foi a morte sacrificial de Jesus, que precisaria ocorrer durante a contagem dessas 70 Semanas de anos, não fora desse intervalo.
25 “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.”
Desde o decreto de Artaxerxes para restaurar e reconstruir Jerusalém, os judeus deveriam contar 7 conjuntos de 7 anos (49 anos). Os judeus sempre foram familiarizados com contagens de períodos de 7 anos, por causa do Ano do Jubileu, em que terras são restauradas a ex-proprietários que perderam as suas terras para pagar dívidas. Essas contagens de períodos de 7 anos invariavelmente começavam no Ano Novo Judaico (‘Yom Teruah’, Festa das Trombetas). No caso do Ano do Jubileu, o novo ano / Jubileu era declarado somente no Dia da Expiação (‘Yom Kippur’), não na Festa das Trombetas. Portanto a contagem nunca começaria no dia do decreto propriamente dito, mas do Ano Novo hebreu imediatamente após aquele decreto.
26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. [tradução ARA]
26 E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. [tradução ACF].
Em seguida aos 7 primeiros conjuntos de 7 anos (semanas de anos), o povo judeu deveria contar mais 62 conjuntos de 7 anos. Ou seja, depois de (7 + 62 = ) 69 semanas de anos (483 anos) após o decreto para reconstruir Jerusalém (por Artaxerxes), o Messias seria ‘cortado’/morto, como o próprio ‘selo de confirmação da aliança/acordo’. Note que o verso 26 menciona “depois” das 62 semanas (que sabemos ser depois da 69ª semana, já que antes houve um período inicial de 7 semanas). O verso não diz que “durante” a 69ª semana o Messias seria cortado. O que está escrito é que depois das 69 semanas o Messias seria cortado.
O verso também diz que o Ungido/Messias seria morto/cortado, e que o povo de um príncipe que haveria de vir destruiria a cidade e o santuário. Embora a tradução ACF seja mais literal quanto ao verbo ‘ser cortado’, a tradução ARA é mais literal na tradução de “o povo de um princípe” que haveria de vir. No original, é o usado o artigo indefinido “um”. Aqui a menção é ao povo romano, do general Tito, que comandou a destruição de Jerusalém e do templo. Tito, depois, viria a ser o imperador de Roma, sucedendo o imperador Vespasiano. Lembre-se: a profecia era para os judeus saberem quando o Messias viria e o que iria acontecer com Jerusalém. Essa parte não tem nada a ver com o fim dos tempos e não está falando do Anticristo.
27 “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.”
Note que a expressão ‘fará firme aliança’ vem imediatamente depois do verso anterior, que diz que o Messias seria ‘cortado’ (no sentido de sacrificado como o próprio selo / confirmação da aliança). As duas ideias estão diretamente relacionadas, pelas razões já expostas.
O ponto inicial da 70ª Semana foi o batismo de Jesus. A sua morte redentora na cruz, como o sacrifício ‘cortado’ que confirmou a aliança ‘com muitos’, ocorreu 3 ½ anos depois do início da 70ª Semana. O “ele” do verso 27 se refere ao Messias (o último mencionado com artigo definido), não a “um príncipe que haveria de vir” (artigo indefinido, no original).
É o Messias que confirma a aliança, não Tito, nem Vespasiano, nem os romanos, muito menos o Anticristo, que sequer é mencionado neste trecho.
No início da 2ª metade da 70ª semana, Jesus irá intervir, livrando o ‘remanescente de Israel’ e conduzindo-o ao deserto. A atuação do Messias relacionada a Israel acontece durante 7 anos inteiros: a 1ª metade já ocorrida desde o Seu batismo até o dia da Sua morte, em que a Sua pregação foi dirigida aos israelitas, e a 2ª metade, a ocorrer desde o dia em que o ‘remanescente de Israel’ for conduzido ao deserto, milagrosamente, por Jesus, que virá à Terra de maneira incógnita. Trata-se de uma aliança que envolve uma atuação direta e decisiva de Jesus durante 7 anos inteiros, separados por um período conhecido como ‘pausa’/‘hiato’ profético (ou multiplicação do tempo e adiamento da 2ª metade), em que entra a “plenitude dos gentios” durante cerca de 2.000 anos, devido à rejeição de Israel. Esse tempo de ‘hiato’ antes do início da 2ª metade começou na data da crucificação e dura cerca de 2 milênios. A 2ª metade da 70ª semana terá início no dia da Abominação Desoladora, quando o Anticristo se assentará no templo ou tabernáculo reconstruído, dizendo ser ‘deus’.
Afirmar que o “ele” do início do verso 27 seria ‘o Anticristo’ é uma completa distorção da passagem e da própria gramática. Ao fazer isso, as pessoas entendem que algum acordo de paz supostamente assinado pelo Anticristo teria duração de 7 anos e que, portanto, a 70ª Semana teria início somente no dia da assinatura do tal acordo, e que a ‘tribulação’ iria durar 7 anos a partir dali! Esse entendimento é completamente errado!
As pessoas dizem que o Anticristo chega ao poder, autoriza a reconstrução do templo, faz uma aliança com Israel por 3 ½ anos, e então acontece a Abominação Desoladora. Elas acham que a 70ª semana é dividida em duas partes, que na primeira parte desses 7 anos o Anticristo assina uma aliança, então ela é quebrada, e quando a Abominação Desoladora acontece, e então há 3 ½ anos do que eles chamariam de ‘Grande Tribulação’. Então você teria uma tribulação ‘normal’ nos primeiros três anos e meio e a ‘Grande Tribulação’ durante os últimos três anos e meio, e tudo isso seria para Israel. Essa compreensão está errada, porque o Anticristo não assina acordo algum 3 ½ anos antes do início do seu reino.
É importante relembrar e enfatizar o seguinte: o propósito das 70 semanas era pôr fim ao problema do pecado e expiar a iniquidade. Como Deus iria fazer isso? Há apenas uma resposta certa: por meio da morte de Cristo na cruz. Não há outra maneira de pôr fim ao problema do pecado e expiar a iniquidade, que não seja por meio da morte de Cristo na cruz. A morte de Cristo é parte das 70 Semanas de anos. Se Jesus morresse em um período de ‘hiato’ ou ‘pausa’ entre a 69ª e a 70ª Semana, a Sua morte ficaria fora da profecia das 70 Semanas de Daniel. Estaria em algum lugar perdida no espaço, não faria parte das 70 semanas. Mas a Bíblia nos diz que faz parte das 70 semanas.
A passagem diz que DEPOIS de 69 Semanas, o Messias seria cortado. Jesus não é ‘cortado’ em um período de ‘pausa’ ou ‘hiato’ entre a 69ª Semana e a 70ª Semana. Ele é cortado durante a 70ª semana. Jesus tem um ministério de 3 ½ anos e então ele é cortado APÓS as 69 semanas de anos. É no meio da 70ª semana que o Messias é cortado, e isso não está caindo em um ‘hiato’, porque isso acontece no ponto médio da 70ª Semana, concluindo a sua 1ª metade.
No verso 27, é dito que ‘fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares’. Quando Cristo morreu na cruz, Ele foi o cumprimento de todos os sacrifícios e ofertas do Antigo Testamento, que passaram a ser desnecessários: o véu e o templo se partiram em dois, rasgaram-se ao meio, significando que o caminho para Deus estava agora aberto. O livro de Hebreus nos diz que foi através do “véu da carne de Jesus”. Isso aconteceu exatamente no término dos primeiros 3 ½ anos da 70ª Semana.
Na morte de Cristo, devido à rejeição do povo judeu, a pausa ou adiamento profético acontece, o que iria durar aproximadamente 2.000 anos. Uma possível explicação para essa pausa ou adiamento profético está em um outro artigo deste blog, neste link.
O verso 27 continua: “e sobre a asa das abominações virá o assolador”. Esse assolador é uma outra pessoa, é alguém que virá na asa das abominações. Não se refere a nenhum outro sujeito dos versos anteriores. O assolador será o Anticristo e esta é a primeira vez que ele está sendo mencionado nessa passagem. Antes dessa menção, as pessoas mencionadas foram:
- ‘o Ungido’: o Messias, que sabemos ser Jesus;
- ‘um príncipe que há de vir’: que sabemos ser o general Tito (que alguns anos depois se tornaria imperador), que sitiou Jerusalém, cortou a entrada de alimentos e de água e depois mandou as tropas romanas entrarem na cidade, destruírem o Templo com um incêndio e saquearem a cidade;
- “o povo de um príncipe, que há de vir” (que sabemos ser o povo romano, que era o povo de um príncipe que iria vir, que seria o general Tito, que esteve à frente da destruição de Jerusalém no ano 70 DC, e depois viria a ser o imperador, sucedendo Vespasiano).
No verso 27, quem vem sobre a asa das abominações é alguém novo, é um assolador. Agora sim, este é o Anticristo. Antes desse verso, nenhuma das menções se refere ao Anticristo, e sim a coisas que aconteceram no 1º Século.
Entre a primeira parte e a segunda parte do verso 27, temos um período de cerca de 2000 anos, que parece ser ou uma pausa no relógio profético, ou um adiamento/multiplicação na contagem.
A 2ª metade da 70ª semana de anos serão os últimos 3 ½ anos, o que pode ser confirmado por muitas passagens que falam sobre o reinado de 3 ½ anos da Besta, ‘tempo, tempos e metade de um tempo’, 42 meses. Então Cristo retorna em Sua 2ª Vinda e “o que está determinado será derramado sobre o assolador”, que sabemos ser o Anticristo.
Os últimos 3 ½ anos e meio também tratam do que Cristo vai fazer no dia da Abominação Desoladora. Os primeiros 3 ½ anos foram no 1º Século, durante a 1ª Vinda, em que Ele dirigiu a Sua mensagem aos judeus.
Próximo à Sua 2ª Vinda, Cristo lidará novamente com Israel, nos últimos 3 ½ anos da 70ª Semana. No dia da Abominação Desoladora, Jesus conduzirá o ‘remanescente de Israel’ ao deserto por 1260 dias ou 3 ½ anos, conforme Apocalipse 12. Será uma espécie de “2º êxodo”. Mateus 24:27 fala sobre a Abominação Desoladora e os judeus, quando eles veem que têm que fugir para o deserto: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem”. Essa é a vinda é quando Jesus virá à Terra, de maneira incógnita (não confundir com a 2ª Vinda visível e gloriosa, que será 3 ½ anos depois), para levar o ‘remanescente de Israel’ para o ‘deserto’. Este é o capítulo 14 de Zacarias, que diz que Jesus virá ao Monte das Oliveiras. Haverá um terremoto, o monte se dividirá e Ele conduzirá o ‘remanescente de Israel’ para o deserto. É quando o relâmpago cintila do leste para o oeste, é muito rápido. O ‘remanescente de Israel’ será levado para o deserto por 1260 dias, assim, cumprindo os últimos 3 ½ anos e meio da 70ª semana de Daniel.
Se alguém afirmar que a tribulação durará 7 anos e que ela equivale a um período futuro da 70ª Semana inteira, precisa mostrar onde, neste cenário, Cristo estaria “dando fim ao pecado e expiando a iniquidade”. Ele já fez isso em sua 1ª Vinda. Um outro ponto é que outras pessoas, além de Sir Robert Anderson, também fizeram cálculos desde o Ano Novo hebreu que sucedeu o decreto de Artaxerxes, até a vinda do Messias, e não chegaram ao ‘Domingo de Ramos’, mas a 3 ½ anos antes, nas Festas de outono, no ano 27 ou 28 DC. Isso se encaixaria perfeitamente com o cenário de João Batista aparecer e declarar “preparem o caminho do Senhor”. João Batista é o precursor do Messias. Houve pessoas, como o israelita Natanael, que, imediatamente, ao verem Jesus, disseram que Ele era o rei de Israel.
“Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” João 1:45-49
Jesus estava sendo declarado rei de Israel muito antes do ‘domingo de Ramos’ do ano da Sua morte. Na época das festas de outono, quando do Seu batismo, o Messias foi apresentado publicamente. Foi por isso que alguns líderes religiosos judeus foram até João e perguntaram se ele era o Messias, se era o Cristo, se era aquele por quem eles deveriam estar esperando, porque eles sabiam que seria durante o período das festas de outono que o Messias da profecia de Daniel iria chegar. Eles sabiam disso e Jesus foi batizado durante o período das festas de outono. 3 ½ anos depois, exatamente na Páscoa, foi quando Ele pôs fim à necessidade dos sacrifícios e da oferta de manjares, por meio de sua morte na cruz. Embora os sacrifícios continuassem a ser feitos no templo pelos judeus que rejeitaram a Jesus e que não entenderam que Ele era o Messias, daquele ponto em diante, os sacrifícios e ofertas de manjares não faziam mais sentido, sob a perspectiva de Deus Pai.
Conclusão
A análise mais cuidadosa da profecia das 70 Semanas, em conjunto com outras passagens das escrituras, nos mostra claramente que Jesus foi batizado e iniciou o Seu ministério no início da 70ª Semana de anos mostrada em Daniel 9, durante o período das festas de outono. Precisamente 3 ½ anos depois, Ele morreu, para pôr fim ao pecado e para a expiar a iniquidade. Assim, a 1ª metade da 70ª Semana já foi profeticamente cumprida, e a expiação dos pecados foi feita durante esse período, não durante a ‘pausa’ ou adiamento do relógio profético que aconteceu devido à rejeição de Cristo pelo Seu povo.
A morte de Cristo foi o selamento e a garantia de uma aliança. Podemos entender que tanto a aliança com Abraão estava sendo confirmada, como a Nova Aliança estava sendo firmada.
“Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: “Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados.” Mateus 26:27-28
“Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior.” Hebreus 7:22
“quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo! Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira aliança.” Hebreus 9:14-15
Cristo foi o Cordeiro de Deus que foi ‘cortado’ como o próprio sacrifício da confirmação da aliança com muitos. Não existe um ‘acordo de paz’ de ‘7 anos’ que será assinado pelo Anticristo. Caso, algum dia o Anticristo venha a estabelecer alguma espécie de ‘acordo’ com quem quer que seja (o que até é possível!), esse acordo nada terá a ver com a profecia das 70 Semanas. A aliança mencionada no verso 27 é a aliança feita por Cristo, cujo ‘selo’ de confirmação foi a Sua própria morte, como o ‘sacrifício cortado’ que selava a aliança.
O pronome “ele” do verso 27 se refere ao Messias (o último mencionado com artigo definido), e não a “um príncipe que há de vir” (artigo indefinido) nem ao “povo de um príncipe”. É o Messias, Cristo, que confirma a aliança.
Cristo firmou uma aliança de 7 anos com Israel (e, também, com ‘muitos’), em que, na 1ª metade, Ele ministrou e deu a Sua vida como sacrifício que sela e garante a aliança e, na 2ª metade, cerca de 2000 anos depois, Ele milagrosamente conduzirá o ‘remanescente de Israel’ para o deserto, protegendo-o do ‘dragão’ (Satanás) e do Anticristo. Esse ‘remanescente de Israel’ será formado por israelitas descrentes, que só se darão conta de que Cristo é o Messias em Sua 2ª Vinda visível e gloriosa, e chorarão muito nesse dia (provavelmente, um Dia da Expiação, que é um dia de profunda contrição e tristeza). Esse grupo habitará o Reino Milenar de Cristo em seus corpos naturais (não confundir com os 144.000 israelitas, que serão crentes e durante o Milênio estarão em corpos imortais e glorificados).
Assim, cai por terra a premissa que haverá um período de tribulação futuro com duração de 7 anos inteiros. A retomada do ‘relógio profético’ para com Israel equivalerá ao início da 2ª metade da 70ª Semana de anos, e não o início da 70ª semana.
Lembremos, ainda, que qualquer das semanas da profecia de Daniel só pode começar durante as Festa de outono (Festa das Trombetas ou Dia da Expiação, caso seja um ano do Jubileu), jamais em alguma data aleatória do ano.
Se a ‘entrada triunfal’ ou mesmo a crucificação de Jesus tiver ocorrido ‘no fim da 69ª Semana’ (de tal forma que ainda falte a 70ª Semana inteira ser cumprida no futuro, como afirmam os aderentes de uma ‘tribulação de 7 anos’ futura, que seria equivalente à 70ª Semana de Daniel), isso significaria que todas as ‘semanas’ de anos anteriores da profecia (já que elas foram uma contínua sucessão) precisariam ter começado no mês de Nisan do calendário hebreu (primavera do hemisfério norte), o que não faz sentido algum, e seria um verdadeiro absurdo para qualquer israelita.
A título de ilustração e apenas como exemplo, se alguém falar para um brasileiro que irá passar o feriado de Carnaval em “dezembro” em tal lugar, qualquer brasileiro iria estranhar imediatamente, porque todos sabem que a ‘Terça Feira Gorda’ ou a ‘Quarta Feira de Cinzas’ precisam cair em fevereiro ou em março (40 dias antes da Páscoa), a depender do ano, mas nunca em dezembro. Da mesma forma, supor que 69ª semana teria terminado no mês de Nisan, durante a primavera do hemisfério norte, no ano da morte de Jesus, significa que todas as semanas de anos da profecia teriam começado igualmente em Nisan, o que é absurdo e totalmente fora da cultura judaica.
Um ano sabático sempre começa nas festas de outono, no mês de Tishri (ano novo do calendário hebreu), nunca em Nisan. Só esse argumento já deveria ser suficiente para colocar por terra qualquer suposição de que a 70º Semana inteira da profecia de Daniel ainda está pendente de cumprimento profético. Não está: só falta a 2ª metade da 70ª semana da profecia, que começará na primavera do hemisfério norte, em uma semana da Páscoa, no ponto exato onde a 1ª metade terminou, e terminará no Dia da Expiação, 3 ½ anos depois, durante uma festas de outono, na 2ª Vinda de Cristo, que fecha com ‘chave de ouro’ a Profecia das 70 Semanas, na data correta.
O livro de Daniel foi dado ao povo judeu e diz respeito a eles. O livro de Apocalipse foi dado aos crentes em geral (judeus e gentios) e deve ser a nossa principal fonte de informação sobre o tempo do fim. O ponto de interseção entre o livro de Daniel e o livro de Apocalipse é o dia da Abominação Desoladora (o dia do início do reino do Anticristo), que cai exatamente 3 ½ anos antes do dia da 2ª Vinda de Cristo.
A tribulação para o mundo em geral começará quando da manifestação do ‘sinal do Dragão’ de Apocalipse 12 e, poucas semanas depois, a abertura do 1º Selo de Apocalipse. A abertura do 1º Selo pode vir a ocorrer em um período muito menor do que 7 anos antes da 2ª Vinda de Cristo, ou seja, 3 ½ anos antes do início da 2ª metade da 70ª Semana de Daniel, quando o Anticristo será coroado rei e haverá a Abominação Desoladora. Levando em conta as contagens de dias em Apocalipse, o que podemos concluir é que o prazo entre a abertura do 1º Selo e a data da Abominação Desoladora pode ser de menos de 6 meses.
É verdade que as Duas Testemunhas de Apocalipse começam o seu ministério na Terra 1260 dias antes da Abominação Desoladora. Porém, isso não significa que, quando elas começam o seu ministério, todos saibam que elas já estão ativas e que a contagem dos 1260 dias até o dia da Abominação Desoladora já teria começado, muito menos que alguma ‘tribulação’ comece no início do testemunho delas. Temos um artigo sobre as Duas Testemunhas que entra em maior profundidade nesse assunto.
Não devemos esperar nem a assinatura de um ‘acordo de paz’ pelo Anticristo nem a aparição das Duas Testemunhas para supor que faltem 7 anos para o retorno de Cristo. E se houver a assinatura de algum ‘acordo de paz’, não será o sinal de nenhum início de período de ‘7 anos de tribulação’.
Esperamos que esse artigo tenha sido esclarecedor para a sua compreensão da Profecia das 70 Semanas de Daniel. A ideia de que a tribulação será iniciada por um ‘acordo de paz’ feito pelo Anticristo não tem nenhuma base bíblica, assim como a ideia de que a 70ª semana inteira ainda seria um evento futuro e que, por isso, a tribulação teria duração de 7 anos inteiros. A tribulação começará, de uma maneira mais intensa, quando for aberto o 1º Selo do pergaminho de Apocalipse. Poucos meses depois (não 3 ½ anos), o Anticristo começará o seu reino, e aí sim, começará a 2ª metade da 70ª semana de Daniel, a Grande Tribulação.
O ‘sinal’ que identificará quando o arrebatamento está próximo e quando o início da 2ª metade da 70ª Semana se aproxima está no capítulo 12 do livro de Apocalipse. O que estamos esperando não é a ‘assinatura de um acordo de paz pelo Anticristo’, mas sim, uma guerra em Israel e o ‘sinal do dragão’. No ‘sinal do dragão’, Satanás lança, na Terra, 1/3 dos anjos que são leais a ele (não sabemos exatamente como isso irá se manifestar, provavelmente será a presença de seres percebidos como “alienígenas” ou “iluminados”) e a ‘mulher’ em intenso ‘trabalho de parto’ (intensificação de alguma guerra). Se você tem interesse em acompanhar os eventos proféticos, não espere pela assinatura de um ‘acordo de paz’ pelo ‘Anticristo’, mas sim pelos eventos do ‘sinal do dragão’.
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