Baseado em estudo bíblico da autora Brenda Weltner
Introdução
O capítulo 12 de Apocalipse é um capítulo compacto, que dá uma visão geral dos eventos do livro de Apocalipse, que inclui a fuga da ‘mulher’. No início do capítulo a ‘mulher’ representa a nação de Israel. Depois do nascimento do ‘filho varão’, a ‘mulher’ representa o remanescente de Israel:
- Nos versos 1 e 2, o Grande Sinal de Apocalipse 12, que foi um sinal astronômico em que a ‘mulher’ aparece com uma coroa de 12 estrelas, vestida com o Sol, com a lua a seus pés, e grávida de um bebê (um ‘filho varão’, um primogênito). Mais explicações sobre o Grande Sinal ou o ‘Sinal da Mulher’ podem ser encontradas neste artigo.
- No fim do verso 2, a ‘mulher’ (agora representando a nação de Israel, na Terra) entra em trabalho de parto (“sofre tormentos para dar à luz”), o que significa em uma guerra em Israel.
- Nos versos 3 e 4, é descrito o ‘sinal do Dragão’, em que o dragão (Satanás) lança 1/3 de suas estrelas (anjos) à Terra, com a intenção de ‘devorar’ o ‘filho varão’ assim que ele nascesse. Mais explicaçoes sobre o ‘sinal do Dragão neste artigo.
- No verso 5, a ‘mulher’ dá à luz um ‘filho varão’. Esse termo, somado ao fato de, no verso 17, ser dito que a ‘mulher’ tem outros filhos, implica que o ‘filho varão’ é um filho primogênito, um filho com direito a porção dobrada da herança. Simbolicamente, o ‘filho varão’ representa os crentes do tempo presente que não tiveram se desqualificado do ‘direito de primogenitura’. Eles assumirão posições de sacerdotes (no céu) e reis (na Terra, após a 2ª Vinda de Cristo), auxiliando a Cristo em Seu Reino Milenar, governando sobre todas as nações com “cetro de ferro”. O “nascimento” simboliza o momento da transformação dos corpos desses crentes, de mortal para imortal. Todo o capítulo 12 de Apocalipse é profético. O ‘filho varão’ não é uma referência ao nascimento de Jesus, no 1º Século. Jesus não foi arrebatado, Ele ascendeu suavemente ao céu. Maria não foi perseguida pelo dragão no momento do parto.
- Apesar de ser dito que o Dragão tenta devorar o ‘filho varão’, o verso 5 diz que esse filho é arrebatado para Deus e o Seu trono. Este é o 1º arrebatamento, em que o primeiro grupo de crentes fiéis que estiverem vivos chega ao céu em corpos transformados (corpos de ressurreição, imortais), sem passar pela morte. Em outro artigo, já vimos que o arrebatamento acontece no 8º dia após a transformação. No céu, o ‘filho varão’ integra o grupo simbolizado pelos ‘24 anciãos‘.
- No verso 6, é dito que, em algum momento depois, a ‘mulher’ foge para o deserto, onde fica por 1260 dias.
A fuga do remanescente de Israel
Nessa altura do capítulo 12, a ‘mulher’ representa, mais especificamente um numeroso grupo de israelitas descrentes (que não deve ser confundido com os ‘144.000 de Israel‘, que são crentes), que ficarão alarmados com o que a Besta fará ao profanar o templo de Deus, e vão querer fugir, imediatamente, de Jerusalém. Jesus falou sobre esse dia, no capítulo 24 de Mateus:
“Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado; porque nesse tempo haverá grande tribulação,como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais.” Mateus 24:15-21
A ‘fuga da mulher’ é descrita em Apocalipse 12:13-17:
“¹³ Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; ¹⁴ e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. ¹⁵ Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. ¹⁶ A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca.” Apocalipse 12:13-17
Embora a passagem diga que “foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto”, não significa que o remanescente de Israel fugirá em alguma aeronave literal. Uma expressão semelhante é usada no livro de Êxodo, que deixa claro que foi o próprio Deus que conduziu o povo de Israel, no deserto:
“Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim.” Êxodo 19:4
O último êxodo
Assim como no êxodo do Egito (o ‘1º êxodo’), a fuga do remanescente de Israel (o ‘2º êxodo) também terá a intervenção direta de Deus para proteger esse grupo.
Na época do 1º êxodo, o ‘Anjo do Senhor’ guiava a nação inexperiente, manifestando-se na’ coluna de nuvens e de fogo, e Ele era sua proteção contínua em todos os dias de suas peregrinações no deserto. Na fuga do remanescente de Israel (o ‘2º êxodo’), veremos como Jesus aparecerá novamente como ‘o Anjo do Senhor’, Aquele que, mais uma vez, guiará o Seu povo ao deserto e O sustentará, mais uma vez.
No tempo do fim, quando o remanescente de Israel testemunhar a Abominação Desoladora, o evento que Jesus descreveu em seu discurso no Monte das Oliveiras como um cumprimento da profecia de Daniel 9, este será o sinal deles, de que precisam fugir o mais rápido possível. No verso 15, é dito que, quando a ‘mulher’ começar a fugir, o Dragão tentará destruí-la como as águas de um rio, em uma enchente:
“Então, a serpente lançou da boca água como um rio atrás da mulher, a fim de fazer com que ela fosse arrastada pelas águas. A terra, porém, socorreu a mulher: abriu a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha lançado de sua boca.” Apocalipse 12:15,16
O rio desse verso não é um corpo literal de água, mas uma multidão de soldados — um exército que perseguirá a mulher, assim como o exército de Faraó perseguiu os filhos de Israel na época do êxodo do Egito. Assim como o povo de Deus escapou pelo Mar Vermelho em terra seca e o exército egípcio se afogou quando as águas se fecharam, o mesmo destino está reservado ao exército do Dragão e da Besta, sendo que, dessa vez, o exército será engolido pela terra, não pelo mar.
A intervenção direta de Cristo guiando o remanescente, como o ‘Anjo do Senhor’
Zacarias 14 diz que, quando o remanescente de Israel fugir de Jerusalém, um enorme terremoto lhes abrirá o caminho através do Monte das Oliveiras, a leste do templo em Jerusalém. O próprio Senhor Jesus será a causa do terremoto:
“Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul. Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos, com ele.” Zacarias 14:4,5
Cristo estará diretamente envolvido no resgate de Seu povo durante os últimos dias, inclusive servindo como o Guia para o remanescente de Israel, levando o remanescente para seu lugar seguro no deserto — nas ‘asas de águias’.
Muitos estudiosos de escatologia acreditam que os últimos anos antes do retorno de Cristo à Terra consistirão em “sete anos de ‘tribulação’/ira, período durante o qual “Cristo e Sua Noiva estarão no céu, festejando na ceia das bodas”, alheios à destruição que está ocorrendo no mundo abaixo. Além disso, muitos ensinam que, somente após a ‘festa do casamento’ terminar, Cristo fará uma aparição na Terra, com os pés tocando o Monte das Oliveiras, no final de “sete anos de tribulação” (veja aqui por que a tribulação não dura 7 anos). Apocalipse contradiz essa interpretação superficial e insensível do papel de Cristo como Salvador e Libertador. Cristo aparecerá para libertar pessoalmente a nação de Israel, assim como Ele aparecerá ‘envolto em uma nuvem, com um rosto como o sol’ para ressuscitar os mortos e transformar os vivos. Antes da 2ª Vinda, Jesus vem mais de uma vez na Terra, sem, contudo, Se revelar.
Em decorrência de um entendimento incompleto do envolvimento pessoal e íntimo de Cristo com o Seu povo durante os últimos dias, conforme descrito em Apocalipse (e outros lugares das escrituras), muitos acreditam que essa passagem em Zacarias deve se referir à 2ª Vinda de Cristo visível e triunfante. Poucos veem que essa passagem está falando que Jesus descerá no Monte das Oliveiras 3 ½ anos antes da Sua 2ª Vinda para resgatar a ‘mulher’ — o remanescente de Israel, que ficará no deserto por 1260 dias.
O contexto em Zacarias 14 nos diz exatamente o que está acontecendo, e quando acontece: Cristo desce no Monte das Oliveiras, desencadeando um enorme terremoto. O monte se divide ao meio, norte a sul, e o remanescente de Israel foge através do vale que é formado como resultado do terremoto.
Apocalipse conta o resto da história no capítulo 12, verso 16:
“A terra, porém, socorreu a mulher: abriu a sua boca e engoliu o rio que o dragão tinha lançado de sua boca.” Apocalipse 12:16
O exército do Dragão, enquanto tenta perseguir o remanescente, será ‘engolido’ quando a grande rachadura no Monte das Oliveiras se fechar novamente. Essa interpretação está em harmonia com o que já lemos em Apocalipse sobre a ‘terra que socorre a mulher’ e engole o rio, imagens que sugerem que o chão se abriu e que voltou a se fechar. Em Mateus, Jesus enfatizou a necessidade de pressa/urgência por parte do remanescente em fuga, já que haverá muito pouco tempo para a fuga. Não haverá tempo de fazer as malas e pegar pertences. Será necessário fugir rapidamente para o local do escape.
Sabemos que as Duas Testemunhas ressuscitarão no ponto inicial da 2ª metade da 70ª Semana de Daniel, e Apocalipse diz que, quando elas ressuscitarem e ascenderem, haverá um grande terremoto em Jerusalém. Este é o mesmo terremoto sobre o qual já lemos em Zacarias:
“E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram. E naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados, e deram glória ao Deus do céu.” Apocalipse 11:11-13
As profecias contidas em Apocalipse 12, Zacarias 14 e Mateus 24, quando ‘sobrepostas’, fornecem os detalhes da história da fuga da ‘mulher’ — o remanescente de Israel — para o deserto. Cristo será o ‘Anjo do Senhor’ que os conduzirá ao lugar preparado por Deus, levando-os nas asas das ‘águias’.
A ‘mulher ficará no deserto por 1260 dias, ou ‘tempo, tempos e metade de um tempo, o que equivale a 3 ½ anos. Daniel 12 se refere a essa mesma duração — ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’ — como o período em que Israel passaria por uma tremenda perseguição, à qual ele se refere como a ‘destruição do poder do povo santo’:
“Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão.” Daniel 12:7
Os judeus que não agirem rápido o suficiente para escaparem com o remanescente serão terrivelmente perseguidos pela Besta do Mar. Muitos judeus preferirão morrer ao invés de se submeterem ao Anticristo. Zacarias diz que dois terços dos que restam na Terra morrerão e o terço restante invocará o nome de Deus:
“Em toda a terra, diz o Senhor, dois terços dela serão eliminados e perecerão; mas a terceira parte restará nela. Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O Senhor é meu Deus.” Zacarias 13:8,9
Ao fim de 1260 dias, Cristo retornará à Terra e Ele reunirá o Seu remanescente do local onde foram mantidos a salvo da perseguição do Dragão. O profeta Miquéias descreve o remanescente de Israel como um rebanho de ovelhas sendo mantido seguro em um aprisco. Aquele que abre o caminho, que é seu Rei e Pastor, é Jesus. Cristo é “O que Abre o Caminho” — Aquele que racha a montanha ao meio, criando o caminho de fuga para o remanescente:
“Certamente eu ajuntarei todos vocês, casa de Jacó; certamente congregarei o remanescente de Israel. Eu os porei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio de sua pastagem; farão muito barulho, por causa da multidão de pessoas. Diante deles virá o que abre caminho; eles abrirão caminho, entrarão pelo portão e sairão por ele; e o seu Rei irá adiante deles; sim, o Senhor irá à frente deles.” Miquéias 2:12,13
Conclusão
A cronologia completa do fim dos tempos, para os crentes, está sintetizada no 12º capítulo de Apocalipse. Não sabemos quando o segundo sinal ocorrerá (o ‘Sinal do Dragão’). Quando isso ocorrer, saberemos que haverá uma sucessão contínua de eventos, até a 2ª Vinda de Cristo.
Em algum momento após o ‘Grande Sinal’, que não sabemos quando, Israel será devastado em uma guerra. A ressurreição dos mortos e o arrebatamento do ‘filho varão’ ocorrerão ao fim dessa guerra.
Alguns meses depois, próximo à época da Abominação Desoladora, a guerra entre Miguel e Satanás eclode no céu (ver versos 7 a 12), ocorrendo em conjunto com a perseguição de 10 (dez) dias dos crentes na Terra. A guerra no céu termina abruptamente, quando Satanás e seus anjos são expulsos do céu e lançados à Terra. Tudo isso acontece apenas alguns dias antes da Abominação Desoladora.
Depois que o Dragão for expulso do céu, ele começará a perseguir a ‘mulher’ (no mesmo dia da Abominação Desoladora). Quem abrirá uma rachadura no Monte das Oliveiras, para o remanescente de Israel fugir, será o próprio Cristo, incógnito, 3 ½ anos antes da 2ª Vinda.
A fuga do remanescente de Israel é descrita como uma espécie de 2º êxodo. No 1º Êxodo, os israelitas fugiram do Egito por uma passagem milagrosamente aberta por Deus (por meio de Moisés) no Mar Vermelho. Logo após o último israelita chegar ao outro lado, o Mar Vermelho voltou a se fechar, matando todo o exército de Faraó, que os perseguia. Em seguida, o ‘Anjo do Senhor’ (Cristo) protegeu e alimentou os israelitas no deserto.
De maneira análoga, o remanescente de Israel fugirá por uma passagem milagrosamente aberta por Deus, por meio do ‘Anjo do Senhor’, que é Cristo. Cristo, incógnito, tocará os Seus pés no Monte das Oliveiras e o partirá em dois, abrindo um caminho para o remanescente de Israel poder passar/fugir. Essa travessia pelo vale aberto precisará ser rápida, porque logo em seguida o exército do Dragão virá perseguir o grupo. Logo que o último israelita do grupo passar o outro lado, haverá outro terremoto, fechando novamente o Monte das Oliveiras e destruindo todo o exército do Dragão. Assim como no êxodo do Egito, os israelitas integrantes do grupo que fugiu (o ‘remanescente’) será sobrenaturalmente protegido e alimentado por Cristo, como o ‘Anjo do Senhor’, até o dia da 2ª Vinda de Jesus à Terra, quando esse grupo voltará a Jerusalém, para habitar o reino Milenar de Cristo em seus corpos naturais, como súditos do Rei Jesus.
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