Neste estudo, vamos falar sobre a identidade e o papel dos 24 anciãos. Este é um grupo em que você poderá estar: os ‘24 anciãos’ que são retratados como sentados diante do trono de Deus no céu, no capítulo 5 de Apocalipse, antes do momento que Cristo toma o pergaminho selado com 7 selos, da mão de Deus Pai, e então procede para a abertura do seu 1º Selo. O capítulo 12 fala sobre o ‘filho varão’ nascendo e, em seguida, sendo arrebatado para Deus e o Seu trono, e é exatamente onde encontramos os ’24 anciãos’: eles estão sentados diante do trono de Deus.
Como veremos adiante, o número 24 é simbólico. O grupo dos ’24 anciãos’ terá centenas de milhares de pessoas. Apocalipse, ao longo do livro inteiro, usa símbolos para contar a história e, com exceção dos intervalos de tempo revelados no livro, a maior parte da narrativa contém símbolos, que não podem ser interpretados literalmente. Os símbolos transmitem ideias que ajudam na compreensão do que está sendo dito. Este é justamente o caso do uso do número 24, que ajuda a identificar o contexto e a função desse grupo.
Muitas pessoas que interpretam o número 24 literalmente querem entendê-lo como a soma de “12 + 12”, no sentido de serem, por exemplo, os 12 apóstolos mais os patriarcas das 12 tribos de Israel. Ocorre que o número 24 tem o seu próprio significado, cuja interpretação nada tem a ver com a soma de ‘12 + 12’.
O significado do número 24
Onde, na Bíblia encontramos o número 24? Esse número está no livro de 1 Crônicas, do capítulos 23 ao 27, que falam sobre Davi fazendo o planejamento da administração do templo que viria a ser construído pelo seu filho Salomão. Nesses capítulos, vemos milhares de pessoas organizadas em grupos, e os números 24 e 24.000 aparecem repetidamente.
A primeira vez que o número ’24’ aparece é em 1 Crônicas 23, que fala sobre os levitas que iriam servir no templo. Os levitas eram os descendentes da tribo de Levi, que era a tribo sacerdotal. Todos os sacerdotes eram dessa tribo.
“Sendo, pois, Davi já velho e farto de dias, constituiu a seu filho Salomão rei sobre Israel. Ajuntou todos os príncipes de Israel, como também os sacerdotes e levitas. Foram contados os levitas de trinta anos para cima; seu número, contados um por um, foi de trinta e oito mil homens. Destes, havia vinte e quatro mil para superintenderem a obra da Casa do Senhor, seis mil oficiais e juízes, quatro mil porteiros e quatro mil para louvarem o Senhor com os instrumentos que Davi fez para esse mister. Davi os repartiu por turnos, segundo os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari.” 1 Crônicas 23:1-6
A passagem diz que 24.000 deles estariam encarregados do trabalho na Casa do Senhor, em diferentes funções, como as de oficiais, juízes, guardiões dos portões, adoradores e assim por diante. No capítulo 24 de 1 Crônicas, lemos sobre os sacerdotes e as divisões sacerdotais, até chegarmos no fim da lista, nos versos 18 e 19, que dizem:
“a vigésima terceira, a Delaías; a vigésima quarta, a Maazias. O ofício destes no seu ministério era entrar na Casa do Senhor, segundo a maneira estabelecida por Arão, seu pai, como o Senhor, Deus de Israel, lhe ordenara.” 1 Crônicas 24:18,19
Vemos que havia 24 turnos de sacerdotes que se revezavam no serviço do templo ao longo do ano, ou seja, cada turno tinha um ministério de aproximadamente 15 dias, em sucessivos grupos. No Novo Testamento, vemos que o templo, em Jerusalém, ainda era administrado em turnos ou divisões sacerdotais, que eram sempre de levitas. Em Lucas 1:5-23, o sacerdote levita Zacarias (que veio a ser o pai de João Batista), que era “do turno de Abias”, recebe uma mensagem de um anjo, anunciando que ele viria a ser pai. Também é dito que “terminados os dias de seu ministério” (ou seja, ao término do seu turno), Zacarias voltou para casa.
No capítulo 25 de 1 Crônicas, lemos que havia 24 grupos de adoradores (traduzido como ‘cantores’). Do verso 9 ao verso 31, são listados os nomes dos líderes das famílias de cada turno, e seus filhos e irmãos. No capítulo 26, aparecem os turnos dos guardiões dos portões (traduzido como ‘porteiros’), que também são 24, no total. No capítulo 27, trata-se de pessoas que cuidariam dos assuntos militares e civis, e na segunda metade do verso 1, fala dos “oficiais que serviam ao rei em todos os negócios dos turnos que entravam e saíam de mês em mês durante o ano, cada turno de 24.000”. Portanto os números 24 e/ou 24.000 aparecem reiteradamente, quando Davi estabelece a administração do templo de Salomão.
Sabemos que Salomão é um tipo* de Cristo, quando Ele vier a governar durante o Reino Milenar, e o templo de Salomão é um tipo do Reino Milenar de Cristo. O número 24 tem a ver com a administração do templo de Salomão e também tem a ver com a administração do Reino de Cristo, incluindo a adoração e o relacionamento com as pessoas na Terra.
*Nota: “Tipo” significa uma pessoa ou coisa, no Antigo Testamento, que prenuncia ou serve como figura simbólica de algo que viria a ser profeticamente cumprido no Novo Testamento. “Antítipo” significa aquilo o que posteriormente vem a cumprir o que havia sido prenunciado pelo seu respectivo “tipo”. Mais explicações podem ser encontradas neste link.
O número 24 é simbólico: tem a ver com as divisões do sacerdócio, bem como com as divisões de adoradores, dos guardiões dos portões, magistrados civis etc.. Tudo gira em torno das diferentes divisões ou turnos de pessoas que irão ajudar a Cristo durante o Seu governo milenar. Estas são as divisões da administração de Cristo.
Todos os que fizerem parte do grupo dos ’24 anciãos’ irão ajudar a Cristo em Seu governo na Terra e também serão sacerdotes, no céu. Se será em forma de plantões ou turnos, como era na época do templo, não sabemos. O que sabemos é que os crentes que reinarão com Cristo serão Seus assistentes e colaboradores.
O significado de Ancião
No livro de Números
Tendemos a pensar na palavra ‘ancião’ como um idoso. Embora um ancião seja uma pessoa madura, não significa que seja alguém senil. Anciãos são pessoas que ganharam maturidade para poder se sentar em um trono para exercer autoridade. Quando falamos de anciãos como auxiliares de um líder, podemos ver a origem dessa ideia em Números 11:
“Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente.” Números 11:16,17
A seguir, no verso 24 de números 11: “Saiu, pois, Moisés, e referiu ao povo as palavras do Senhor, e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda.” Números 11:24
Nessa passagem, Moisés é um tipo de Cristo. Assim como Deus fez com Moisés, Deus vai pegar o espírito que está sobre Cristo e colocá-lo sobre outras pessoas que irão ajudá-Lo. A tipologia se estende a pessoas que têm o espírito de Cristo, que vão ajudar Cristo em Seu governo e reinado, e em Sua administração. Observe que antes de receberem aquele espírito, Deus colocou aquelas pessoas em volta da tenda da congregação / tabernáculo. O tabernáculo também é um tipo de Cristo, e esses anciãos estão ao redor de Cristo. Em Apocalipse 5, Cristo aparece “no meio” dos 24 anciãos, e sai do meio deles para pegar o pergaminho (o ‘livro’). Nessa passagem em Números 11, Cristo está representado pelo tabernáculo, com os anciãos ao Seu redor.
No verso 25, é dito que o Senhor “desceu na nuvem” e falou com Moisés. Lembre-se: em Êxodo, o ‘Anjo do Senhor’ estava “na nuvem”. Isso também é uma referência a Cristo. Na época do Êxodo, Cristo estava na nuvem e na coluna de fogo. Quando o Antigo Testamento fala do ‘Anjo do Senhor’, trata-se da pessoa de Cristo, não de um ser espiritual angelical convencional como costumamos entender quando é usada a palavra ‘anjo’. A palavra ‘anjo’ significa ‘mensageiro’.
“Então, o Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais.” Números 11:25
Esse grupo que recebeu o espírito que estava sobre Moisés profetizou apenas uma vez. Nos versos 26 e 27, é dito que havia dois homens (Eldade e Medade) que estavam no acampamento (‘arraial’), que deveriam estar entre os 70 anciãos, mas que, por algum motivo, não foram ao tabernáculo, e eles tinham o espírito colocado sobre eles também. Deus sabia quem eles eram, e quando Josué descobriu que estavam profetizando no arraial, quis impedi-los, mas Moisés disse: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre ele!” (Números 11:29).
O Espírito Santo, portanto, também está conectado aos 70 anciãos. O simbolismo dos anciãos em torno do tabernáculo e da nuvem descendo no meio deles é magnífico. O trabalho desses anciãos, é claro, era ajudar a Moisés. O trabalho dos 24 anciãos que aparecem em Apocalipse será ajudar a Cristo, na Terra, durante o Seu governo. Os anciãos e Cristo terão acesso tanto à Terra quanto ao céu. É razoável supor que a moradia dos integrantes do grupo chamado de ’24 anciãos’ seja no céu, na Nova Jerusalém, e o local de trabalho seja na Terra.
No livro de Êxodo
A segunda menção da palavra ‘anciãos’ está em Êxodo 24:1-9.
“Disse também Deus a Moisés: Sobe ao Senhor, tu, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. Só Moisés se chegará ao Senhor; os outros não se chegarão, nem o povo subirá com ele.” Êxodo 24:1,2
Nesse capítulo, vemos que nem todos têm o mesmo acesso ao Senhor, em termos de proximidade física. Moisés pôde se aproximar do Senhor. Já Aarão, Nadabe, Abiú e os 70 anciãos tinham que adorar mais de longe. Então, nos versículos 3-8, lemos sobre pessoas levando animais como holocaustos e sacrifícios pacíficos ao Senhor. Moisés então pega o sangue desses animais e asperge a metade sobre o altar e, a outra metade, coloca em uma bacia, para aspergir o sangue sobre o povo. Parte do sangue ia para o altar e parte ia para as pessoas, assim como quando Jesus morreu, Ele levou o Seu próprio sangue para o santuário interior, mas o Seu sangue também está sobre nós. Temos o sangue do Cordeiro sobre nós.
“⁸ Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras. ⁹ E subiram Moisés, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. ¹⁰ E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia uma como pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. ¹¹ Ele não estendeu a mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel; porém eles viram a Deus, e comeram, e beberam.” Êxodo 24:11
Moisés é um tipo de Cristo, ele poderia ter acesso a Deus, mas os outros não poderiam, até que tivessem o sangue aspergido sobre eles. O verso 10 deve nos lembrar do que é narrado em Apocalipse 4, onde o trono de Deus é mencionado. E aqui estão os anciãos e Moisés, que é um tipo de Cristo, em um monte, que é um tipo do céu, e eles estão em comunhão segura na presença de Deus.
Tudo isso é uma imagem profética do que acontecerá mais tarde, durante o fim dos tempos e dali em diante. Na época de Moisés, ele teve 70 anciãos ajudando-o. A propósito, 70 é uma espécie de número do “Espírito Santo”. Eles auxiliavam Moisés, dividindo o volume de tabalho (os casos mais complexos eram levados ao próprio Moisés), e tinham privilégios que outras pessoas não tinham. Eles realmente tiveram acesso a Deus e tiveram o Espírito Santo que foi colocado sobre eles sempre que o Moisés ou Senhor queriam convocar as diferentes pessoas em Israel, fosse toda a nação, durante as peregrinações no deserto, fosse para comunicar alguma guerra ou um momento de celebração. Tudo era feito por meio de duas trombetas de prata:
“Disse mais o Senhor a Moisés: Faze duas trombetas de prata; de obra batida as farás; servir-te-ão para convocares a congregação e para a partida dos arraiais. Quando [ambas] tocarem, toda a congregação se ajuntará a ti à porta da tenda da congregação. Mas, quando tocar uma só, a ti se ajuntarão os príncipes, os cabeças dos milhares de Israel.” Números 10:1-4
Se apenas uma trombeta fosse tocada, somente os príncipes, ou seja, os líderes das tribos, deveriam se dirigir à porta da tenda da congregação. Para ser o cabeça da tribo, era preciso ter o direito de primogenitura. Se havia uma trombeta sendo tocada, isso era uma indicação de que os primogênitos de cada tribo iriam se reunir. Aqueles que tinham o direito de primogenitura eram os ‘príncipes’, ou seja, os que tinham a responsabilidade de liderar a sua respectiva tribo. Quando os 12 espias foram enviados à terra prometida, todos eles eram os primogênitos de suas tribos. Seriam eles que receberiam a herança que estava na terra de Canaã e, portanto, foram avaliá-la primeiro.
“Disse o Senhor a Moisés: Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais enviareis um homem, sendo cada qual príncipe entre eles”. Números 13:1,2
Todos esses homens eram príncipes, ou seja, primogênitos e cabeças de suas tribos. Josué e Calebe eram cabeças de suas tribos. Os outros 10 espias também eram, e é por isso que as pessoas os seguiam. Quando eles decidiram que não queriam entrar ou ter que lidar com os gigantes da terra, é porque esses líderes, na condição de cabeças, estavam dando o próprio parecer ao grupo que lideravam. Tudo isso está relacionado à posição de primogenitura que tinham, em suas tribos.
“Enviou-os Moisés do deserto de Parã, segundo o mandado do Senhor; todos aqueles homens eram cabeças dos filhos de Israel.” Números 13:3
Podemos ler essas passagens e não perceber o que estamos lendo. O que está sendo dito é que esses 10 espias eram cabeças / príncipes, ou seja, eles tinham a condição de primogênitos, com direito à porção dobrada do patrimônio dos seus pais, e que estavam prestes a ver o que iriam herdar. Com certeza eles estavam entusiasmados em dar uma olhada nas suas próprias heranças e na herança da sua tribo, principalmente depois de um percurso tão longo para chegarem até a terra de Canaã. Por 40 dias, viram tudo, mas apenas Josué e Calebe confiaram que Deus seria capaz de levá-los a receber essas promessas com segurança, mesmo diante da presença de gigantes na terra de Canaã. Os outros 10 espias não confiaram e, por isso, morreram pela praga e as pessoas que os seguiram, que acreditaram que Deus não os ajudaria, ficaram vagando no deserto por 40 anos. Isso tudo depois de terem testemunhado inúmeros milagres desde a fuga do Egito e também durante a peregrinação no deserto, em que todos eles foram milagrosamente sustentados e protegidos por Deus.
O herdeiro como mordomo
Além de os anciãos serem primogênitos e assistentes de Moisés, e do fato de serem reunidos com o toque de uma única trombeta (conforme Números 10:4), na qualidade de líderes e príncipes entre o povo, a palavra ancião também está ligada ao conceito de mordomia. Um mordomo é alguém que tem a responsabilidade de administrar algo com fidelidade. Em outro artigo deste blog (neste link), cuja leitura recomendamos, o conceito de mordomia é melhor desenvolvido.
Nem todo mordomo era, necessariamente, um filho: podia ser alguém contratado como administrador ou superintendente. Porém, todo herdeiro primogênito tinha a responsabilidades de mordomo, tanto em relação ao patrimônio do pai quanto em relação à própria família e às pessoas sob seus cuidados. A posição de primogenitura implicava responsabilidade muito maior, e este também era o motivo de haver um quinhão de herança diferenciado em relação aos outros irmãos (o primogênito recebia a ‘porção dobrada’).
Sabemos que Jesus foi o mordomo (administrador) de Deus. Ele foi o responsável por 12 homens, e lemos sobre isso em João 17. Em Sua oração ao Pai, Jesus prestou contas de sua mordomia, antes de morrer na cruz.
Jesus aparece em Apocalipse no capítulo 1 como “o mordomo da casa de Deus”. Ele tem as “chaves de Davi”, que são as chaves que abrem ou trancam tudo o que está na casa.
A primeira vez que vemos essa conexão de ser um ancião, herdeiro e mordomo é, na realidade, com Abraão. No capítulo 15 de Gênesis, lemos sobre Eliézer, que era o mordomo de Abraão, o servo mais velho e experiente, o administrador da casa e chefe de todos os outros servos. “Sênior” é a palavra que talvez melhor traduza ‘ancião’. Alguém experiente e em cargo de alta confiança e responsabilidade. Eliézer administrava tudo o que Abraão tinha.
Assumir uma posição como essa exige capacitação prévia. Todo mordomo e todo herdeiro precisam aprender o conceito de mordomia e também se submeterem ao treinamento e serem fiéis.
Jesus foi fiel sobre a casa de Deus como filho e herdeiro, mas isso também significou que Ele tinha que se submeter ao treinamento, para que pudesse cuidar adequadamente de tudo o que administrava.
Hoje em dia, temos dificuldade em ver os nossos recursos como coisas que pertencem a Deus e que, temporariamente, administramos, como mordomos. Tudo o que temos, inclusive os nossos filhos, nos foram dados por Deus. Cabe a nós cuidarmos de tudo o que nos foi confiado.
Em países com monarquia, os reis e nobres têm uma maior noção disso, porque sabem que os seus títulos e propriedades são temporariamente deles. O patrimônio precisa ser bem administrado e, em algum momento, irá para o sucessor. Um rei ou conde ou duque precisa treinar o filho herdeiro, para que ele ou ela estejam aptos e tenham os recursos para administrar o que lhes compete e exercerem adequadamente as responsabilidades que terão, quando efetivamente herdarem. E isso sucessivamente, de geração em geração. Na cultura atual, essa percepção é mais rara, as pessoas tendem a ser imediatistas e consumistas e não entendem bem o conceito de mordomia.
Os integrantes do grupo dos ’24 anciãos’, bem como de alguns outros grupos (como os ‘144k’ e os ‘mártires da Besta’), além de também terem funções sacerdotais no céu, também administrarão a Terra com Cristo, em Seu reino, durante o Milênio, em diferentes esferas de autoridade. Haverá grupos de pessoas com diferentes papéis e posições, durante o Reino Milenar. Após o término do Milênio, porém, quando chegar o momento dos Novos Céus e da Nova Terra, toda a Terra terá sido subjugada e essas diferenças não mais existirão.
O propósito do Milênio é que Cristo coloque todas as coisas sob Seus pés, e então, ao término do Milênio, Ele entrega tudo ao Pai. No fim do Milênio, Satanás terá sido definitivamente removido. Em seguida, ocorre a 2ª ressurreição (de todos os descrentes que não foram ressuscitados antes do Milênio mais todos os que morreram durante o Milênio) e o juízo final do ‘Grande Trono Branco’. Os crentes não serão réus nesse tribunal, pois já foram salvos e também já terão tido o seu julgamento no “Tribunal de Cristo”, antes do Milênio.
Depois que todas as sentenças tiverem sido proferidas no Juízo Final, então Cristo entregará o Reino a Seu Pai. Este será o momento que haverá Novos Céus e a Nova Terra. A Nova Jerusalém descerá do céu, da parte de Deus, e ficará sobre a Nova Terra. Nesse momento, não haverá mais a necessidade de governo e sobre as pessoas com ‘cetro de ferro’, porque não haverá mais ninguém em rebelião contra Deus.
O período da “gestão” / atuação dos reis e sacerdotes (grupo que inclui os ’24 anciãos’) é o Milênio, quando eles governarão com Cristo, na Terra, e também terão papéis como sacerdotes, no céu. Outros grupos serão sacerdotes no céu, ou adoradores, mas não terão funções executivas no reino de Cristo na Terra.
Depois do Reino Milenar, Cristo recebe a Sua herança. Cristo é o herdeiro. Deus e o Seu Filho estarão na Terra. A Terra é o lugar onde Cristo governa. A casa de Cristo será a Nova Jerusalém, e Deus viverá com Cristo e conosco na Nova Jerusalém, na Terra, que é para as pessoas.
As pessoas mortais que viverão na Nova Terra são pessoas que amam Jesus, que se submeteram ao Seu governo e reino durante o Milênio. Embora em seus corpos naturais, mortais, elas terao acesso à Árvore da Vida e ao Rio da Vida. O convite que vem do Espírito e da Noiva, no final de Apocalipse, é para os mortais que saíram do Milênio, que irão viver na Nova Terra, que venham e vivam para sempre, bebam da Água da Vida, comam da Árvore da Vida. Este é o convite.
Os 24 anciãos em Apocalipse
Vejamos, então, uma passagem em Apocalipse capítulo 4:
“Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.” Apocalipse 4:1-4
A voz que João ouve é a de Cristo, que soa como uma trombeta. É aqui que somos apresentados aos ’24 anciãos’ na sala do trono de Deus. Eles estão sentados em tronos e vestem roupas brancas, que simbolizam algumas coisas: eles estão em um corpo glorificado e as vestes brancas também representam o sacerdócio. Eles também têm coroas de ouro em suas cabeças. É assim que sabemos que eles são reis. Depois da 2ª Vinda de Cristo, eles irão ajudar Cristo em Seu governo e reinado.
Em Apocalipse 5 verso 8, Cristo pega o pergaminho (ou ‘livro’) da mão do Pai:
“⁸ e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, ⁹ e entoavam novo cântico (…)”. Apocalipse 5:8,9a
Nessa passagem, os 24 anciãos têm harpas em suas mãos, o que indica que são adoradores; eles fazem parte daquela divisão de ‘24 adoradores’ sobre a qual lemos em 1 Crônicas. Eles também têm taças de ouro cheias de incenso. Assim faziam os sacerdotes: ofereciam incenso. Novamente, estamos falando de 24 divisões dessa administração. Trata-se da administração do sacerdócio do reino de Cristo, e as taças de incenso são as orações dos crentes. O número 24 é simbólico, não são apenas 24 pessoas, podem ser milhares e milhares e milhares e milhares de pessoas. ’24’ é o número que nos diz algo sobre quem são essas pessoas. O que os ’24 anciãos’ farão, enquanto estiverem no céu, na condição de sacerdotes, é interceder pelos santos na Terra.
No verso 9 de Apocalipse 5, vemos que “entoavam um novo cântico”. As pessoas que cantam o novo cântico são reis e sacerdotes que chegaram ao céu mediante um arrebatamento. Os grupos que já estava no céu (em Apocalipse 4) sem terem sido arrebatados (ou seja, chegaram pela morte) não são descritos como entoando um “novo cântico”.
A letra desse novo cântico do grupo dos 24 anciãos em Apocalipse 5 diz: “⁹ (…) Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação ¹⁰ e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” Apocalipse 5:9,10
Esse novo cântico é muito interessante. Eles se tornam reis e sacerdotes, eles reinarão na Terra. A dignidade de Cristo está sendo proclamada aqui, e o fato de que Ele resgatou seres humanos para Deus.
No capítulo 1 de Apocalipse, há a seguinte passagem:
“⁵ E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, ⁶ E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém.” Apocalipse 1:5,6
Por essa passagem, já sabemos que os integrantes do grupo dos ‘24 anciãos’ serão reis, e que foram lavados dos seus pecados por Cristo. Portanto, esse grupo dos ’24 anciãos’ não é formado por anjos e sim por seres humanos crentes, que são fiéis, que irão governar e reinar com Cristo. São crentes que correram a própria carreira com perseverança, até o dia de suas mortes ou arrebatamento.
Observe que, em Apocalipse 5, os integrantes do grupo dos ’24 anciãos’ estão sentados em tronos, usam vestes brancas e coroas de ouro, seguram harpas e taças de incenso e cantam um novo cântico. A partir de todos esses símbolos, constatamos que eles são sacerdotes e reis, são adoradores, são intercessores. Também são como os 70 anciãos, quando os 70 anciãos (no livro de Números) receberam o Espírito e estavam ao redor do tabernáculo, e já vimos que o tabernáculo é um tipo e figura de Cristo. Veja que o que é dito em Apocalipse 5 verso 6: “no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, em pé, um Cordeiro, que parecia que tinha sido morto”. Este é Cristo no meio dos anciãos. Da mesma forma que os 70 anciãos, no livro de Números, ficavam em torno do tabernáculo, os 24 anciãos em Apocalipse estão em torno de Cristo.
No capítulo 12 de Apocalipse, lemos sobre o filho que foi arrebatado para Deus e o Seu trono. Esse filho, que governará e reinará todas as nações com cetro de ferro, é um filho herdeiro, que é primogênito da mulher. Cristo estará no meio dos 24 anciãos e eles serão arrebatados. Quem governa com cetro de ferro é Cristo, mas como os integrantes do grupo dos ’24 anciãos’ serão cogovernantes com Cristo (na qualidade de ‘reis), a informação relacionada a governar “com cetro de ferro” também se aplica a eles. No verso 17 de Apocalipse 12, é dito que a ‘mulher’ tem outros filhos: a expressão usada é “o restante da sua descendência”. Somente o filho varão é arrebatado. O grupo dos ’24 anciãos’ é um grupo de primogênitos de Deus, grupo esse que é arrebatado antes da abertura do 1º selo de Apocalipse. Depois que o Dragão é lançado na Terra (o que sabemos que ocorre 3 ½ anos antes da 2ª Vinda de Cristo), a essa altura, ainda haverá crentes na Terra, que são os outros escendentes da ‘mulher’. Esses crentes serão perseguidos.
Em Apocalipse 4, o grupo dos ’24 anciãos’ deposita as próprias coroas diante do trono de Deus porque, no céu, somente Deus e Cristo são reis. Os 24 anciãos só vestiram as suas coroas porque foi o momento de receberem as suas respectivas posições de honra que irão exercer; porém essas posições, como corregentes com Cristo, só acontecerão após a 2ª Vinda de Cristo. No céu, nenhum crente terá função de rei, somente de sacerdote ou de adorador.
A propósito, a função sacerdotal dos crentes é de grande importância, porque, até hoje, Cristo é o nosso Sumo Sacerdote. Porém, após abrir o 1º Selo do pergaminho, Cristo precisará ter pessoas de Sua confiança, em corpos ressuscitados e glorificados, para assumir essa responsabilidade, de interceder por quem estiver na Terra. Cristo assumirá outra posição após abrir o 1º Selo de Apocalipse. Ele estará se preparando para incumbir-se da sua posição como Rei, abrir os selos etc. No céu, como sacerdotes e intercessores, os 24 anciãos terão função de extrema importância. Se a intercessão de quem exerce a função de Sumo Sacerdote é necessária nos termpos ‘normais’, imagine durante o período da tribulação!
No capítulo 5 de Apocalipse, vemos os ‘24 anciãos’ e Cristo está no meio deles. Eles são uma unidade de reis e sacerdotes que estão diante do trono de Deus. Cristo é digno de tomar o pergaminho para assumir o domínio da Terra e dar início a todas as providências que acontecerão.
Vemos que os 24 anciãos aparecem nos capítulos 4 e 5 de Apocalipse, parecendo ser subgrupos diferentes. É altamente provável que os 24 anciãos retratados em Apocalipse 4 sejam os crentes falecidos, que aparecem em seus corpos ressuscitados e glorificados. Já no capítulo 5, Cristo, que não aparecia no capítulo anterior (porque estava na Terra, incógnito, de onde arrebatou os crentes vivos que foram transformados, participou da selagem dos 144k e estava junto com os crentes que foram arrebatados e que correspondem à parcela que faltava dos 24 anciãos), aparece no meio deles. Os que já estavam no céu, que haviam falecido antes, receberam seus corpos ressuscitados. Os que estavam vivos na Terra, tiveram os seus corpos transformados, em um abrir e fechar de olhos, quando receberam corpos imortais, corpos de ressurreição incorruptíveis.
O Anjo Forte, a ressurreição e a transformação
Em que passagem de Apocalipse é descrita a cena da ressurreição dos crentes mortos e a transformação dos vivos, que compõem o grupo dos 24 anciãos? O capítulo 10 de Apocalipse é um capítulo espetacular, em que Cristo vem à Terra, incógnito, na forma de um ‘Anjo Forte’, e realiza a ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos que serão arrebatados. Vejamos do verso 1 ao 7:
“¹ Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; ² e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra, ³ e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. ⁴ Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas. ⁵ Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu ⁶ e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora, ⁷ mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.” Apocalipse 10:1-7
Esse Anjo Forte é o próprio Cristo. Sempre que um anjo é descrito como estando em uma nuvem, é uma imagem de Cristo, como Deus no deserto, no Êxodo, que estava na nuvem e na coluna de fogo. Estar em uma nuvem com um arco-íris sobre a cabeça é um atributo divino. Há, inclusive, um arco-íris na sala do trono de Deus. O rosto como o sol e as pernas como colunas de fogo também nos remete a Apocalipse 1, e temos a certeza de que este é Cristo. O Anjo Forte de Apocalipse 10 não é um ser espiritual angelical comum, como comumente nos lembramos quando é usada a palavra ‘anjo’. Trata-se do próprio Cristo, Deus Filho, que age como um mensageiro / emissário de Deus Pai.
E o por que razão o “Anjo Forte” / Cristo coloca o Seu pé direito no mar e o Seu pé esquerdo na terra? Precisamos entender a simbologia. O mar simboliza a morte e o lugar dos mortos. Lembre-se das mortes ocorridas no Dilúvio da época de Noé, e das mortes ocorridas no Mar Vermelho. Os israelitas, no Êxodo, atravessaram o Mar Vermelho em terra seca e, quando os cavalos e cavaleiros de Faraó vieram atrás deles, foram engolidos pelas águas quando o mar se fechou. Jonas também morreu no ventre do peixe, no mar. Na Bíblia, o mar pode significar um oceano mas, muitas vezes, também é usado como símbolo da morte ou do lugar dos mortos. O próprio termo ‘a Besta do Mar’ significa que essa Besta de Apocalipse é alguém que estava no lugar dos mortos e retornou, possuído pelo anjo caído Apoliom. Não confundir ‘mar’ com ‘águas’. Águas, na Bíblia, simboliza ‘povos e nações’, mas o simbolismo do mar tem a ver com a morte e com o ‘lugar dos mortos’. Quanto a “terra”, é uma referência ao lugar dos vivos. Portanto, um pé no mar e o outro pé na terra significa que esse Anjo Forte irá realizar uma ação que abrange crentes mortos e crentes que estarão vivos no momento que Ele agir. Esse grupo é um grupo da primeira trombeta, portanto só os primogênitos são convocados.
No verso 3, é dito que o Anjo Forte brada em alta voz, como ruge um leão, e os 7 trovões responderam, porém João não teve permissão de escrever o que eles disseram.
Para interpretar essa passagem, é importante entender por que a referência ao leão está sendo feita. Em Amós capítulo 3, há uma passagem sobre o rugido de um leão. Antes de falar sobre o leão, é interessante observar que nessa mesma passagem, no verso 7, que diz: “⁷ Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.” Em Apocalipse 10:10, também vemos uma referência semelhante: “nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.”
Vamos ao verso sobre o rugido do leão:
“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo? Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no covil a sua voz, se nada tiver apanhado? Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levantar-se-á o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa? Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito? Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.” Amós 3:3-7
Rugirá o leão, sem que tenha presa? Cristo ruge como um leão, mas ele ruge se não tiver presa? A resposta é não. Levantará o jovem leão, no covil a sua voz, se nada tiver apanhado? A resposta é não. Em Apocalipse 10, Cristo, o Leão da tribo de Judá, ruge como um leão porque tomou a sua presa. E o que foi que Cristo pegou aqui, com um pé na terra e outro no mar? Ele tem autoridade sobre ambos; ele ruge como um leão que tomou a presa. Qual é a presa dele? São os crentes! Essa será a primeira vez que os mortos são ressuscitados e os vivos são transformados. Os crentes até então falecidos, que ouvirem o toque da trombeta dos ‘primogênitos’, receberão seus corpos ressuscitados no céu, eles não precisarão vir à Terra para receber os seus corpos aqui. Ao mesmo tempo, os crentes que estiverem vivos, na Terra, que pertençam ao grupo dos 24 anciãos, terão seus corpos transformados, de mortal para imortal. Um corpo perfeito, jovem, íntegro, sem nenhuma deficiência ou defeito. Um corpo maravilhoso de ressurreição.
Em seguida, a passagem volta a falar sobre o leão: “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Amós 3:8
O que será que os 7 trovões respondem a Cristo? Os 7 trovões são um símbolo do Espírito Santo. ‘7’ é um número divino, o que indica que seja a voz do Espírito Santo respondendo a Cristo. Embora não saibamos o que o Espírito Santo dirá, já que João não foi autorizado a escrever, é possível que seja uma confirmação de que os mortos foram ressuscitados logo após o “rugido do leão”. Afinal, Cristo estará na Terra, nesse momento, incógnito. Do céu, o Espírito Santo poderá estar dizendo a Cristo que os mortos em Cristo já receberam os seus corpos ressuscitados e que foi uma vitória gloriosa. Isto é apenas uma suposição, que parece ter a ver com o contexto.
No céu, os mortos em Cristo, do grupo dos 24 anciãos, terão ressuscitado. Na Terra, os crentes vivos, desse grupo, serão transformados. Cristo estará no meio dos ‘24 anciãos’ que forem parte desse grupo que estiver vivo e for transformado. A descrição da ressurreição e da transformação, em Apocalipse 10, é realmente extraordinária e emocionante. Imagine a cena!
Voltando a Apocalipse 4, vemos que esse grupo de sacerdotes e reis do capítulo 4 não entoam um novo cântico; eles cantam algo que já conhecem, e os 4 seres viventes também. Porém, quando Cristo vem do meio dos anciãos em Apocalipse 5, então todos os anciãos, conjuntamente (os que já estavam lá e os recém-chegados), cantam esse novo cântico, que diz que Cristo é digno de pegar o pergaminho e abrir os selos. Um arrebatamento acabou de acontecer e, agora, o grupo dos 24 anciãos está completo. Agora, sim, o Cordeiro pode abrir o 1º Selo.
Conclusão
O livro de Apocalipse usa simbolismos o tempo inteiro, apontando para as mais diversas passagens e personagens das escrituras, principalmente no Antigo Testamento. Neste artigo, apenas compartilhamos algumas.
Não é possível entender sobre os anciãos sem compreender os diversos símbolos, e conceitos, tipos e figuras, tais como: o significado do número 24 no Antigo Testamento, ancião, mordomo, herdeiro, primogênito, tabernáculo, reis e sacerdotes, trombetas de convocação, bem como o que está acontecendo na passagem de Apocalipse 10, em que o anjo forte ruge como um leão. Tudo isso está relacionado aos 24 anciãos. É por isso que esse artigo foi mais longo. O estudo precisa ter um mínimo de profundidade, caso contrário tudo é interpretado de maneira errada. Apocalipse é um livro que precisa ser lido com muito respeito e preparo.
Em síntese, pudemos concluir o seguinte sobre os integrantes do grupo simbolizado pelos ‘24 anciãos’ de Apocalipse:
Quem os 24 anciãos não são
- Não são anjos, porque é dito que foram resgatados pelo sangue do Cordeiro.
- Não são pessoas senis, embora haverá muitos crentes idosos que pertencem a esse grupo. Esses crentes muito idosos, a propósito, terão lindos corpos ressuscitados no céu, com plena capacidade física, intelectual e espiritual.
- Não são pessoas perfeitas nem que nunca pecaram. Não são ‘supercrentes’.
- Não são em número de somente 24 pessoas, mas milhares e milhares que se qualificaram para essa posição. O número 24 é um símbolo usado para ajudar a identificar quem eles são e qual será o seu papel.
A seguir, será usada a expressão ’24 anciãos’ significando todos os integrantes desse grupo.
Quem são os 24 anciãos
- São crentes que foram fiéis a Cristo, que correram a própria corrida com zelo e diligência, que guardaram a fé, que alcançaram certa maturidade em sua caminhada cristã, buscando servir a Deus como bons mordomos dos dons que receberam. São crentes considerados primogênitos, no sentido de que não foram destituídos do próprio ‘direito de primogenitura’ por comportamentos indignos que não tenham sido objeto de arrependimento, nem por desvalorizarem a responsabilidade do próprio direito de primogenitura. Não importa quando a atitude de maior fidelidade passou a acontecer. Alguém pode ser considerado um ‘ancião’ e ter tido uma verdadeira conversão bem mais tarde em sua própria vida, ou mudado totalmente a própria caminhada cristã muitos anos depois de ter nascido de novo em Cristo.
- São crentes que, embora pecadores e imperfeitos, foram capazes de se conhecer, de se arrependerem de seus erros e pediram perdão a Deus e de reorientarem a sua caminhada sempre que erraram. A palavra-chave é fidelidade, não perfeição. Em outro artigo, falamos sobre o grupo dos 144k de Israel, que será um novo grupo apostólico que receberá ‘o bastão do ministério cristão’ quando aqueles do grupo dos 24 anciãos, vivendo aqui na Terra, estiverem prestes a ir para o céu no arrebatamento. Observe que, mesmo com um ministério de poucos meses, os 144k também receberão grande galardão e responsabilidade.
Dos integrantes do grupo dos 24 anciãos, uma grande parte já faleceu e está no céu, e outra parte está viva, na Terra, em seus corpos naturais. No dia que a trombeta tocar e o ‘Anjo Forte’ de Apocalipse 10 “rugir como um leão”, aqueles dos 24 anciãos, que estiverem no céu, serão ressuscitados em corpos imortais e incorruptíveis. E aqueles que que estiverem vivos na Terra, do grupo dos 24 anciãos, terão os seus corpos transformados em um corpo perfeito de ressurreição, sem nenhum defeito nem doença. Portanto, hoje, parte dos 24 anciãos está no céu, em espírito, e parte está na Terra (se Deus quiser, seremos parte dos 24 anciãos!).
Qualquer pessoa que tenha nascido de novo, que ame a Deus e ao próximo, e que se importe em viver uma vida de fidelidade a Deus em tudo o que for possível, pode ser considerada digna de integrar o grupo dos 24 anciãos, mesmo que tenha se sentido chamada e tocada por Deus muito tarde em sua própria vida. Sempre é tempo de buscar uma vida de maior fidelidade e amor a Deus, ter mais amor ao próximo e, também, de se afastar do pecado. Quando várias passagens da Bíblia falam de “vigiar e orar”, o verbo “vigiar” não significa o profundo entendimento ou curiosidade sobre profecias bíblicas, mas a atenção à própria condição e estado espiritual diante de Deus, para não ter do que se envergonhar, se for para o céu em momento que não espera, mediante morte ou arrebatamento. É isso que significa ‘vigiar’. Embora a maior parte das passagens do Novo Testamento que dão esse alerta não sejam dirigidas especificamente aos crentes que serão parte do grupo dos 24 anciãos, esse alerta tem aplicação para toda e qualquer pessoa viva. Alguém que venha a ser parte do grupo dos 24 anciãos precisa ser alguém confiável, digno do ‘direito de primogenitura’, que entenda o conceito de mordomia e seja considerado apto para ser um fiel administrador. A responsabilidade dos 24 anciãos será muito grande.
O artigo “Quem julga estar firme, cuide-se para que não caia” fala mais sobre esse cuidado. Hoje é o dia de fazer uma reflexão sobre o que precisa ser mudado, e agir nesse sentido!
Quando os 24 anciãos chegam ao céu
Os 24 anciãos, como primogênitos, são o primeiro grupo a se apresentar diante de Deus em corpos ressuscitados e imortais, para serem glorificados pelo Pai. Apocalipse 10 mostra Cristo, retratado como o ‘Anjo Forte’, na Terra, incógnito, realizando a ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos, conforme simbolizado pelo fato de estar com um pé no mar e o outro na terra. Na Bíblia, o mar simboliza a morte e a terra significa o lugar dos vivos.
Os integrantes dos ‘24 anciãos’ que estão no céu receberão os seus corpos ressuscitados lá mesmo. Não há necessidade de os seus espíritos virem para a Terra e serem ressuscitados aqui. Seus corpos estão nos cemitérios ou já viraram pó há muito tempo, ou estão nas profundezas do mar, ou foram cremados. Deus não precisa de nenhuma molécula do que restou dos corpos falecidos para realizar a ressurreição. Todos esses crentes fiéis falecidos receberão seus corpos ressuscitados no céu e continuarão lá, até o dia da 2ª Vinda de Cristo. Em Apocalipse 4, os ’24 anciãos’ retratados são aqueles que já estavam no céu e que ressuscitaram. Os crentes que estão vivos e que forem parte do grupo dos 24 anciãos serão transformados aqui na Terra e, alguns dias depois, serão arrebatados para o céu.
Em Apocalipse 10, imediatamente após o alto brado de Cristo, o Leão da Tribo de Judá, que estará na Terra, e que ‘rugirá como um leão’, o Espírito Santo responderá a Cristo, dizendo algo que é simbolizado pelo barulho de trovões. Não sabemos exatamente o conteúdo dessa comunicação que João não foi autorizado a escrever. O que sabemos que é o Espírito Santo terá papel decisivo nesse acontecimento gigantescamente sobrenatural e poderoso. Em sua carta aos cristãos em Roma, Paulo diz: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” Romanos 8:11.
Logo após a ressurreição, os integrantes do grupo dos 24 anciãos que já estavam no céu, e que receberam os seus corpos ressuscitados, apresentam-se diante do trono de Deus e são glorificados, como é retratado em Apocalipse 4. Alguns dias depois, os crentes transformados e arrebatados chegam e, em Apocalipse 5, todos os integrantes do grupo dos 24 anciãos estão juntos. Cristo estará no meio deles.
Somente após todos os 24 anciãos estarem reunidos no céu, Cristo aparece no meio deles e se apresenta para pegar o pergaminho da mão de Deus Pai. A tribulação, na Terra, começa, após a abertura do 1º Selo desse pergaminho, que tudo indica ser o título de propriedade da Terra, lacrado com 7 selos. A ‘ação de despejo’ do ‘invasor’ e de seus aliados envolverá muitos problemas e resistência, o que é representado pelo período da tribulação que haverá na Terra, a partir da abertura do 1º Selo. Observe que os 24 anciãos estarão no céu, em segurança, em corpos ressuscitados e glorificados, antes do início da tribulação.
O que os 24 anciãos farão, no céu e na Terra
Os 24 anciãos terão o papel de reis e sacerdotes.
No céu, além de serem adoradores (conforme simbolizado pelas harpas que seguram), terão função sacerdotal (conforme simbolizado pelas vestes brancas e pelas taças de ouro com incenso). Eles assumirão a função sacerdotal que Cristo, o nosso Sumo-Sacerdote, exerce hoje. A necessidade da presença dos 24 anciãos no céu antes da abertura do 1º Selo não é simplesmente para livrar esse grupo do período da tribulação. A principal razão é que Cristo irá iniciar as Suas providências de retomada do domínio da Terra, retirando-a do controle de Satanás como príncipe desse mundo, e Cristo precisa que alguém assuma as funções de intercessão. Cristo só pode se dedicar às Suas novas funções e providências relacionadas ao início do Seu reino se houver alguém substituindo-O na função sacerdotal. Quem O substituirá assim que Ele abrir o 1º Selo será o grupo dos 24 anciãos, que intercederão pelos que estarão na Terra. Essa será uma função de extrema importância, principalmente em período tão difícil que acontecerá na Terra.
Neste momento, devemos nos perguntar: hoje, estamos orando diariamente pelas pessoas por quem queremos interceder? Devemos fazer isso sempre.
Na Terra, a função dos 24 anciãos, após a 2ª Vinda de Cristo, será a de reis, ou seja, corregentes com Cristo durante o Seu reino Milenar. Cristo precisará de auxiliares de total confiança, que O ajudarão em diferentes áreas, como gestores, juízes e auxiliares em Seu reino Milenar. Alguns terão autoridade em grandes jurisdições, outros terão autoridade sobre uma esfera bem pequena. Independentemente do escopo da autoridade, todos os que tiverem funções delegadas por Cristo agirão com plena competência e fidelidade, porque terão sobre si o Espírito de Cristo, da memsa forma que os anciãos de Moisés receberam o espírito que estava sobre Moisés para conseguirem ajudá-lo, retirando-lhe a sobrecarga.
Os 24 anciãos serão altamente respeitados e reverenciados. Uns poderão ser gestores de uma grande região, outros poderão dirigir algum bairro ou instituição, ou serem juízes de algum tribunal terreno, ou até algo menor. Cristo saberá delegar posições para cada um conforme o Seu julgamento. Além disso, não faltarão habilidades para o exercício da própria função.
O local da entrega das coroas de ouro aos 24 anciãos será no céu, em uma cerimônia de designação das posições que cada um receberá como corregente com Cristo. No entanto, logo após receberem as suas coroas, os 24 anciãos se prostram diante de Deus e as depositam diante do trono. A razão disso é o fato de que as coroas só serão usadas na Terra, após a 2ª Vinda de Cristo. No céu, funções reais são exercidas exclusivamente pelo Deus trino.
Os 24 anciãos são um grupo considerado como primogênito e herdeiro de Deus, que receberão responsabilidades de mordomos de Cristo. Serão grandes responsabilidades a serem exercidas durante o Reino Milenar de Cristo.
Onde os 24 anciãos viverão
O local de residência dos 24 anciãos, assim como o de todos os crentes ressuscitados, será na Nova Jerusalém, no céu, em habitações que foram preparadas com muito cuidado e carinho por Cristo, pensando em cada um de seus redimidos. O local de trabalho dos 24 anciãos será na Terra, conforme a atribuição e a escala de trabalho que lhes forem designadas por Cristo.
Em corpos ressuscitados e glorificados, todos os crentes ressuscitados terão a mesma mobilidade e poderes que Cristo demonstrou após a Sua ressurreição, quando ia de um lugar para outro, inclusive entre diferentes dimensões e distâncias, sem a necessidade de algum meio de transporte nem de tempo de locomoção. Após ressuscitar, Cristo só percorreu longas distâncias, a pé, quando a Sua intenção era conversar com seres humanos em seus corpos naturais, durante o trajeto. No corpo ressuscitado e glorificado que Cristo tem hoje, e que também teremos um dia, é possível sair de um lugar e ir para o outro instantaneamente, inclusive transitar entre o céu e a qualquer lugar na Terra. Cristo entrou em um ambiente fechado no qual os discípulos estavam sem a necessidade de entrar pela porta. Cristo também fez refeições com os discípulos, quando quis. Corpos imortais e ressuscitados não precisam de alimentos para sobreviver, porém podem comer e beber normalmente, por prazer, sempre que quiserem. Principalmente quando for algum momento de comunhão com outras pessoas. Cristo chegou a dizer que não iria mais beber do fruto da videira até que se encontrasse conosco, no céu, quando beberíamos vinho novo.
A atividade dos crentes ressuscitados não será a de ficar flutuando em uma nuvem sem fazer nada, como é caricaturado em ilustrações humorísticas. Haverá muito trabalho a fazer, além de imenso contentamento e júbilo quando formos adorar e servir a Deus Pai, diante do Seu trono.
Somente os 24 anciãos serão reis e sacerdotes?
Em Apocalipse, outros grupos também são retratados como primogênitos. Somente os considerados primogênitos exercem o papel de reis e sacerdotes. Os 144.000 de Israel também exercerão essas mesmas funções. Os mártires da Besta também são descritos como reinando com Cristo durante o Milênio.
Outros grupos aparecem somente como sacerdotes e não como reis, e um outro grupo aparece somente como adoradores, no céu (não como sacerdotes nem como reis). Nem todos os crentes terão posição de autoridade com Cristo, durante o reino Milenar, na Terra.
Por quanto tempo haverá distinção entre os grupos de crentes?
As diferentes posições de honra e responsabilidade entre os crentes redimidos, classificados entre os grupos dos ’24 anciãos’, ‘144k’, ‘ mártires da Prostituta’, ‘mártires da Besta’ e os que sobreviverem ao reino da Besta, estará limitada aos mil anos do Reino Milenar de Cristo, em que haverá galardões distintos e responsabilidades diferentes.
Após o fim do Milênio, Cristo entregará o reino ao Pai, haverá uma Nova Terra e um Novo Céu, e não haverá mais diferença entre os grupos de crentes.
Filhos x Noiva
Antes do início do Milênio, as escrituras falam de filhos de Deus chegando ao céu, não de uma “noiva” chegando de uma só vez. Os filhos ‘primogênitos’ serão os 24 anciãos e os 144k. Mais tarde, também será concedido o direito de primogenitura aos mártires da Besta. Os outros grupos são os outros filhos. Haverá outros momentos de ressurreição e mais arrebatamentos.
Como ser parte do grupo dos 24 anciãos
Para ser parte do grupo dos 24 anciãos, é preciso correr a carreira/ corrida com fidelidade. A função dos 24 anciãos será um ato de serviço.
Em 2 Timóteo, quando Paulo estava no fim de sua vida, ele disse: “(…) o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” 2 Timóteo 4:6-8
Sejamos fiéis e, como Paulo, tenhamos a certeza do que Cristo tem reservado para nós, e que sempre estejamos próximos d’Ele.
Nota: este artigo teve como principal fonte um estudo bíblico da autora Brenda Weltner.